Por Mariana Kaoos
Brasil, país democrático, laico, de regime presidencial. Apesar da sua abstenção no quesito religioso, a maioria dos feriados que comporta durante o ano é de origem cristã, mais precisamente oriundos da igreja católica. Mesmo não frequentando a igreja e nem compactuando das suas ideologias, feriados como esse sempre me trouxeram uma reflexão acerca de mim, do outro e das instituições sociais como um todo que, a meu ver, cada vez mais se descaracteriza dando lugar ao consumo desenfreado.
Análises sociológicas à parte, a minha percepção de páscoa esse ano foi um pouco diferente. Escondida em meio à mata atlântica, nas Terras do Sem Fim, uma mistura de gente, que se intitula família, permaneceu reunida durante o feriado, comendo, dormindo e até vendo novela juntos. Tinha cantor, vendedora de pratas (que me causou um terrível prejuízo), tinha futuros advogados, surfistas e um matriarcado lindo, que acordava às cinco da manhã para preparar o café que seria servido logo mais. Como toda família grande, essa em especial não deixaria de ter seus dramas, levando alguns a medir um pouco a voz em certas ocasiões, a respirar fundo em outras, mas ainda como toda grande família essa também é envolta pelo amor e união, que causa na gente aquela coisa sem nome, mas que dá vontade de sorrir, fazendo com que a gente se sinta em casa. Durante esses quatro dias sem celular, internet e contato com o mundo lá fora finalmente eu compreendi que a minha Semana Santa, o meu renascimento, vem através da minha família, que assim como as raízes de uma planta, me prende e me alimenta aos valores que aprendi e conservo até hoje.