terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Diário de Bordo 3:" Alex, você tá pensando?"

Por Mariana Kaoos


Salvador, perto dos 30° sombra. Escondido entre prédios pós-modernos que o novo milênio trouxe consigo à cidade da Bahia, dando um ar contemporâneo e por vezes glamuroso ao tradicional bairro da  Graça, o Museu Rodin é, talvez, a aorta pulsante do coração da arte que existe no Estado. Acompanhada da promissora artista plástica, produtora de cinema, estudante de arquitetura e detentora dos melhores sorrisos do litoral, Larissa Cunha, entrei pensativa, lembrando de promessas de grandes eventos outrora feitas em relação ao mesmo local que, somente agora, eu pisava pela primeira vez.

O que indaguei durante todo o trajeto de visita foi que eu, baiana há vinte e dois anos, andarilha contumaz pelas trilhas abertas por Caymmi, Jorge Amado e Aninha Franco, consumidora voraz de produtos literários, visuais e sonoros, jornalista em formação e seguidora atenta da produção artística de nomes como Jorge Mautner, Torquato Neto e Zuenir Ventura, nunca tenha me atentado à riqueza que as paredes do casarão branco do Rodin guardam para os visitantes. 
Tudo bem, sempre que saio de Vitória da Conquista  e venho vivenciar as delícias de Soterópolis, procuro ver "a exposição da vez" no Museu de Arte Moderna, como também sempre passo pelo Museu de Arte da Bahia para relembrar parte do passado da sociedade baiana, traduzido em porcelanas de cristal, quadros religiosos e “cadeirinhas” coloniais, aquelas em que os escravos transportavam com zelo as sinhás moças. Porém, nada, nada paga a emoção e a inquietude de se sentir pela primeira vez em um novo espaço, rodeada de arte, transformando a linguagem e a imagem, junto com o som, em apenas “coisa em si”.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Noite Fora do Eixo + O Rebucetê Entrevista: Joe e a Gerência

Joe e a Gerência/ Foto: Rafael Flores
Por Rafael Flores

Deu tempo de voltar das férias  e pegar a segunda Noite Fora do Eixo do ano. A útiima quinta-feira (19) no Viela teve trilha sonora da conquistense Distintivo Blue e da soteropoltana/paulistana Joe e a Gerência. 

O show da Distintivo foi congruente com o momento da banda, enérgico, bem humorado e trazendo bons ventos. Os bluseiros foram selecionados recentemente no edital do Banco do Nordeste e circularão pelo Ceará e Paraíba no decorrer do ano, além de estarem em vésperas de gravação do primeiro CD. (Ouça o novo single da banda).

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Privatas do Caribe: Os piratas da política brasileira

Por Lucas Eduardo Dantas

Uma história hollywoodiana, assim poderia ser caracterizado o livro “A Privataria Tucana”, se tudo que é descrito nele fosse apenas ficção, Mas não é. O autor Amaury Ribeiro Jr. reuniu durante 10 anos, documentos que comprovassem a máfia das privatizações durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Um material fantástico que desperta em quem lê o sentimento de revolta e aponta a impunidade para com os atuantes de toda essa roubalheira.

O livro é construído em cima de uma série de documentos obtidos por Amaury Ribeiro na junta comercial de são Paulo, principalmente. Através deles o autor embasa suas denuncias, e remonta toda trajetória dos privatas no Brasil e no exterior. As informações e denúncias, contidas nesse material não e nada de tão novo, porém, todas as ferramentas, mecanismos, locais e personagens são revelados. O personagem principal é um dos políticos mais conhecidos do país e da alta cúpula de seu partido: José Serra. Envolvido diretamente com todos os personagens de toda privataria, Serra é apontado como principal mentor e articulador das privatizações, junto com o tesoureiro da gestão de FHC, Ricardo Sérgio Oliveira. A seguir, uma breve amostra de como funcionava todas as falcatruas, e o desenrolar de todo um escândalo, que se entende até as eleições presidenciais de 2010, quando o autor vira personagem, envolvendo-se com escândalos eleitorais, que seriam abafados pelo PIG (Partido da Imprensa Golpista) para proteger o candidato queridinho da mídia.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Que os ventos sejam constantes

Por Thaís Pimenta


Lá de onde eu venho, Macaúbas, nunca houve rumores de protestos ou manifestações. Exceto por uma única vez, que me lembro bem: Tinha meus oito ou nove anos e o prefeito que exercia o mandato nesse período mandou cortar o sinal do SBT, até hoje não se sabe o porquê.  No dia seguinte, não deu outra: as noveleiras de plantão, indignadas, protestavam na porta da prefeitura – elas queriam sua dose de melodrama mexicano, oras!
Foto: Thaís Pimenta
 Na manhã do último sábado (7), ventos universitários vindos de Salvador surpreenderam a população macaubense. Digo surpreender porque nunca presenciaram ato igual. As faixas pediam “Salvem o Ceusma”, enquanto os apitos e sirenes acordavam a cidade.

Ainda era cedo quando residentes e ex-residentes do Centro Universitário e Secundarista de Macaúbas (Ceusma) começaram a concentração. Na Av. Flores da Cunha, principal avenida da cidade, às sete da manhã, os jovens já assinavam a lista para comprovar sua presença no ato. “Não deixe essa história Acabar”, era a frase que ilustrava suas camisas.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Diário de bordo alagoano: Eu também sou Dragqueen

Por Mariana Kaoos

Noite em Maceió, 28 graus de calor, cerveja e verão no bairro do Jaraguá, centro da cidade dotado de construções antigas, bares de esquina e, surpreendentemente nessa noite, um tapete vermelho. Absorvida na curiosidade alheia seria muita pretensão acreditar que o tapete seria em homenagem a minha despedida da capital alagoana. Como se já não bastasse a recepção no aeroporto com a faixa “bem vinda minha rainha!”, ir embora sendo coroada seria demais até para mim.

Pela primeira vez nas Alagoas, eu, baiana rebuceteira, atordoada na esquina ao som de Gloria Gaynor, esperando o ônibus passar para ver de perto o que estava acontecendo, me encantei ao perceber meio que como em filmes hollywoodianos, descendo do taxi de salto agulha, lingerie rosa de bolinhas brancas e batom vermelho, daqueles “diamantes”, a mais linda das lindas da noite. Louca, gritando, vem em minha direção e me pede para segurar seu celular de capinha de pelica, se dizendo atrasada. Conhecida por todos através do seu nome de guerra, Penélope Pink, ela comenta que foi ao bairro para prestigiar a inauguração do primeiro “Dragchó” da cidade, ou seja, um brechó com roupas e fantasias voltadas para as dragqueens. “Eu acho ótimo que Maceió conte a partir de agora com um brechó voltado exclusivamente para o nosso universo porque são roupas que serão usadas no carnaval, na parada gay e nas nossas apresentações em boites e festas. Hoje, direcionando o meu trabalho apenas para as boites, faço cover de grandes divas como Britney Spears, Rihanna, Katty Perry, dentre outras. Comprando novos modelitos a um preço menor só tenho a brilhar cada vez mais em minhas apresentações”.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Pernambuco, Fora do Eixo e Abrafins: as dinâmicas de redes e outras estruturas

Por Maria Eduarda Carvalho, Rafael Flores e Ana Paula Marques

De um lado os rancorosos e de outro os exploradores, entre troca de ofensas o palco da luta é a chamada nova música brasileira. Toda evolução passa por conflitos e dentro de um cenário em ascensão como este, é natural que cada ‘tribo’ defenda o seu ponto de vista e às vezes, mais do que isso, se coloquem como o bom exemplo a ser seguido. Mas, para entender melhor o que está acontecendo nesse conflito entre os produtores culturais de Pernambuco e o circuito Fora do Eixo, é preciso voltar ao ponto de origem, a ABRAFIN e mesmo antes disso, a chamada construção de redes e como estas movimentam hoje o mercado da música.