domingo, 6 de maio de 2012

Na Dança do Maxixe


Nossa geração sempre ouviu falar de gafieira, malandragem, chapeu panamá, danças sensuais e coladinhas, mas poucos de nós realmente sabemos a origem desse gênero do samba, que se apresentará com grande estilo no Festival da Juventude pela banda conquistense Gafieira Brasil.

Por Lucas Oliveira Dantas e Mariana Kaoos

Nos últimos dez anos, pelo menos, uma nova leva de artistas brasileiros tem reavivado a Música Popular Brasileira através de sua raiz mais famosa, o samba. Na Bahia, artistas como Marienne de Castro e Juliana Ribeiro resgatam a tradição do samba de roda do Recôncavo, enquanto que no Sudeste do país gente como Roberta Sá, Mariana Aydar e Diogo Nogueira reacendem a chama sambista nas rádios mainstream Brasil afora.

Por volta das décadas de 1950 e 1960, o Brasil exportou o samba para o mundo e a imagem do boêmio malandro carioca, que varava noites de bar em bar, bordéis e casas de gafieira. Esse jeito malandro tornou-se um ícone de brasilidade. É essa imagem glamurizada pela cultura de mídia que temos do samba. Mas a história é mais antiga.

As casas de gafieira, na verdade, surgiram pelo fim do século XIX, início do XX, sendo os lugares em que a classe trabalhadora e mais humilde do Rio de Janeiro frequentava para praticar danças de casal (ou “dança de salão”), mais especificamente o maxixe. Com o passar dos anos, o maxixe virou samba e as casas de gafieira se tornaram cada vez mais populares e famosas, tendo seu ápice cultural nas décadas de 1940 e 1950.

Nesses salões, repletos de casais sensuais e desenvoltos, o próprio samba foi se modificando, incorporando outros elementos provenientes da música caribenha (como instrumentos de sopro e percussão mais acelerada), dando origem a subgêneros como o “samba de gafieira”, o “samba de breque” e o “samba de telecoteco”, os quais têm como característica comum a famosa malandragem do carioca que tinha como objetivo paquerar.
Gafieira do Brasil

Composto por cinco músicos profissionais da região sudoeste da Bahia, Emílio Bazé, Daniel Novais, Paulinho do Trombone, Danilo dos Anjos e Bruno Rodrigues, o Gafieira Brasil surgiu há um ano com a proposta de resgatar essa cultura do chorinho, do samba de gafieira e da música instrumental. Eles querem proporcionar às novas gerações a qualidade musical dos tempos aureos do samba, incorporando novos sons e novas formas de se fazer o ritmo na Bahia.

De acordo com o percussionista Emílio Bazé, “o samba de gafieira é uma mistura da música cubana com a brasileira. Diria até que também se assemelha ao semba, ritmo angolano. Na verdade, como qualquer forma de arte, o samba de gafieira também se distingue conforme a região em que está inserido. A nossa proposta especificamente é de trazer um som instrumental, resgatando nomes com Noel Rosa, Pinxinguinha e Geraldo Pereira”.

No dia 6 de maio, domingo, o Gafieira Brasil se apresenta no palco do 1° Festival da Juventude de Vitória da Conquista. Não é a primeira participação do grupo em um evento de grande porte, mas, para o festival, eles estão preparando um repertório novo e especial, buscando exaltar ídolos da musica popular brasileira que sempre os inspiraram. Paulinho do Trombone acredita que esse será um ótimo espaço para que as novas gerações possam apreciar o gênero e espera cumprir a missão de levar para o público em geral um pouco mais da cultura tradicional do samba.

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