domingo, 30 de setembro de 2012

#1 Cidade Que Queremos - Gestão Municipal de Cultura


Da Redação

Foto: Thais Pimenta
Na tarde de quarta feira, 27 de setembro, nós, da Plataforma Independente de Comunicação Integrada O Rebucetê, organizamos, em parceria com o Coletivo Suiça Bahiana, nosso primeiro ciclo de debates em torno das políticas públicas para a cultura, nomeado “Cidade Que Queremos” e baseada na lógica fora do eixo da PósTv. Representando a atual gestão do governo municipal, recebemos o vice-prefeito, Ricardo Marques e o secretário de Cultura, Turismo e Esporte, Gildelson Felício. O programa foi realizado no auditório Jorge Melquisedeque na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e transmitido ao vivo pela internet.

O que é #PósTv?

A Pós Tv, que tem como objetivo debater e democratizar o acesso à informação através da internet é um programa criado em 2011 através de ações do circuito Fora do Eixo. A primeira experiência aconteceu durante a Marcha da Maconha/Liberdade realizada em maio do ano passado. na cidade de São Paulo. Com o intuito de passar a informação de uma forma descentralizada e afastada das tradicionais grades de programação da televisão brasileira, a experiência da Pósv é colaborativa, baseada na interatividade e na liberdade de formatos.

Como conhecemos

Pós Tv durante o Congresso FDE/ Foto: Rafael Flores

O primeiro contato d’O Rebucetê com a experiência, aconteceu durante o IV Congresso Fora do Eixo, em dezembro de 2011, na Casa Fora do Eixo São Paulo e no Paço das Artes da USP. Tivemos a oportunidade de entender os processos e observar dezenas de edições durante a semana do evento. Encantados com as possibilidades de Comunicação que o não-formato da Pós-Tv nos traz, voltamos para Vitória da Conquista com a semente plantada na cabeça e em maio de 2012, durante a primeira edição do Festival da Juventude fizemos nossa primeira transmissão. Com um “help” do jornalista carioca Alex Antunes, colocamos em pauta a história recente da música brasileira e ascenção da música de periferia, particularmente o Rap. Os convidados foram o produtor Daniel Ganjaman, o rapper Criolo e o fora do eixo Felipe Altefender.

#CidadeQueQueremos

Eleições nas nossas portas e os debates continuam quadrados e sem interação alguma com os espectadores. Na contramão vem mais uma vez o circuito Fora do Eixo com a ideia de “hackear” as discussões políticas, colocando assim o ponto de vista da sociedade em evidência. A série de debates “Cidade Que Queremos” chega com esse objetivo e se itensifica nesta reta final das campanhas, atingindo e sendo apropriada por todas regiões do país. O Rebucetê e o Coletivo Suíça Bahiana, entendendo a importância, se apropriaram. Sentindo falta do tema Cultura nas discussões políticas da cidade, os coletivos começaram na última quinta-feira a realizar a sequência de Pós Tv’s que tem como tema a “Gestão Municipal de Cultura”.

Para a integrante do Coletivo Suiça Bahiana, Ana Luiza,  “Há uma necessidade de “hackear” os debates políticos, que sempre aparecem de forma fechada, quadrada e o público não tem uma participação forte. Como trabalhamos nessa questão de mídias livres, percebemos a força das redes sociais e chegamos a conclusão que nada melhor que oferecer através dessas mídias uma participação ativa dentro desses processos políticos. Pessoas que não estão na cidade ou que não são daqui, mas tem interesse no debate, podem acompanhar e até mandar perguntas ao vivo”.

Ricardo Marques e Gildelson Felício/ Foto: Thais Pimenta
A primeira Pós TV foi marcada com o prefeito e candidato Guilherme Menezes (PT) e extensivo a membros de sua gestão. Infelizmente o candidato não compareceu por choque na sua agenda. A discussão se deu portanto com o vice-prefeito Ricardo Marques e o secretário de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer, Gildelson Felício. A mediação foi feita pelo professor do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Rogério Luiz e o membro do coletivo O Rebucetê, Rafael Flores.

Rogério Luiz iniciou a transmissão apresentando os coletivos realizadores e contando um pouco da história recente da mobilização cultura de Conquista. Logo após, o microfone foi passado a Ricardo Marques e Gildelson Felício para que pudessem mostrarem os  posicionamentos políticos culturais da atual gestão e os projetos futuros, caso Guliherme Menezes se reeleja. Para eles, projetos pensados e construídos com a sociedade civil se tornaram marcos culturais no município, a exemplo do Natal da Cidade, que surgiu através de uma necessidade de revitalização de características locais, especialmente dos ternos reis,  mesclando com outras manifestações culturais nacionais. Gildelson Felício ainda expôs que “o nosso modelo de governo permite uma participação ativa da sociedade civil e é justamente dessa forma que solidificamos nossas ações. No âmbito cultural é da mesma forma. Pensar numa cultura conquistense através de metas construídas pela Prefeitura junto com a população só faz com que esses projetos cresçam, assim como a nossa tradição”.

O debate  seguiu com a interação dos presentes no ambiente e dos internautas que mandaram suas perguntas via Twitter , Facebook e pela página da PósTv. Daisy Andrade, do grupo de teatro Finos Trapos foi responsável por uma das interações virtuais e criticou a política adotada para a realização do edital para o projeto Cenas Curtas, um dos poucos a abranger o teatro. “Ele (o edital) não contemplou os artistas, isso é visível e não gostei do resultados. Vi artistas, mais de 12 artistas em cena, labutando para ter um cachê pequeno e desgastado”. O rebuceteiro Rafael Flores ainda questionou a inatividade dos conselhos municipais de Juventude e Cultura. A gestão respondeu apontando uma falta de mobilização da sociedade civil local, que foi convidada a compor os conselhos e não se manifestou a respeito.

A candidata a vereadora, Jeane Marrie, que atua há 27 anos dentro do cenário cultural da cidade, abordou um pouco do destaque que Conquista sempre teve em relação a cultura, mas também da necessidade de se pensar em leis de financiamento. Outro candidato ao legislativo municipal a se manifestar foi André Ará, o qual perguntou se havia algum plano para se criar uma secretaria de Esporte desvinculada da de Cultura. O candidato recebeu resposta negativa dos representantes da prefeitura.

Finalizando a tarde, Ricardo Marques fez suas considerações finais abordando sobre algumas características da gestão Guilherme Menezes, e pontuando a importância que esta dá a um bom planejamento. Conclui dizendo que “é preciso usar o conceito amplo de cultura. Para mim ela é uma das dimensões mais importantes do ser humano porque ela que é a identidade de um grupo, uma sociedade. A principal função da cultura é garantir e preservar essa identidade e investir no desenvolvimento humano”.

O Rebucetê está orgulhoso de participar da construção de um momento tão importante para a Comunicação Social da cidade. Ainda teremos a oportunidade de conhecer os posicionamentos políticos culturais dos candidatos Herzem Gusmão (PMDB) e Elquisson Soares (PPS). Os candidatos Mão Branca (PV) e Abel Rebouças (PDT) não responderam ao nosso convite até o momento. A próxima Pós Tv acontece na manhã desta segunda-feira, às 09h, no auditório Jorge Melquisedeque na UESB. Esperamos pela participação de vocês!

sábado, 29 de setembro de 2012

No rádio toca o velho rock 'n' roll

Por Maria Eduarda Carvalho

A última Noite Fora do Eixo do mês de Setembro foi inesperadamente fria, mas nada que impedisse os fãs de se locomoverem até o mais que conhecido Viela Sebo Café para curtir a dose da vez. Na programação, Tangerina Jones (BA) e Wander Wildner (RS), uma dose dupla de rock 'n' roll mesclando o som de uma banda que está começando agora, com um cantor e seus mais de 20 anos de estrada.


Os meninos da Tangerina Jones, de Feira de Santana, deram partida na noite. Com um repertório claramente influenciado pelos primeiros ícones do rock inconsequente (Rolling Stones e contando...), os garotos fizeram um som enérgico de riffs simples e muita gritaria. A performance desajeitada do cantor tinha lá sua graça, mas a comunicação com o público foi precária e o show algumas vezes se perdeu em sua própria narrativa. Saldo final, nada mal para uma banda que estava definitivamente experimentando e testando suas possibilidades dentro do selvagem universo do rock.

Enquanto os meninos da Tangerine tocavam, lá fora, de longe, eu via alguém. Lembro que meu primeiro pensamento foi questionar será o Johnny Rotten? Bobagens à parte, é claro que não era o Johnny, o simpático Wander Wildner chegou sozinho e fomos as entrevistas. Logo na primeira pergunta feita por Mateus (entrevistador oficial das Noites Fora do Eixo para o Coletivo Suiça Bahiana), Wander descarregou todo o panorama atual da vida de um dos ícones do punk nacional, mártir do punk brega. Ele está por aí, buscando novos rumos, já fez uma nova letra, não quer compor melodia com violão. Não quer mais tocar no palco e vai passar um pouco mais longe do rock romântico. Acabou de lançar um DVD reunindo vídeos desses dois últimos anos de carreira e andanças pelo mundo, o trabalho ainda não tem divulgação em massa, ele pensa em disponibilizar no youtube. Não se sabe.



O papo rendeu, o cantor mais que à vontade, em quase vinte minutos de conversa, contou uma história. Uma história que passa pela própria narrativa do rock nacional. Com o Rebucetê não foi diferente, um pouco de tempo a menos foi o suficiente para discorrer sobre a atual cena de Porto Alegre ou a inexistência de renovação em seu quadro musical, "A gente não fala mais de rock gaúcho já faz 10, 15 anos. Não existe rock gaúcho, em Porto Alegre não existe uma cena, não existe uma cena no estado, nem na cidade. Não existe um lugar onde as pessoas se encontram para falar sobre música. Até o Júpiter morreu, ele não é mais nada faz muito tempo, porque ele ficou muito bêbado e os shows ficaram muito ruins".

Sua visão sobre a cena independente me surpreendeu, não que fosse algo para o qual eu não tivesse me alertado antes, mas ouvir a história contada por alguém que participa efetivamente dela torna tudo mais interessante. Wander ainda cutucou São Paulo e fez aquela velha pergunta que todo mundo já se fez um dia: Quem é a cena de São Paulo? Os artistas que tocam na capital do Sudeste são em sua maioria pernambucanos, um pouco baianos e outros tanto do sul. "Cite três bandas influentes [ativas] no rock'n roll que são de São Paulo". Essa pergunta, meu amigo punk, não tem resposta.

Dessa maré de desgostos, ao que parece, o nordeste está a salvo. Depois de tecer elogios a Pernambuco, o cantor também citou Vitória da Conquista. E, para confirmar o que muita gente já suspeitava, para Wander o que acontece aqui nessa cidadezinha do interior da Bahia pode estar morrendo no resto do Brasil. Temos "um lugar, bandas e público", é, parece que vivemos aparentemente num lugar do caralho.

E esse lugar do caralho deu a Wander uma banda do caralho. A formação conquistense Fernando Bernadino na guitarra, Dieguinho no baixo e Goma na Bateria acompanhou o artista e contribuiu com uma boa dose para a agitação dos presentes. O setlist teve gosto de nostalgia, com tudo aquilo que outrora ele disse de hoje em diante não sabe mais fazer. Wander tocou guitarra, inundou os corações com seu punk apaixonado e relembrou grandes sucessos do passado. Uma noite inesquecível.

E ao final de tudo, ali, sentado no balcão ainda teve a sorte de ser agraciado com uma cerveja artesanal, dessas que só se sabe o quão são difíceis de se achar por aí. É, pode-se dizer que o show foi bom.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

#PosTV #CidadeQueQueremos #VCA

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Cidade Que Queremos #VCA

Vamos debater Gestão Municipal de Cultura? Não percam! Cidade Que Queremos #VCA, uma realização do Coletivo Suíça Bahiana, ponto de articulação do Circuito Fora do Eixo em Vitória da Conquista, Partido da Cultura e Coletivo O Rebucetê! Os debates irão acontecer nos dias 27 e 28 de setembro e 1, 2 e 3 de outubro no Núcleo Jorge Melquisedeque na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e serão transmitidos em tempo real no site oficial da #PosTV

Confiram as datas confirmadas:

27/09 Guilherme Menezes (PT) às 16 h
01/10 Herzem Gusmão (PMDB) às 09 h
03/10 Elquisson Soares (PPS) às 17 h

Saiba mais sobre a #PósTV: http://www.postv.org/
Quer participar? Entre em contato com a produção: orebucete@gmail.com


terça-feira, 25 de setembro de 2012

Coletivo Suíça Bahiana, PCult e O Rebucetê realizam #PósTV Cidade Que Queremos #VCA

Da Redação

Que debate entre os candidatos a prefeito vai falar do poder transformador do teatro ou do hip hop? Onde você vai ouvir especialistas, artistas e jornalistas debatendo bibliotecas como política de segurança pública ou música como ação geradora de emprego, renda e felicidade? Quem vai falar ao vivo na TV que os carros são uma prisão e simbolizam o que temos de pior? A cobertura colaborativa e nacional das eleições municipais da #PosTV está fazendo isso e muito mais.

E que história é essa de #PosTV?

O projeto começou em junho de 2011, após o sucesso das transmissões ao vivo das marchas da Maconha e da Liberdade, em São Paulo. Depois dessas manifestações foram lançados alguns programas, como o Supremo Tribunal Liberal (Claudio Prado). A #PosTV reinventa e potencializa a conhecida tecnologia do streaming (transmissão de vídeo pela internet), baseando-se em dois pontos centrais: liberdade de expressão absoluta e a força da nossa rede, sempre com a marca #PosTV.

Os formatos são livres também e como está na internet e sempre ao vivo, a interatividade é outro ponto responsável pelo sucesso da iniciativa. Quem está assistindo manda comentários e perguntas e, não raro, até entra por skype e participa do papo. O projeto vem ganhando respeitabilidade e já deu vários furos: foi o veículo escolhido pelo ex-ministro Franklin Martins para sua primeira entrevista após deixar o governo.

Cidade Que Queremos

O Coletivo Suíça Bahiana, o Partido da Cultura, o Coletivo O Rebucetê e a Sociedade Civil convidam os candidatos de Vitória da Conquista a participar do ciclo de debates "Cidade que Queremos", no qual serão apresentadas, discutidas e elaboradas propostas para a cidade.

O tema central das discussões será “Gestão Municipal de Cultura” e acontecerá nos dias 27 e 28 de setembro e 01, 02 e 03 de outubro, com os candidatos a prefeitura de Vitória da Conquista. A mesa principal será composta por um mediador, um candidato e dois debatedores convidados (selecionados via sorteio). O debate acontecerá no Núcleo Audiovisual Jorge Melquisedeque, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e será transmitido em tempo real através do site da #PosTV. Já está confirmado o dia 27, com o atual prefeito e candidato a reeleição pelo PT Guilherme Menezes às 16h , com o candidato pelo PMDB, Herzem Gusmão no dia 1º de outubro, às 09h com o candidato Elquisson Soares, do PPS, no dia 03 de outubro às 17 h.

Fiquem ligados, em breve mais informações!
Saiba mais sobre a #PósTV: http://www.postv.org/
Quer participar? Entre em contato com a produção: orebucete@gmail.com

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Prepare-se para o BOOM!!

Da Redação 

Imagem: Divulgação
Música e artes plásticas se misturam no "BOOM!!!", evento que reunirá apresentações das bandas Ladrões de Vinil, Mucambo e B Negão & Seletores de Frequência, com intervenções de artistas plásticos locais, além de projeções de vídeo-arte feitas pelo cineasta parceiro George Neri. O evento acontecerá no dia 06 de outubro de 2012, às 15h na concha acústica do Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima. O BOOM!!! é uma realização da produtora Calambião, e pensado a partir da necessidade de promover e divulgar a musica junto com as artes visuais, sendo a última pouco difundida na cidade. Para isso, o show terá a direção de arte do artista plástico Arisson Sena, que acrescentará ao espaço algumas das suas obras. De acordo com Joice Caires, produtora da Calambião, o cenário cultural da cidade sempre teve muito peso e é preciso que isso continue sendo alimentado. “O 'BOOM!!!' é um evento cultural diferenciado, tentamos colocar em um só local várias coisas que pudessem chamar a atenção das pessoas, começando pela estrutura, que contará com intervenções artísticas e peças de decoração feitas de material reciclado", explica Joice. 

Acontecerão também atividades extras como a prática do slackline, participação de alguns skatistas e grafiteiros e projeções ao vivo. A Calambião Produtora surgiu há um ano. Desde então, ela sobrevive via editais de cultura, realizando pequenos projetos como o Pro Olho da Rua (projeto aprovado pela Fundação Cultural do Estado da Bahia que realizou 10 intervenções na cidade em forma de pintura e uma exposição fotográfica) e o projeto Ritualize (show instrumental do percursionista Date Sena realizado no Viela Sebo -Café). Em 2012, a grande aposta foi o evento "Boom!!!", que como afirma Joice, vem com uma proposta diferente de entretenimento para a cidade. “Mais do que um show, nós queremos oferecer ao público um espaço cultural, onde ele também possa desfrutar de outras formas de lazer”. 

B Negão é um dos nomes mais falados no mundo da música neste ano de 2012, faturou o prêmio de melhor álbum do ano, junto com os Seletores de Frequência na útlima edição do VMB e acabou de lançar uma mini-turnê com sua antiga banda, a questionadora Planet Hemp. De acordo com a produtora do evento, a escolha de B Negão foi estratégica. “Pensamos em fazer um show dançante para dar um apoio aos eventos de rock que voltaram a acontecer na cidade, principalmente com o Suíça Bahiana que realmente voltou a movimentar a cidade. Então acredito no ditado de que “a união faz a força”. B Negão foi estratégico para dar uma cara diferente ao evento, sendo que todas as bandas tem um pouco de rock, mas são completamente diferentes, diversificando o 'Boom!!!' e garantindo momentos bons”, comenta. 

Fiquem ligados, pois O Rebucetê está sorteando um par de ingressos para os rebuceteiros de plantão! Para concorrer é simples: basta curtir a nossa página, compartilhar o flyer da promoção, clicar na aba de promoções (no canto esquerdo superior da página) e em "Quero Participar". O sorteio será realizado no dia 30 de setembro. Os ingresso para o "Booom!!!" Estão sendo vendidos na loja Lanyllas, na livraria Nobel, na loja Odara e no Viela Sebo-Café. Os ingressos também estão na promoção, a compra de um sai a R$25,00, dois a R$45,00 e três a R$60,00. Corra e garanta já o seu!

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

#36 Rebucetv - O Rebucetê Entrevista: Felipe Cordeiro

O paraense Felipe Cordeiro esteve em Vitória da Conquista na Noite Fora do Eixo do dia 13 de setembro, dividindo o palco com a banda costariquenha The Color Noise. Felipe fez, sem dúvidas, o show mais empolgante do ano do projeto do Coletivo Suíça Bahiana, ponto de articulação do Circuito Fora do Eixo na cidade. Com o show do disco Kitsch Pop Cult, segundo registro em estúdio do cantor e compositor, o paraense apresentou referências aos veteranos ritmos de Belém, como o brega, lambada e carimbó, até a modernização eletrônica e "descartável" do eletromelody e das super aparelhagens, fazendo todo o público presente no Viela Sebo-Café, se jogar. O Rebucetê que não é bobo, roubou alguns minutinhos de conversa com o artista, que se tornou um grande destaque no cenário da música contemporânea brasileira. Confiram!






Noisera!

O Rebucetê Entrevista: ColorNoise.

Por Lucas Oliveira Dantas

Foto: Lucas Oliveira Dantas/Instagram
Assim como, talvez, a totalidade do público presente no Viela na última Noite Fora do Eixo (quinta, 13), a banda costarriquenha ColorNoise era total novidade para mim. A princípio fui hesitante, a ideia de duas garotas tocando guitarra e bateria me soava indie demais para meu saco. Contudo, o duo formado por Sonya Carmona (guitarra e vocais) e Alison Alvarado (bateria) me ganhou instantaneamente porque o noise delas era barulheira no melhor sentido da palavra!

Numa fusão de Noise Rock, Stoner Rock e Post-Punk, o que impressiona no duo é a competência e carisma na execução de um som vibrante que, ao longo da turnê pelo Brasil (que além de Conquista passou por Jequié, Minas Gerais e Rio Grande do Sul) foi conquistando públicos cada vez mais interessados, a ponto de já conseguirem nova vinda ao país para o meio de 2013.

Na nossa rápida conversa, as meninas - simpáticas e falantes - elogiaram o cabelo do repórter, falaram de suas influências, a experiência de estar no Brasil e o apreço inusitado pelo Axé.


O Rebucetê - Como é a cena underground na Costa Rica, é difícil trabalhar e tocar? Ou ela tem evoluído e tem se tornado melhor se comunicar lá?

Sonya - Na verdade, é bem similar à que encontramos aqui no Brasil, no sentido de que o público alternativo cresce pouco a pouco, assim como os lugares alternativos em que podemos expor nosso trabalho. É bem parecido e crescente. Temos lugares diferentes para tocar... o negócio é que a Costa Rica é bem pequena, então temos de 5 a 6 lugares, todos pertos da capital, por exemplo. Então sim, temos bons lugares e é basicamente o mesmo povo [risos].

OR - Como tem sido vir e tocar no Brasil pela primeira vez? Bandas estrangeiras em  Vitória da Conquista, aqui na Bahia, são um tanto raras, então como vocês têm sentido o público?

Alison - Tem sido ótimo, quero dizer, temos adorado! Como ela disse, é parecido com a Costa Rica de um jeito que as pessoas aqui querer ouvir música... sei que aqui há muitos artistas que são muito bons e reconhecidos mundo afora, mas encontramos um público que gosta quando artistas estrangeiros vêm tocar aqui. E sentimos o tempo inteiro que os brasileiros são realmente curiosos... não sabem que somos, mas se demonstram muito curiosos para nos conhecer e ansiosos por gostarem de nosso som e nos apoiarem. Brasileiros são muito abertos e abraçam a coisa.

Foto: Lucas Oliveira Dantas/Instagram 
OR - Então a recepção tem sido ótima...

Alison - Sim, demais!

Sonya - E há um tanto de gente nos adicionando no Facebook, há muita interação, as pessoas têm repondido bem à nossa banda. E para nós isso é ótimo, porque foi exatamente a razão de termos vindo para o Brasil: encontrar um novo público e ele tem reagido a isso. É muito bom para nós! Fomos até convidadas para festivais no próximo ano, então sentimos que temos feito um bom trabalho...

Alison - Nós tivemos 5 ou 4 shows aqui e as pessoas já estão nos convidando para voltarem ano que vem, significa que gostam de nossa música. Isso é foda!

OR - O que vocês conhecem de música brasileira? Sei que vocês conhecem Axé da Bahia, mas quais suas outras influências e sons do Brasil?

Alison - Pessoalmente, minha artista favorita, não só brasileira porque a escuto desde os meus 14 anos é: Marisa Monte! Para mim ela é a melhor, a amo! Houve um tempo na escola e na faculdade em que a gente escutava muito Axé e Pagode, Gilberto Gil, Jorge Aragão... um bando de gente! Música como forró, axé, samba! Mas pessoalmente, sempre tenho Marisa Monte como parte das minhas influências - ela é a melhor Brasil!

Sonya - Oh esquecemos de mencionar também: Macaco Bong, amamos!

Alison - Eles são amravilhosos! Em Ipatinga tocamos antes deles [num show] e há um ano, antes até de sabermos que viríamos para cá, um amigo nos mandou um link sugerindo-os e adoramos. Nunca imaginamos que tocaríamos no mesmo show que eles! E os conhemos e são ótimas pessoas!

Sonya - Músicos maravilhosos!

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Fruta Andrômeda

*Isto é um publieditorial*

Foto: Purki
Sabe aqueles dias que você, o céu, o clima acordam num escala insossa de cinza?… E então, ao passo que se anda, pelo tempo que só passa, a brecha celeste se abre e dá vazão a uma enxurrada suculenta de cores e temperos? O Verão 2013 da Andrômeda Acessórios vem desse fluxo de luz e sabores que precede a estação.

Ativa desde 2009, a marca assinada pela designer conquistense Ellen Trindade tem como referência principal a mulher que deseja não apenas estar e ser bonita, como também ser vanguardista. Seus acessórios em couro transcendem, muitas vezes tornando-se protagonistas no visual, pois segundo Ellen, a Andrômeda se atenta aos detalhes que dão forma à vida. A mistura de couro a materiais alternativos visam a criação de peças com formas e texturas inusitadas, para cabeça, membros e estilo de vida.

domingo, 16 de setembro de 2012

Crônica do Ovo

Por Mariana Kaoos

Imagem: Google
É uma clara manhã de domingo. Ainda com a maquiagem borrada da noite anterior, fui ate a cozinha, peguei pão, manteiga, queijo, carne. Olhei para o presunto, ainda cheguei a tira-lo da geladeira, mas desisti e coloquei-o na gaveta novamente. Presunto só serve se for novinho, do dia, sem aquelas partes brancas, que é o pior do pior. Passei a manteiga no pão, esquentei o pão, tirei o pão, coloquei mais manteiga na panela. Nesse momento subiu fumaça, a manteiga derreteu logo. A manteiga tem um cheiro gostoso. Peguei dois pedaços de carne, coloquei em cima dela, subiu mais fumaça. Quando isso aconteceu, imediatamente eu pensei: “o que você acha de colocar um ovo no meio?”. Sempre falo comigo na terceira pessoa e há muito tempo não como ovo. Ovo fede. Ovo quase não tem gosto. O que tem gosto é o sal. Sempre tive essa lembrança de que numa escola em Ilhéus, chamada Afonso de Carvalho, a professora de ciências pedia para os meninos cozinharem o ovo e levar para a aula. O ovo era a terra. Eles tinham que descasca-lo para conhecer suas camadas. Sempre tive muito nojo disso. O fedor pairando sobre toda a sala de aula. Os alunos com os dedos sujos de casca de ovo. Ovo não é terra e eu nunca estudei no Afonso de carvalho, tampouco sei de onde tirei essa história, mas, de fato, me atormento com essa lembrança nunca vivida por mim. Por muito tempo eu comi ovo. Existem várias formas de fazer ovo, mas no fim todas geram o mesmo sabor. Ovo no micro-ondas, ovo frito, cozido, mexido, com queijo e presunto, com a gema mole, com a gema dura. Em todas essas situações é preciso quebrar o ovo direito para que pedaços de sua casca não caiam e passem despercebidos. Outro dos meus motivos de parar de comer ovo foi justamente esses pedaços que eu n identificava no conjunto final e me davam gastura quando eu mordia. Eles são péssimos. Se misturado com a clara do ovo mal frita então...é gosmento, nojento. Onde já se viu comer coisa gosmenta e ainda por cima incolor? Sim, a gema do ovo é linda. Seu amarelo lhe garante uma personalidade própria, parece que tem vida. Já a clara não. É apagada, sem cor, murcha para as coisas. Se o ovo fosse gente, diria que a clara seria uma daquelas pessoas mais ou menos, que acorda todas as manhãs com cara de bunda e permanece assim a vida toda.  Trazendo para a real posição dele, diria que no reino comestível o ovo é quase uma “maria vai com as outras”. Muita gente come só ele, claro. Mas na maioria das vezes ele serve como acompanhante. É ovo com cuscuz, ovo com pão, ovo com salada, ovo no sanduiche, na pizza “portuguesa”. Ovo com farinha. Esse, sem sobra de dúvidas, era meu jeito preferido de comer ovo. E de preferencia, com suco de maracujá do lado. Era. Durante esses dois últimos anos o ovo se tornou cada vez mais agoniante para mim. Para completar, uma vez me falaram que comer ovo quando se está menstruada é algo péssimo a se fazer, pois ele altera o cheiro da menstruação. Se está nesse período já é péssimo, com cheiro de ovo é ainda pior. Não dá. Vez em quando eu como ovo de codorna, e esse em especial é algo de que gosto muito, mas quando me vem todas essas histórias em mente, eu logo o repudio. Só que hoje, justamente hoje, pensei diferente e resolvi me arriscar. Poderia ser gostoso. Quem sabe o ovo daria um sabor ao meu dia que já se iniciou cheio de cobranças, de cansaço, de chatice, de saudades. Por um lapso de segundo, entre a fritura da manteiga e a consistência da carne, optei por revisitar o meu passado, enfrentar os perigos e quem sabe me surpreender. Coloquei a colher na pia, dei dois passos, abri a geladeira com precisão e olhei para o guardador de ovos. Estava vazio. Ainda fiquei por algum tempo olhando para ele, ali, sem nenhum ovo. Essa foi então a minha maior surpresa. Não sabia como e nem porquê, mas, em minha memória, em meu corpo e meu ser, tive consciência de que eu já não sabia dizer há quanto tempo não se tem ovo nesta casa.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Henshin Call

Da vingança dos Nerds à transformação da cultura Otaku: o Henshin 2012 em Vitória da Conquista foi um sucesso.

Por Lucas Oliveira Dantas

Foto: Purki

Naruto, Dragon Ball.

Pokémon!

Cavaleiros do Zodíaco!

Death Note, One Piece, Mortal Kombat.

Foto: Purki
Quando a garota vestida de Mário Zumbi fez a simulação do Super Mario Bros., um dos jogos de vídeo game mais amados da história, a plateia que lotava o teatro do Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima veio abaixo. Tosco? Muito! Mas, acima de tudo, extremamente divertido e excitante!

A grande maioria dos personagens, mangás, animes e games citados naquele desfile de cosplays e “cospobres”, encerrando o 4º Henshin de Vitória da Conquista, me era completamente estranha. Mas, a empolgação da galera a cada chamada era suficiente para adorar aquilo, mais do que minha obrigação jornalística de acompanhar o evento até o fim.

Nunca fui muito afeito à cultura japonesa e só fui descobrir o significado da palavra otaku este ano; minha infância e adolescência foram muito mais “Caça Talentos” e “Malhação”. Mas e daí? Um dos principais preconceitos contra quem curte a cultura de games, mangás/animes e quadrinhos é de que são pessoas que não tiveram infância, ou estão nelas para sempre. Pode ser que sim, mas, de uma certa forma, todos nós temos uns recalques da infância, cristalizados, que levamos até o fim da vida.

E foi isso: a julgar pela empolgação e alegria dos otakus, recalques pareciam distantes desse povo. Talvez porque agora a cultura oriental, em especial a japonesa, esteja não só em voga como em puro auge no mainstream. Ou talvez porque eventos otakus oferecem a zona de conforto de ter seus pares como maioria.

A verdade é que nos dois dias de Henshin, o repórter aqui não só se viu deslumbrado com a despreocupação dessa galera em parecer ridícula aos olhos do mundo, como, em muitos momentos, desejou ser tão “ridículo” quanto.

Foto: Purki

Henshin Call

Foto: Purki
A palavra “henshin” significa transformação em japonês. No universo dos mangás, é quando o personagem se transforma em super-herói. Ao descobrir a história do evento conquistense, entendi porque ele naturalmente se chama Henshin.

Como toda boa iniciativa, ela surgiu do encontro de amigos com o gosto em comum pela cultura otaku. Segundo Ricardo Aleph, um desses amigos originais, o primeiro Henshin foi algo residencial, sem divulgação ampla, apenas a vontade de unir tribos de RPGistas (jogadores de Role Playing Game – o famigerado RPG) e otakus e trocar experiências, há cerca de 5 anos.

Os heróis japoneses que se transformam, geralmente, têm uma frase-chamado, o henshin call, que marca a transformação (traduzindo para “ocidentalês”: quem não se lembra do “é hora de morfar” dos Power Rangers?). Os garotos “reclusos”, como Erick Gomes definiu a si e seus colegas otakus, resolveram proclamar sua henshin call e expandir a ideia do encontro. O Henshin atual já tem 4 anos e a expectativa de Gomes, um dos organizadores, é crescer ainda mais.

A Vingança dos Nerds

Foto: Purki
No clássico da comédia, “Os Nerds Também Amam” de 1984, um grupo de amigos segregados e “bullyin-ados” resolvem assumir o controle e restaurarem sua paz e auto respeito.

O que parecia relegado ao esquecimento das Sessões da Tarde dos anos 1990, foi se indicando a partir da virada e é, hoje na segunda década do século XXI, uma realidade irônica e adorável: diversos artigos jornalísticos analisam a ascensão da cultura geek (termo atualizado para “nerds”) ao mainstream da cultura pop.

Na televisão, o The Big Bang Theory, de maneira divertida e leve, centraliza sua trama e personagens neste universo do cara tão estudioso, tão focado em seus gostos, mundo e, principalmente, em suas linguagens tão específicas (muitas vezes altamente sarcásticas) que - óbvio - eles são reclusos.

Foto: Purki
O interessante desta onda geek do novo milênio, é que – ao contrário das baboseiras dos anos 1980/90 em que o estereótipo nerd era do cara de óculos fundo-de-garrafa, eternamente apaixonado pela líder de torcida e babão melequento – os geeks sentem orgulho de serem o que são e, na verdade, olham com desdém para com os “normais” (no sentido literal de “sob a norma social”).

No cinema, os filmes baseados em histórias em quadrinhos são campeões certos de bilheteria, principalmente porque as produções pararam de tentar traduzir o universo geek para o público mainstream e, finalmente, resolveu tratar o verdadeiro leitor de quadrinhos como adulto e consumidor rentável. A última década trouxe clássicos como Batman, O Homem-Aranha e os X-Men repaginados para o cinema de maneira mais fiel possível ao material original. Tal público consumidor tem se mostrado tão forte que, se antes era descaradamente ignorado pelas grandes produtoras cinematográficas, hoje, em feiras como a Comic Com (a maior do mundo no gênero – em San Diego, Califórnia) o sucesso de um filme é essencial para a garantia de seu lançamento. É o suprassumo da vingança dos nerds.

Mentira! O auge foi quando certo CDF de Harvard levou o pé na bunda da namorada e criou uma rede social que passaria a ser a maior do mundo. Só que essa história é um tanto azeda e nem merece ser destrinchada.

Foto: Purki

A estudante de Engenharia Florestal e uma das organizadoras da Geek Party (festa que acontecerá no próximo mês, mas teve sua prévia no Henshin 2012) Gabriela Sande me dá uma dica sobre este atual sucesso da cultura geek: a explosão tecnológica. “Os geeks ou nerds são pessoas fanáticas por tecnologia, pelo o que é novo,” diz. A atenção que a temática geek recebe, se firmando, inclusive, como uma moda cultural, está organicamente interligada à atual lógica de consumo, na qual o lançamento de um novo modelo de iPhone causa alvoroço e excitação coletiva – algo como um fetiche pela novidade tecnológica.

Sande continua, “isso liga o Oriente ao Ocidente pelo fato de que o Oriente é um dos grandes pólos de tecnologia e é de lá que surgiram muitos dos principais jogos como Super Mario, Mortal Kombat, Street Fighter – então, essa tecnologia acaba ligando um mundo ao outro.”

Contudo, se há algo que não precisa ir muito além do senso comum para saber é que modas são passageiras. Então, estariam os geeks fadados ao mesmo destino descartável das tecnologias que mudam – com permissão da hipérbole – à velocidade da luz? Eu diria que não. Desde os anos 1980, quando esse fetiche tecnológico começou a se desenvolver com os primeiros computadores domésticos e videogames, a cultura geek/nerd sempre esteve presente na vivência da cultura pop: à medida que placas-mães, bites e bytes passaram a fazer parte de nosso dia a dia, cresceu a curiosidade e interesse pelas mentes produtoras dessas coisas que nos proporcionam novas ideias, sonhos, interfaces, realidades - antes era com escárnio e preconceito, agora com admiração e variadas pontadas de inveja.

Portanto, se hoje somos todos viciados, neuróticos e paranoicos pelas novidades tecnológicas – e a tendência é piorar – o nerd recluso e tímido tem um bom tempo à frente no topo da cadeia alimentar das regras, interesses e redes sociais (trocadilho intencional).

E, finalmente, a verdade é que essa galera está se esbaldando! Eles agora são o centro das atenções, mesmo com toda nossa discriminação. Isso era nítido nos olhos e comportamentos da população do Henshin 2012. Para Gabriela Sande, isso é ótimo por abrir espaços de troca e aumentar as possibilidades de acesso a materiais que, há alguns anos, eram difíceis, quiçá impossíveis, de adquirir.

Ao fazer o balanço do evento deste ano, Erick Gomes se demonstra feliz com a transformação dos geeks em direção à luz: “a gente tem que estar sempre aberto para atender e receber vários tipos de modificações que ocorrem no mundo”.

E a cultura otaku é uma delas: ela se expande, evolui  e atende ao seu henshin call.

Foto: Purki

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O Henshin 2012 aconteceu na Instituto Educacional Euclides Dantas, em Vitória da Conquista, nos dias 01 e 02 de setembro.

#34 Rebucetv - O Rebucetê Entrevista: Luiz Natureza

O cantor e compositor Luiz Natureza esteve pela primeira vez em Vitória da Conquista na Noite Fora do Eixo do dia 06 de setembro, evento realizado pelo Coletivo Suíça Bahiana, em parceria com o Circuito Fora do Eixo. Tudo começou quando o músico e produtor Átila Santtana ouviu um pedido inusitado de um vendedor de balas, um homem alegre e extrovertido que trabalhava na mesma rua onde ele mantém um estúdio. O resultado foi surpreendente. Hoje, pouco mais de um ano depois, o primeiro trabalho do compositor está sendo finalizado, em parceria com o produtor André T. O Rebucetê ouviu um pouco da alegria e eterna juventude de Luiz Natureza, o resultado vocês verão a seguir:




quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O Rebucetê Entrevista: Ruarez

Por Rafael Flores e Ana Paula Marques

Foto: Divulgação
A banda Ruarez surgiu no final de 2005, na cidade de Itajuípe, interior da Bahia. O grupo eclodiu na cena alternativa da costa do cacau através da junção das antigas bandas Lítio e Sem Limites. Os integrantes Tom (vocalista), Chicão (guitarrista), Igor (guitarrista), Tiago (teclado), João (baixista) e Ari (baterista)  contam que a proposta do grupo é fazer um som original, trazendo a essência de cada integrante e mostrando suas influências como o reggae raiz, rock e mpb. Uma mistura de sons que prova uma grande inovação na cena alternativa baiana. A Ruarez esteve em Vitória da Conquista, dividindo o palco com a banda soteropolitana O Círculo, na Noite Fora do Eixo Conquista, evento promovido pelo Coletivo Suíça Bahiana em parceria com o Circuito Fora do Eixo. Foi lá que O Rebucetê bateu um papo descontraído com os meninos e que vocês irão conferir em seguida:

O Rebucetê - Pra começar gostaria que vocês falassem um pouco da proposta da banda.

Ruarez - O propósito inicial da Ruarez foi tentar inovar e, ao mesmo tempo, fazer um som mais original, uma coisa mais nova. Mas, claro, com as influências que cada um trouxe. Igor e Tiago vieram mais com o reggae; Tiago até com o reggae mais raiz. Eu e Chicão – a gente é irmão – a gente já vinha já de uma pegada mais rock ‘n’ roll mesmo, que é até da nossa antiga banda junto com o Ari – nós tínhamos uma banda rock ‘n’ roll antigo. E João, que é um primo meu e de Chicão que vem de uma coisa mais pop, MPB. E aí fez essa junção, essa mistura de sons e foi mais ou menos essa ideia, tentar misturar toda a essência de cada um e poder, num todo, poder tentar inovar e criar um som mais original. Sem muito rótulo, sem aquela coisa de tipo “vocês são isso, vocês são aquilo”. A gente tenta sempre fazer um pouco de tudo que está na essência da Ruarez.

OR – Como é a cena de lá de Itajuípe?

R - A cena é totalmente diferente. Estava até conversando com a galera d’O Círculo e falávamos que Salvador e Vitória da Conquista estão anos luz de distância de onde a gente mora. A dificuldade é [titubeia]... cara, inimaginável! Pra você, que vive aqui, e acha que talvez a cena esteja no começo, movimentando, velho… a gente vem pra Vitória da Conquista e já acha uma coisa, putz, fenomenal! A gente vem de uma cidade onde a gente é “banda única”, na verdade, a gente vem de uma região, onde tem algumas bandas assim; tem a Ruarez, O Quadro – que são as bandas que levam o trabalho mais a sério, sacô? Dentro de cidades que acho, na verdade, deveriam ter uma cena melhor. Tipo Itacaré, Itajuípe, Uruçuca, Ilhéus, Itabuna, quer dizer, era pra ter mais cena. A gente até brinca que, pra gente, Conquista é a Seattle baiana, a gente vê a diversidade que não encontramos lá. O público é outro, cara! A galera pensante é outra, a forma de a galera enxergar o som que você tá fazendo é outra, totalmente diferente de lá de onde a gente vem.

OR – Tem lugares que vocês costumam tocar frequentemente por lá?

R – Tem cara! A gente toca razoavelmente bem, lá. Pelo fato de… agora ultimamente não, que a gente deu uma fechada pra poder compor trabalho novo e tal, mas antes a gente vinha tocando todo mês – três, quatro vezes no mês – que pra gente, pra região que se encontra assim bem carente, já é um absurdo! Ilhéus, Itabuna, Itacaré, estamos direto. Por incrível que pareça, na cidade de origem da banda, a banda toca raramente, sacô? Tipo assim, a galera muitas vezes até cobra, mas é porque a cena realmente… a banda vem do interior do interior e a gente rala pra caramba pra manter isso aqui, de uma forma bem corrida e suada, suar sangue pra manter… tanto é que todo mundo trabalha pra manter a Ruarez; é uma coisa que a gente ama fazer, faz com o coração, omaior prazer. A gente veio pra Vitória da Conquista… até rolou um imprevisto… a gente se perdeu no caminho, putz! Chegamos aqui com a cabeça mal pra caramba porque sabiamos que é um lugar que temos todo um carinho especial pra vir, sacô? Que a recepção da gente, pela primeira vez, foi muito legal pela casa, a gente queria enfatizar isso: a casa é sensacional e a gente atrasou… então a gente vinha na estrada, SEIS HORAS DA TARDE, a gente perdido na estrada! A primeira placa que a gente encontra: a “242KM de Vitória da Conquista”! Muito impasse... aí chega aqui, uma coisa ou outra falta, mas o importante é que deu pra fazer o som. Então, existe toda essa dificuldade, sacou? Mas, sem a luta não há o sabor da vitória.

Foto: Rafael Flores
OR – Queria que vocês comentassem um pouquinho a importância de ter um trabalho autoral e de circular esse trabalho dentro da Bahia, que é uma coisa que tá começando a se estabelecer.

R – Tipo assim, até agora nós temos dois CD’s lançados independentes e dois singles a parte dos CD’s; agora estamos caminhando pro 3º CD, também sob selo independente. A importância de estarmos sempre levantando essa bandeira independente é porque, hoje em dia, eu acredito que o artista, depois que ele se rotula de um selo de tal gravadora, ele acaba sendo, meio que burlado, manipulado… aquela coisa totalmente modificada e moldada aos tempos de hoje. Então, eu acredito que essa liberdade que a gente tem pra compor do jeito que a gente quer, montar um show agradável que todo mundo curta, sinta a verdadeira de cada um aqui da banda, sabe?! Acho que essa liberdade é uma coisa, assim, magnífica que a gente faz com muito prazer. Só pra ilustrar, a importância de se fazer um trabalho autoral é que o corpo forte é importante, mas a cara é mais importante ainda. Então a ideia de a gente fazer um trabalho autoral é isso: a gente ter cara, a gente dá a cara ao nosso trabalho. A diferença que a gente veio da primeira vez aqui, mesclamos covers com as nossas músicas, porém vimos que Vitória da Conquista é diferente, que a gente tem como chegar aqui com o nosso trabalho, chegar aqui oh: carteira de identidade, esse aqui é o nosso som, o que a gente faz, o que a gente está a fim de passar com as letras e com tudo. Essa é a cara da Ruarez.

Conheça mais a Ruarez.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Hasta La Vista, Filte!

Por Jessica Lemos

Foto: Larissa Cunha
Depois de nove dias de puro êxtase teatral, chegamos ao fim do Festival Latino Americano de Teatro (Filte), que contou com cerca de trinta espetáculos, colóquios, workshops, oficinas, entre tantas outras atividades enriquecedoras. Tudo isso é significativo para o contexto cênico de Salvador, que passa a primeira parte do ano (janeiro a julho) com  peças comerciais caríssimas e pingados de espetáculos a preço acessível e de boa qualidade. Ou seja, no primeiro semestre do ano, o espectador de teatro tem que garimpar muito. Essa carência nos surpreende, porque a metrópole baiana sedia um dos melhores cursos de artes cênicas do país, na Universidade Federal da Bahia. Muitos justificam que as verbas dos projetos só entram no segundo semestre do ano e por isso os festivais acontecem com mais freqüência nesse período.

Foi por tudo isso que O Rebucetê quis estar presente no Filte. Já que esperamos seis meses por um festival de teatro, tínhamos que aproveitar ao máximo. No festival, conferimos espetáculos baianos riquíssimos, como “Entre Nós”, uma comédia sobre a diversidade, “O Inspetor Geral” de Ilhéus e a viajada peça “Sargento Getúlio”. Além disso, a sulista “Automáquina” encantou a todos que passavam pelas ruas do centro histórico nos dias 4 e 5. Presenciamos também espetáculos internacionais, em que destacamos “Hamlet de Los Andes”, uma adaptação da tragédia shakespeariana que, ao mesmo tempo em que deixa a platéia apreensiva, tira risos com um jeito bem boliviano de brincar com o fazer teatral.

Foto: Vinícius Carvalho
E para dizer hasta la vista Filte! O Rebucetê esteve no Teatro Martim Gonçalves, no domingo (9) para assistir a obra espanhola “Malasombra”. O espetáculo é inspirado na “História Maravilhosa de Peter Schlemihl”, uma bela historinha de contos de fadas adulta. O poeta e escritor alemão Adelbert Von Chamisso traz nas entrelinhas significados que tiram o sono de muita gente, pois no romance a sombra é assimilada pela alma ou pelo duplo de si mesmo como algo precioso e caro. A adaptação feita pelo grupo Au Ments se transformou em um espetáculo de dança e teatro visual. Os atores/ bailarinos são acompanhados por música ao vivo com uma bateria que faz toda a trilha sonora, desenrolando a história ao ritmo do rock.

Mas para quem ficou com gostinho de quero mais, no final do mês de setembro teremos o Fiac Bahia - Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia - entre os dias 28 de setembro e 07 de outubro, fazendo jus à sina de que os festivais bombam e enriquecem a cena cultural de Salvador a partir do mês de agosto de cada ano.

Hasta La Vista!

domingo, 9 de setembro de 2012

Fragmentos grapiúnas*

Por Mariana Kaoos

Nasci em Itabuna e morei em Ilhéus até os 13 anos, idade em que, além de me ver adolescendo, fui morar em Vitória da Conquista, por conta do ingresso de meu pai como professor de jornalismo na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

Surfista de longa data, poeta de mesa de bar, durante toda a minha juventude, vi meu pai arrumando a mochila às sextas-feiras, com olhos brilhando, pronto para passar o fim de semana em terras ilheenses. Por muito tempo eu olhava, olhava e não entendia o porquê dessa paixão por algo que, à minha vista, era incolor e inodoro. Só hoje, aos 22 anos, as terras grapiúnas se revelam de maneira encantadora e misteriosa para mim. A cada vez que vou a esse lugar, o vento, as formas de Iemanjá, as cores da Catedral tomam sentido em meu coração.

E é justamente pensando nisso é que resolvi indicar algumas coisas muito particulares e bonitas que compõem essa região:

- Avalon é na Bahia: No livro As Brumas de Avalon, a autora Marion Zimer Bradley, faz uma descrição dos caminhos que levam à ilha sagrada. Ela afirma que esse caminho não pode ser visto por qualquer um, apenas pelos iniciados.  No romance, o local é descrito como um rio contendo um seminário católico à sua margem direita e uma curvatura nas águas, que é aonde vai dar as margens de entrada da ilha. Na saída de Ilhéus, na ponte sobre o braço do rio cachoeira, para quem olha para o lado direito, há um seminário de formação de padres logo acima, e a curvatura do rio. Geralmente sempre há algum pescador, em pé, numa canoa. No livro é esse mesmo ‘personagem” quem faz a travessia. Todas as vezes que passo por ali, e me engrandeço com a vista, tenho mais certeza de que o misticismo, as sacerdotisas e todas aquelas histórias vieram se perder  na Bahia. Para quem consegue vê, Avalon é aqui.

- Bolinho de bacalhau e cerveja gelada: No centro da cidade de Ilhéus, há um bar que reúne os maiores artistas da região. A poesia, que se encontra nas mesas, também é vista nos banheiros, todo decorado com poemas de Fernando Pessoa, dentre outros. O chefe da casa é Bruno e o bar é a Barrakítica, que vende bolinhos de bacalhau (R$3,50) e cerveja gelada como ninguém.  A Barrakítica também conta com uma série de garçons educadíssimos, pronto para atender a todo mundo.  Dentre eles, o queridinho e fotógrafo da galera é Quiquito. Quando chama-lo, favor gritar bastante, que ele vem de lá sorrindo.

- Cevando o guaiamum: Na estrada de Ilhéus-Itacaré, no distrito da Juerana, existe um bar debruçado sobre o rio Almada, especialista em camarão ao bafo e alho e óleo e, principalmente, em rubaletes fritos. Chegando lá é só perguntar: “onde é Maria do rio?” que todo mundo sorrindo responde prontamente. Além da mesa de sinuca, o espaço é enorme. As mesas ficam embaixo das árvores e Maria, sempre eficiente, sabe fazer gostoso.

- Sábado sim: A casa dos artistas, ambiente de vanguarda desde a década de 1980, sempre movimentou o cenário cultural ilheense. O grande ator, Pedro Matos, foi quem criou e estimulou o ambiente para que a cena artística da região se consolidasse cada vez mais. Hoje, a Casa dos Artistas, além de abrigar o Teatro Popular de Ilhéus e oferecer inúmeras peças de altíssima qualidade, também apresenta shows de bandas locais. O projeto, por ocorrer quinzenalmente, é chamado de Sábado Sim.

Grapiúna: nome dado pelos sertanejos aos habitantes do litoral.

“Critica como militância”- O Rebucetê Entrevista: Valmir Santos

Por Jéssica Lemos


Foto: Divulgação

Valmir Santos é jornalista cultural desde 1992. Edita o site independente Teatro Jornal- Leituras de Cena. Atualmente, colabora com críticas e reportagens para a revista Bravo! e o jornal Valor Econômico. Atuou na Folha de S. Paulo por dez anos. Graduado em Jornalismo em Mogi das Cruzes e Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da USP. Integrou o júri paulista do Prêmio Shell de Teatro (2003-2011). Foi curador do 14º Festival Recife do Teatro Nacional, em 2011. Valmir esteve no FILTE - Festival Latino Americano de Teatro- ministrando um curso de crítica teatral. Em entrevista ao O Rebucetê, ele conta sobre sua carreira que nunca dissociou teatro de jornalismo.         


           
O Rebucetê - Como surgiu a idéia de criar o site Teatro Jornal?

Valmir Santos - Criei o site em 2010, quando saí da Folha de S. Paulo. Quando você sai da grande imprensa, o telefone para de tocar. E eu tenho vontade de continuar esse ofício, continuar circulando por festivais. O espaço da internet esta sendo mais propício para que a gente tenha mais liberdade e autonomia de vôo. Queria continuar isso num espaço que carregasse meu nome. Durante o trabalho na Folha de S. Paulo, na chamada “grande imprensa”, eu estava mais preocupado em ocupar espaço de teatro no jornal do que fazer de mim um grande nome. E depois que eu saí, eu vi que eu tinha um nome, que eu podia continuar sem o veículo. E me veio à vontade de continuar de forma independente.

OR - Na Folha de S. Paulo seu espaço para escrever sobre teatro era restrito?

V - Eu tinha espaço. Era uma geração muito pop naquela época que cuidava do caderno de cultura. O diretor era Sergio D’ávila, hoje, diretor executivo do jornal. Eu vibrava com o espaço. Hoje é mais restrito, mas nos meus 10 anos tinha muito trabalho.

OR - Hoje os meios de comunicação estão de certa forma “democratizados”. Isso através da internet. Hoje qualquer pessoa pode criar um blog, ter uma plataforma para se expressar e se dizer critico também. O que você pensa sobre essa democracia?

V - é saudável esse lugar que a internet está nos colocando. Pela minha própria experiência. A internet está se configurando como uma nova alternativa além do texto imprenso. O receio é quanto à banalização da opinião. A opinião tornou-se algo como curtir e não curtir, algo muito reducionista. Temo que às vezes se perca algum fôlego de pensamento sobre a análise de uma obra e que seja muito ligeiro no modo de se passar por ela. Eu passo para os meus alunos a questão de ontológica. Você pode analisar um espetáculo que você conhece alguém. É preciso ter um distanciamento. E nunca trair a sua verdade em relação as suas convicções. Eu só espero que a internet não seja uma corrente diluidora.  Isso, pelo nosso tempo ser marcado pela “ligeirisse”.

OR - Escrever para um jornal como o Valor Econômico e a revista Bravo!, que ambos têm um público bem específico, faz com que você use uma linguagem diferente? Existe alguma restrição?

V - A revista Bravo! tem um penhor mais ensaístico dos textos. Há uns cinco anos foi vendida para a editora Abril. Ela passa a fazer parte de uma linha de pensamento editorial que possui milhares de títulos. E ela tem sua recepção modificada em termos de seu público-alvo. Escrever para a revista Bravo! é um aprendizado para mim, porque é uma outra configuração. Diferente do jornal diário, o qual estava mais próximo. Dentro da revista eu tenho que fazer algumas adaptações. Por exemplo, a crítica ela tem que ter cinco parágrafos. Eu não posso entrar em estruturas muito elaboradas, porque eu tenho que pensar em um leitor mediano que pode estar entrando ali naquele momento, ou o leigo que quer conhecer. È outra configuração, tem que priorizar a sinopse do espetáculo. È diferente. O Valor Econômico é um espaço mais autônomo, mais inteligente, mais aberto e que me instiga mais. É um jornal que eu aprendi a gostar muito, ele tem um espaço cultural diário e na sexta sai um caderno de cultura. O jornal é mais analítico. E o grupo Globo e o grupo Folha, que são os donos, se uniram para fazer um jornal econômico, que é o Valor. São públicos diferentes.

OR - É comum os críticos musicais serem chamados de músicos frustrados. Isso aconteceu com você quanto ao teatro?

V - Nunca falaram diretamente pra mim. Eu acho de uma forma geral é uma visão reducionista. Se um profissional criador acaba migrando para área da crítica, ele só tem a ganhar por carregar essa bagagem. È relativo. É um lugar comum falar que o critico é um profissional frustrado, principalmente quando o crítico tem uma observação negativa.

OR - Você se realizou como ator como você é realizado na critica?

V - Não. Eu sempre achei que eu em cena era o Valmir e não o personagem. Nos laboratórios e nos ensaios, meus amigos transcendiam. E eu sempre tive dificuldade.

OR - Qual a dica que você dá para quem quer ser crítico teatral? Quais passos seguir?

V - Primeiro se permitir. Ir muito ao teatro. Diminuir seus gostos pessoais, pré- julgamentos. Ter respeito pela comédia, pelo drama, pelo teatro físico...  Assistir veteranos. Assistir recém-formados. Ir ao teatro e fazer disso um momento prazeroso. É uma forma de travar contatos com esse universo e cultivar o gosto pela cena e pelo exercício da critica que virá. Conhecer o seu espaço muito bem. Quem são os criadores locais. Ter a crítica como militância, como o Decio de Almeida Prado fez.

sábado, 8 de setembro de 2012

Diário de Bordo: Um presente de Iansã a Iemanjá

Foto: Divulgação

Por Thaís Pimenta

Antes de colocar o pé na estrada, eu pedia a Iemanjá que lavasse a minha fé e a Ogum, o pai do sol, que iluminasse o meu caminho. Meu destino: Fortaleza-CE para participar do Congresso Nacional de Ciências da Comunicação, Intercom 2012. Primeiro itinerário, Vitória da Conquista-Salvador. Na terra do axé, parada para receber a magia e energia do sincretismo religioso que envolve a cidade antes de alçar vôo para a capital cearense, onde os orixás continuaram a me guiar.

Chegando ao aeroporto internacional de Fortaleza, na terça (4) à tardezinha, via-se um movimento incomum. Na cerca que fica logo após ao portão de desembarque, dezenas de pessoas aguardavam com um olhar apreensivo e ansioso. Cheguei a pensar que poderia ser uma recepção calorosa que preparam para a equipe d’O Rebucetê, mas não. O grupo de tietes esperava a dona de um corpo bem mais escultural do que o meu, Viviane Araújo, vencedora da última edição d'A Fazenda, reality show da TV Record. Superada minha desilusão, sigo para o hotel para descansar da viagem e procurar na programação cultural da cidade os possíveis lugares a visitar quando não estivesse no Congresso. Zapeada pelas rádios, internet, indicações de pessoas da cidade. Escolha feita: Quarta de Iansã, festa que aconteceu na noite seguinte. Minha missão até lá: Conservar-me para depois cair no samba a noite toda.

Durante o dia, entre as atividades do Congresso, me dediquei a me localizar no mapa da cidade e entender qual a logística do busão. Encontro no mapa o Studio Mocó, local onde acontecem as Quartas de Iansã, observo os lugares próximos e faço minha rota. Primeira parada: Dragão do Mar, centro cultural, onde turista e moradores da cidade se encontram à noite para curtir som ao vivo e uma cerveja. E assim o fiz. Entre um gole e outro e conversas com amigos, escutava músicas que passavam pelos mais variados ritmos e bandas, indo de “Come As You Are”, de Nirvana, a “Eu quero Tchu, eu quero Tchá”. Mas  naquela noite eu queria mesmo era um mergulho na cultura negra!

Já passava das 23h30 da noite, e Iansã veio me lembrar que eu já estava atrasada para sua festa e uma rajada de vento derrubou todos os copos da mesa. Do Dragão do Mar ao Studio Mocó, uma caminhada de cerca de 5 minutos e vento, muito vento, como ainda não havia presenciado na cidade. O local é frequentado por um público dito alternativo. Quando adentro o recinto, na força do rito, o grupo Tambor das Marias acabava sua apresentação. Mas logo em seguida dança, percussão e a capoeira do Grupo Afro Arte, veio fisgar minha atenção e arrancar-me um sorriso. O grupo é formado por jovens adolescentes moradores da comunidade de Iparana, no município cearense de Caucaia. Eu começo, a partir de então, a perceber o cunho social que a festa envolvia.

Foto: Divulgação
Abê, xequerê e alfaia,  para apresentação do grupo seguinte, o Movimento Arrastão, também formado por jovens adolescente, porém da comunidade da Praia do Futuro. A percusão do grupo mesclada a uma pegada de rock, sonorizava algo autêntico, diferente. O grave do vocalista somado às caixas de som que “zumbizaram”, não deixava nítida a pronúncia das palavras, mas o tambor... ah, esse sim conversa com o meu coração! Movimento Arrastão ainda se apresentava quando, saindo do estado de apenas expectadora, assumi o meu lado jornalistico e fui a procura dos organizadores do evento. 

Um presente de Iansã a Iemanjá. A festa foi organizada para arrecadar verba para o Vidas Mergulhadas, um projeto que une cinema e antropologia e tem como foco a produção de um documentário sobre a vida dos pescadores da prainha de Canto Verde. A idealizadora do projeto, a assistente social, Rose Costa, me contou um pouco mais do projeto: "Projeto pensado a sete anos atrás quando senti essa vontade de estudar mais a cultura dos pescadores. Isso veio me instigando, instigando e agora tô voltada para isso, para colocar esse projeto em prática. Além de fazer o documentário antropológico, vamos levar oficina de audiovisual, interagir com as mulheres, os idosos e o filme vai ser implantado na própria comunidade.”

Foto: Divulgação

A  vila dos pescadores de Canto Verde ainda desenvolve o turismo ecológico. Segundo Rose, permanece  entre eles uma valorização muito grande com a questão ambiental, a divisão de terra e apesar de a maioria não ter o nível de escolaridade alta, apresentam nível de organização comunitária bem expressivo. A equipe envoldia com o projeto tem cerca de 25 pessoas, entre eles pessoas que trabalham  audiovisual, sociologia, psicologia e ainda artistas plásticos. O intuito do projeto é que eles se apropiem do documentário que será produzido, a passem assim, a se conhecerem mais. “Além disso, ainda há o projeto de formar uma cooperativa de coleta seletiva de lixo, vamos dar uma oficina nesse sentindo, para que eles comecem a gerar renda com isso também”, afirma Rose.

Ibadã Brasil, o último grupo da noite se preparava pra tocar. E se é samba de roda, ah eu vou! Enquanto, no canto direito do palco preparavam os atabaques, os vocalistas do Ibadã Brasil convidavam o público a formar uma roda. Uma morena do gingado e sorriso bonito, girando a renda da saia, assumiu o centro da roda e começou a dançar. Um rapaz de chapéu, cheio de samba no pé logo passou a acompanha-la, e a partir de então não precisava-se mais de convite, as pessoas passavam a ocupar o centro da roda envolvidas pela mágica daquele momento.

Depois desse samba de uma noite inteira, na saída do evento, o vento forte voltou a rajar. Um sopro de Iansã que me acompanhava e mandava suas bençãos à prainha do Canto Verde, ao projeto Vidas Mergulhadas, a Iemanjá.