domingo, 20 de maio de 2012

O Rebucetê Entrevista: Karol Conká

 Por Ana Paula Marques


Foto: Rafael Flores
Karoline dos Santos Oliveira, mais conhecida como Karol Conká é curitibana e tem 25 anos. A MC fez uma rápida passagem por Vitória da Conquista para participar da Noite Fora do Eixo desta quinta-feira (17), evento produzido pelo Coletivo Suíça Bahiana, um dos pontos de articulação do Circuito Fora do Eixo na Bahia. 


Com um show bastante animado e uma fantástica presença de palco, Karol logo conquistou o público conquistense que também foi conferir a apresentação do grupo Complexo Ragga. Prestes a lançar seu álbum de estréia, chamado “Batuque Freak”, produzido pelo Nave Beatz, beatmaker também responsável pelos beats de nomes como Marcelo D2 e Emicida, ela conversou conosco sobre a ascensão das MC’s mulheres nessa cena, que segundo ela, já foi machista.


O Rebucetê: Como foi sua trajetória até virar cantora de hip hop?


Karol Conka: Na verdade foi meio que natural. Eu tinha uns 16 pra 17 anos e depois de uma experiência num concurso do colégio, comecei a frequentar as festas de rap em Curitiba e acabei conhecendo os produtores, fiz amizade com o pessoal do rap mesmo, e comecei a me apresentar.


OR: Foi difícil essa inserção nesse meio que, podemos dizer, tem um contexto bastante masculino?


KC: Eu acredito que pra mim não foi tão difícil. A mulher do rap tem que ter uma certa postura, não precisa forçar nada, impor respeito e o mais importante é rimar bem. Só o fato de ser mulher e mandar bem na rima, os caras já abrem as portas. Na verdade é uma cultura que foi machista. Então não foi difícil, tá sendo bem gratificante trabalhar no meio dos homens e mostrar  que às vezes eu sei mais que eles (risos).


OR: Em uma entrevista que você concedeu, disse que "via alguns shows de MCs mulheres e achava muito feio, porque elas se comportavam como homens.” Hoje, qual a sua opinião sobre a cena de MCs mulheres?

Foto: Rafael Flores
KC: Eu não tenho nada contra mulher que se comporta de maneira masculinizada. Sou contra a pessoa que força isso para ser aceita. Finge ser uma coisa que não é, coloca um rótulo ali, uma coisa masculinizada pra ser aceita e não é bem assim. Achei uó quando eu vi e falei “eu vou fazer rap eu vou mostrar como é que se faz”. Aí eu subia no palco feminina mesmo e rimando, aí os caras falavam “meu você é menina mas rima feito homem”. Esse “rima feito homem” já é um comentário machista. Quer dizer que só porque eu rimo bem eu tô rimando feito homem? Então com o tempo isso foi mudando, hoje tá surgindo várias meninas super femininas, super lindas. Isso não é uma guerra contra os homens, apenas estamos unindo forças e fazendo rap. Eu não sou nenhum um pouco feminista, sou feminina.

OR: Pra você qual a diferença da musicalidade do rap feminino?

KC: Acho que o rap feminino é mais doce né? Ele tem outros temas, é mais romântico, se bem que pra mim não tem muita diferença, pra mim a diferença tá no timbre e no ritmo. Mas tem o mesmo valor, tanto mc mulher quanto mc homem. O Projota é um mc que fala mais de amor do que eu. Eu tenho uma música que eu nem falo de amor, eu falo de sexo nessa música. Essa coisa do tema não existe mais, mulher só falar de amor. O Emicida fala mais de amor que eu. Minhas músicas eu falo de cotidiano de vida, de emoção, alegria, flertes, comportamento. Esse lance do tema é unissex, no meu ponto de vista não tem diferença.

OR: Uma mulher cantora, de rap ou não, que te inspira?

KC: Erykah Badu.

OR: Fala um pouco do seu álbum e sobre o “rap de fábula”.


KC: Esse novo álbum vai se chamar “Batuque Freak”, ou seja, batuque estranho ou batucada louca. Esse lance de fábula é por causa de uma musica chamada “Mundo Louco” que eu falo de um outro mundo, meio que uma metáfora assim. Não nasci nesse mundo, nasci num mundo onde todo mundo é aceito, do jeito que é e tal e eu vivo mesmo nessa ilusão, coisa de fábula. Eu gosto de brincar que eu tenho outro mundo, é mais por isso. O álbum vai sair esse ano, mais ou menos daqui a dois meses e eu tô trabalhando junto com o Nave (Nave Beatz). Vai ter umas dez faixas e todas as batidas são do Nave.

Foto: Rafael Flores

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