segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Too Late! (antigone) contest #2

Por Ayume Oliveira


Talvez não tão tarde... a peça italiana encena as esferas do poder, tanto no âmbito da macropolítica quanto no familiar, e mescla elementos contemporâneos à tragédia grega Antígona, com citações de Bertold Brecht e exaltação de movimentos sociais como “Occupy Wall Street”.

A peça começa com o diálogo entre pai e filho (personagem encenado por uma mulher com características andrógenas que ao decorrer do espetáculo se desfaz do bigode falso e da peruca). O diálogo no primeiro Ato é bestializado e o adolescente se transforma em um cachorro voraz. Entre latidos a relação de poder entre pai e filho se destrincha. O cão grane e o pai assobia 'fiu-fiu-fiu... calminha... aqui tá o seu osso', que soa como 'você depende de mim, e sabe disso'.

A peça utiliza de recursos do teatro contemporâneo, como a metalinguagem, onde os atores muitas vezes paralizam a cena para discorrer sobre a encenação: “como ficaria melhor?”; “tenho dificuldade no latido, puxa aqui... no diafragma” ou “se Creonte morresse de bala perdida causaria mais impacto no nosso público ou seria melhor um ataque fulminante?”

A tragédia grega, escrita há 2500 anos por Sófoles, expõe a problemática da opressão de um Estado e a condição da jovem Antígona, sobrinha de Creonte, que o enfrenta. Os dois atores, Silvia Calderoni e Vladimir Aleksiv revezam os personagens de Antígona ou o filho adolescente e Creonte ou o pai opressor. Creonte (imagem do poder) utiliza uma máscara de látex, ou melhor duas. E é surpreendido por Antígona/atriz: “Vlad, por que duas?”, ao que ele responde: “Ah, improvisos do teatro”. 

Num outro diálogo travado entre a mesa de refeições da família e a estrutura de iluminação do palco, a adolescente se utiliza de hidrocor para escrever no corpo semi-nu dependurado: atriz, poder, anarquismo, opressão. Simultaneamente, a menina retira o Iphone de uma das meias e começa a ouvir o hit 'Mr. lonely' enquanto o pai dispara initerruptamente com cinismo: “Vai limpar esse corpo, corta esse cabelo, para de se pendurar você é uma moça, desliga essa música, aprenda a se portar à mesa, você está parecendo um menino.” VAI, FAÇA, PÁRA, SEJA. “Eu lhe dou as ordens,você escuta.”

Na tragédia grega Antígona é condenada à morte, como penalidade e castigo pela sua desobediência e se pergunta: “(…) cercada de infortúnios como vivo, a morte seria então uma vantagem?”. Ao contrário, no espetáculo da companhia Motus, o fim trágico é destinado a Creonte, que despenca das escadarias do teatro, enquanto 'lonely, i'm Mr lonely, I have nobody' ainda ressoa. Morre de bala perdida enquanto sapateia para a plateia, ressucita e morre novamente de taquicadia. Antígona/atriz assiste. Retira uma das máscaras do 'defunto', a preenche com papel de modo que não seja mais flácida até que se torne um rosto.

Ao fim da peça morre Creonte. O tirano na companhia de si mesmo, abandonado com suas duas cabeças.


Ficha Técnica: 
Concepção e direção: Enrico Casagrande e Daniela Nicolò
Elenco: Silvia Calderoni e Vladimir Aleksic
Trilha sonora: Enrico Casagrande
Produção: Motus
Língua: italiano (com legenda)

domingo, 21 de outubro de 2012

Então me ajuda a segurar essa barra que é gostar de você


Por Mariana Kaoos


Desde pequena, um dos pilares da minha criação enquanto ser humano foi a música. Quando criança, meu pai me ninava com as histórias de pescador que Dorival Caymmi contava nas suas canções, bem como o “Chululu” de Gal Costa e “Lígia” de Tom Jobim. Lembro como se fosse hoje o dia em que ele viajou e trouxe de presente para mim o disco Eu, Tu, Eles, de Gilberto Gil e isso me marcou profundamente. Depois foi uma coletânea de Cazuza, “Livros” de Caetano Veloso e aí vieram tantos outros que posso classificar a minha educação auditiva como algo um pouco diferenciado do que meus amigos na época ouviam.

Sim, por muito tempo dancei É O Tchan, pulei atrás do trio nos carnavais de Ilhéus ao som de Netinho, ia nas barracas de praia e me submetia a ouvir coisas como Só Pra Contrariar. No almoço, por conta da moça que trabalhava em minha casa, Tina, acabava aprendendo a letra de uma ou outra música de Leandro e Leonardo. Mas de fato, todos esses eventos eram esporádicos.  Nunca tive um forte apreço por esse segmento musical considerado pela minha mente pseudo cult (que de cult não tem nada) como “brega”. Quando “adolesci” a intolerância só aumentou. Era rock clássico, reggae, eternamente bossa nova, nunca arrocha. Pagode romântico então, nem pensar.

Pra ser bem sincera, sempre foi muito confortável me colocar numa posição superior por ouvir sons mais refinados e discriminar os outros tantos mortais que se submetiam a ouvir essas músicas e adoravam. Essas pessoas geralmente colocavam faixinhas no cabelo com o nome da banda ou ídolo, no quarto tinham pôsteres colados na parede e constantemente participavam de fã clubes. Decididamente jamais passaria por minha mente, um dia, delirar ouvindo essas mesmas coisas que eu tanto reneguei.

Mas meu coração está preso a você...

Há pouco mais de dois anos, meu pai foi fazer mestrado em Santa Catarina. Como sempre fomos apegados, foi uma época difícil tanto para mim, quanto para minha mãe, que possui um grau de sensibilidade emocional muito mais elevado que o meu. Triste, chorona, cada vez mais calada, ela se trancava no quarto e dormia o fim de semana inteiro. Meu pai se preocupava, sentia saudades e constantemente vinha nos visitar. Em um desses encontros, não lembro qual especificamente, ele olhou para mim e com olhinhos brilhantes afirmou: “eu gosto tanto de sua mãe e fico preocupado com ela. Ela é minha namorada”. Em seguida começou a cantar Vida Cigana, de Raça Negra, e admitiu considera-la uma das mais bonitas músicas que já ouviu.

Naquele mesmo dia li a letra com atenção, ouvi a melodia de olhos fechados e sorri. Da mesma forma que Raça Negra era poesia para meu pai, também virou pra mim. Vida Cigana entrou para o setlist do meu mp4 e até hoje está lá.

Não deixe a chama se apagar...


Raça Negra é um grupo paulista formado em 1983. Seu primeiro álbum, porém, só foi lançado em 1991. A partir de então, eles se tornaram um ícone do pagode romântico. Suas inúmeras músicas fizeram sucesso por décadas e perduram até hoje. “Cheia de Manias”, “Doce Paixão”, “Quando te Encontrei”, “Quero ver você chorar”, “Jeito felino”, são algumas, dos inúmeros sucessos da banda. Recentemente, foi lançado um disco tributo aos ícones da música romântica, o disco Jeito Felindie. Artistas como Letuce, Nevilton, Lulina e Amplexos são alguns dos nomes que compõem o tributo. Cada qual trouxe uma versão muito particular, utilizando das composições originais, mas transformando-as em novas músicas, bonitas e subjetivas.

Todas as composições de Raça Negra tem como foco o amor. Relacionamentos que não deram certo, saudades de algo ou alguém, dificuldades de se envolver com outra pessoa. Transformar em rock esses sentimentos pode ate ter dado um novo ar para a maneira como se fala, mas no fim das contas, a mensagem continua sendo a mesma.

De maneira impressionante, 2012 foi o ano dos tributos. Até agora já rolou homenagem a  Los Hermanos na coletânea Re-Trato; The Strokes com Is This Indie; Caetano Veloso e seus 70 anos de carreira em homenagem internacional A Tribute to Caetano Veloso, isso sem falar nos vários artistas nacionais contemplados na coletânea Brasileiros. O de Raça Negra veio para aumentar esse número. Mas diferente dos outros, Jeito Felindie logo se tornou pop e atingiu distintos segmentos de públicos.

Quero te deixar você não quer...

Atualmente Raça Negra é uma das minhas bandas favoritas. A simplicidade de como as coisas são ditas, os sentimentos que as melodias me causam. Tomando uma cerveja numa tarde ensolarada ou com fones de ouvido no trabalho, venho aprendendo nos últimos tempos a beleza de ser “brega”, de poder cantar bem alto e me assumir romântica. As versões do Tributo, bem como as originais, vem embalando meus maiores momentos de sorriso e sim, hoje quando me percebo como as pessoas que tinha preconceito, me divirto com isso. Estou até pensando em colar um pôster no meu quarto. Quem sabe, quem sabe...

Ouça no blog Viver de Chamego o streamming na íntegra da coletânea. 

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Sem Gueri-Gueri - O Rebucetê Entrevista: B Negão

Por Rafael Flores

Foto: Rafael Flores
Um ano depois de entrevistar de surpresa o B Negão no Festival Suíça Bahiana, voltamos a nos encontrar. O evento responsável por isso foi o BOOM!!!, que uniu à música outras manifestações, como a vídeo-arte, o skate e o slackline. Foi a primeira apresentação de B Negão & Os Seletores de Frequência, banda que o acompanha desde o início dos anos dois mil, em Vitória da Conquista. A banda é composta ainda por Pedro Selector (trompete e voz), Fábio Kalunga (baixo), Robson Riva (bateria e voz) e Fabiano Moreno (guitarra e voz). O show foi de um peso incrível, nele os mais animados se balançavam enquanto os mais ligados se atentavam aos ritmos e referências, diluídas entre os riffs da guitarra, acompanhada dos marcantes metais e e as gírias empregadas pelo vocalista.

Depois de beber uma água e conversar com uma “feiticeira” que ocupou o camarim, ele se acomodou em uma cadeira semi-acolchoada e nos recebeu. Dentre os assuntos, comentamos sobre a repercussão e distribuição do novo álbum, o “Sintoniza Lá” e suas aventuras em terras britânicas para representar o Brasil. Por fim, ainda comentamos da importância de veículos alternativos de comunicação que estejam em diálogo com outras produções independentes, aberto para qualquer tipo de pergunta, mais uma vez, ele se mostrou um ótimo entrevistado.

O Rebucetê: Houve quase dez anos de hiato entre o primeiro álbum de B negão & Os Seletores de Frequência (Enxugando O Gelo - 2003) e o “Sintoniza Lá” - 2012. Por que tanto tempo?

B Negão: Cara, a distância de tempo foi excesso de trabalho, ao longo desse tempo a gente não deixou de fazer show. Entre 2003 e 2006 fizemos muitas apresentações fora do país, inclusive, com shows em grandes casas de Londres, Barcelona e em festivais pra mais de 70 mil pessoas, como o Roskilde Festival (Dinamarca). E foi apenas em 2006, três anos depois do lançamento do “Enxugando o Gelo” que ele veio pegar no Brasil, então ele foi crescendo, crescendo, cada vez mais gente sabendo da parada e daí rolou uma loucura, fomos fazendo shows e o conhecimento do nosso trabalho foi aumentando eternamente. Comento sempre que o normal de você lançar um disco, de acordo com minha experiencia com todas as bandas, inclusive com o Planet Hemp, é ele dar uma caidinha depois de dois anos, aí você tem que produzir coisa nova, caso contrário não dá pra vender show e tal. O nosso não, começou pequenininho e foi crescendo. E foi em 2010 que percebemos que ele tava mega grande, quando tocamos no primeiro SWU e batemos o recorde de público dos três dias de festival no palco alternativo, com toda a galera cantando. E foi nesse ponto, que os jornalistas começaram a prestar atenção, porque na nossa caminhada estávamos acostumados a ser só a gente, a internet e o público, um caminho meio que silencioso. Aí a grande imprensa chegava e “Caraca, não conhecia o trabalho de vocês”, aí a resposta era “Pois é, cara, tem que se informar”. Outro motivo da demora é a nossa preferência pela falta de patrão, como a gente mesmo faz nossas coisas E a gente não tendo ninguém pra mandar, meu irmão, acabo sendo o cara mais desorganizado do mundo, eu demorei pra caralho de fazer as letras, fazendo e jogando fora, a última eu fiz menos de 24h antes do prazo pro disco poder sair.

Foto: Rafael Flores
OR: E o que esses dez anos trouxeram de diferente para o “Sintoniza Lá”?

BN: A gente tá felizão com o resultado dele, fizemos a parada que sempre tava rolando do metal. O trompete é nossa guitarra solo e o baixo nossa guitarra-base. Teve uma mudança de formação na banda também o longo desse tempo, entrou o Fabio Moreno e o Robson Riva trazendo uma influencia das batidas africanas.

OR: O “Enxugando o Gelo” foi lançado pela revista Outracoisa, que se propunha a incluir a numeração nos produtos fonográficos, um tipo de controle que não é respeitado no Brasil. Como tá sendo a distribuição do novo trabalho?

BN: Então, no “Enxugando o Gelo”, a gente propôs essa parada de incluir a numeração dos discos, coisa que não era feita nas gravadoras brasileiras. Gravadora não é aquela coisa confiável cem por cento, né? Os caras falam que foram vendidos tantos discos seus e não tem como provar, com o disco numerado não, a gente acompanha o processo. Dessa vez a gente fechou a distribuição com a Coqueiro Verde, gravadora independente do Rio de Janeiro, que lançou o Autoramas e outras bandas do cenário. Então eles vão distribuir no Brasil inteiro, fechando com lojas como Fenac, Saraiva, Cultura, que atingem Norte e Sul do país. E foi bom, pois conseguimos com nosso projeto de musica livre fechar só a distribuição, daí podemos colocar nossa música na internet sem problemas.

OR: Sobre sua participação no encerramento dos jogos olímpicos de Londres, como foi a sensação de representar o Brasil?

BN: Foi psicodelia pura, doidera demais. Quando veio o convite eu achei que era um trote, mas achei tão engraçado que resolvi responder os e-mails. Continuei nãoa creditando até rolar a  primeira reunião e encontrar com a Daniela Thomas, diretora, que é uma figura que respeito pra caralho de outros trabalhos. Acabou que quando vi que a parada era real e definimos as músicas e tal, topei. Mas quando chegou em Londres eu fiquei um pouco receoso, vai que essa porra acabe sendo “mó preguiça”, sacou? Vai que eu chego aqui pra mostrar minha cara pro mundo inteiro, e a parada ser um mega “Criança Esperança” e eu vou ficar na merda total, sacou? Até comentei com a galera que tava comigo no dia do primeiro ensaio, que se tivesse feião o negócio iria fingir que estava tendo um treco pra ‘nego’ me substituir, tá ligado? Mas o ensaio foi bom pra caralho, tocamos no mesmo palco que o Queen e o The Who tocaram, parada de maluco. No ensaio tava toda galera que fez a cerimônia nos aplaudindo, foi clássico.

OR: Você chegou a pensar no tamanho da coisa toda? Tipo, de estar ali representando o segmento alternativo da nossa produção cultural, o qual nunca possui tanta mídia assim?

Foto: Ana Paula Marques
BN: Na real, não deu pra ficar pensando muito, que era uma parada pra quatro bilhões de pessoas, foi concentração total. Quando rolou o lance de ganharmos o VMB, foi o mesmo que rolou com as Olímpiadas, assim, onde nunca pensei que fosse ser representado num evento como esse, saca? Foi o mais emocionante de tudo, ver a moçada dizendo “o undergrond tá lá”, sacou? Bem representado e sem “gueri-gueri”, sem escrotidão. Eu voltei dando autógrafo do hotel em Londres até não sei onde. E foi espetacular conviver com aquela galera também, porque uma coisa que acontece sempre aqui no Brasil quando rola evento mundial é esse lance separatista entre estrelas internaconais, etc, com áreas específicas pros gringos. Mas lá fora, a maioria esmagadora desses eventos todo mundo fica junto. Então na mesma fila pra almoçar ‘tava eu, as Spice Girl, o cara do Monty Python, o Bryan May, numa interação total ali. Então é isso, sem gueri-gueri, sem afetação, sem segurança, um lugar tipo esse aqui, um grande exemplo pros produtores que fazem esse tipo de evento no Brasil. Apartheid não tem que rolar mais não.

OR: O Planet Hemp relançou agora seus dois primeiro álbuns em LP e parte para uma mini turnê pelo Brasi, se apresentando também na Bahia. Como é que tá rolando esse re-mergulho na história do grupo?

BN: É isso, muito bem, é um re-mergulho, melhor definição até agora desde que começou  a história toda (risos). Cara, fiquei até assim, meio que sem saber se eu ia ou se eu não ia. Todas as vezes que nego falava sobre isso, era eu que meio que botava a água no chopp. Ainda mais agora num momento super positivo com os Seletores, show pra caralho, disco acontecendo... Só desse trabalho já tem coisas que não consigo dar conta, entendeu? Tanto que você me mandou a entrevista e não consegui responder, porque são vários convites, desde jornais mega-grandes a fanzines e tal. Aí falei “caralho, não vou dar conta, não vou fazer”, mas depois acabei cedendo, conversamos e fechamos em quinze shows. Pra galera que ler essa parada, o show vai ser dia primeiro de dezembro em Salvador aqui na Bahia, mas tá acabando o ingresso, nego tem que se ligar, porque vai ser isso aí e tchau tchau.

Não conhece o B Negão & Os Seletores de Frequência? Fica a dica:


quinta-feira, 18 de outubro de 2012

O Rebucetê Entrevista: Dost

Por Ana Paula Marques

Foto: Noite Fora do Eixo Conquista 2012
Erlan Canguçu, Arthur Santana, Ronniê Marques e Luiz Castro: quatro garotos de cidades diferentes, unidos por um único motivo: a vontade de fazer música. Juntos desde o ano de 2010, montaram uma banda em Vitória da Conquista, com um repertório variado, que perpassa desde as músicas autorais até os covers. Perto de fazer o primeiro show fora de Conquista, os meninos falaram em entrevista ao O Rebucetê sobre o novo EP "Quanto Tempo Dura o Eterno" (clique no link para baixar gratuitamente), lançado recentemente no Facebook e sobre as mudanças que a banda passou ao longo das experiências. 

O Rebucetê: A banda atua no cenário underground de Vitória da Conquista há algum tempo e já dividiram o palco com a banda Maglore, que tem um público grande na cidade. Sentem alguma diferença no trabalho de vocês ao longo desse percurso?

Dost - Já faz dois anos desde a criação da banda, nesse tempo muita coisa se passou e acabou interferindo no nosso som. A ideia inicial do que seria a Dost é bem diferente do som que tocamos hoje. Quando fomos tocar com a Maglore, que aliás, foi nosso primeiro show, foi o momento que paramos para montar um repertório, fazer teste e a partir daí, perceber o que se tornaria a Dost. As mudanças vieram de formas naturais, fruto do tempo que vai dando mais maturidade as nossas composições e ao nosso som.


O Rebucetê: De onde vem a inspiração da composição do primeiro EP? Existe algum tipo de significado no título?

D - A inspiração é fruto das relações pessoais de cada autor. Na Dost não temos o costume de compor juntos, por isso, cada música traz um pouco do que a pessoa vive naquele momento. O título foi uma das coisas mais difíceis de decidir, pois teria que representar as músicas nele. "Quanto tempo dura o eterno?" foi escolhido justamente por focar em um dos temas centrais da nossa musica, que é o tempo, as mudanças que ele nos traz como ser humano.


OR: O fato de vocês serem de cidades diferentes já é algo positivo para difusão do trabalho?


D - Sim, o fato de sermos de regiões diferentes faz com que tenhamos uma maior visibilidade. Arthur é mineiro, Erlan e Luiz são baianos e Ronniê é pernambucano. Ao divulgar nosso EP somente entre nossos amigos já atingimos três estados do brasil. Como somos de cidades muito pequenas (Malhada de Pedras - BA, com 9 mil habitantes e Divisa Alegre - MG, com 6 mil habitantes) a aceitação desse estilo musical não é tão grande, porém a ajuda dos amigos é muito importante, ao divulgar a banda na internet. O EP foi lançado há duas semanas e está em uma fase que nossas músicas chegam em lugares cada vez mais longes. Essa semana já teve uma garota de Manaus que curtiu a banda e disse que conheceu a partir de uma indicação de um amigo que mora no Rio de Janeiro, isso nos deixa muito contente porque agente percebe que o EP está tendo uma boa aceitação.

OR: No próximo sábado, 20 de outubro, vocês irão tocar numa casa de shows em Bom Jesus da Lapa, com a banda Dona Iracema. Já podem adiantar o que estão preparando para esse show?

D - Esse próximo show é o primeiro da Dost fora de Vitória da Conquista, o que nos deixa bastante ansiosos. É uma experiência totalmente diferente, local novo, público novo. Nesse show vamos tocar o EP "Quanto tempo dura o eterno" na íntegra e fazer alguns covers que a gente vinha fazendo. Mas já estamos trabalhando num repertório mais autoral para os próximos shows.

A banda Dost toca no próximo sábado, 20 de outubro, às 20:00 h, na Casa da Música, em Bom Jesus da Lapa - Bahia, juntamente com a banda Dona Iracema. Ingressos R$5,00.

Túlio Henrique Pereira lança o livro Atos de Paixão

Por Murillo Nonato


“Atos de Paixão”, livro escrito pelo historiador, professor, escritor e poeta, Túlio Henrique Pereira, será lançado hoje (18), às 19 horas, na Livraria Nobel, localizada na Av. Otávio Santos, Centro.

A obra centra-se na história de Gercindo, homem inteligente e delicado, que sofre de uma incontrolável paixão pelo rude e carrancudo Lucio. O enredo contextualiza uma história de paixão proibida, em um tempo marcado por concepções de valores e moral rígidos, como foi o inicio do século XX no Brasil, tempo histórico em que o livro é ambientado.

Plano de fundo para abordar temas como moralidade, limites e transgressão, a história do casal homoafetivo baseia-se em estudos históricos realizados pelo autor em que descreve o cotidiano da vida privada na América Portuguesa, inspirando-o assim, a narrar as intimidades dos casais e amantes da sociedade brasileira do início dos anos 20. 

Túlio, que se descreve como tímido, levou nove anos para finalizar a obra, pensando-a desde a criação do argumento inicial até sua editoração final. Antes de ser lançado em Vitória da Conquista, o embrião do livro foi discutido em Paris durante a Jornada Internacional de Estudos Brésilienneté: subjectivités et corps. Seu texto completo chegou a ser recusado por duas editoras, até o livro chegar às mãos dos editores da Giostri Editora, cujo foco é a dramaturgia. Hoje, a obra está prevista para ser lançada ainda este ano também pelo Labedisco/Uesb, Editora Marca de Fantasia, Capes e Sourbone Nouvele Paris 3 e tem seu lançamento nacional para o mês de novembro, no Teatro Augusto em São Paulo.

“Atos de Paixão” não é o primeiro livro autoral da carreira do escritor, que já teve, em 2008, sua estreia no mundo literário com livro de poemas “O observador do Mundo Finito”. A publicação, realizada pela Editora Scortecci, foi custeada por um leitor que teve acesso aos seus textos através do site Recanto das Letras. 

domingo, 14 de outubro de 2012

Aquilo Que Meu Olhar Guardou Pra Você



Por Luiza Audaz

O mês das pessoas vindas do ar começou num tom de outubro tão leve e tão instigante, assim como a performance dos rapazes simpaticissímos do grupo Magiluth de teatro, de Pernambuco, atuando em “Aquilo Que Meu Olhar Guardou Pra Você” no Festival Internacional de Artes Cênicas em Salvador.


Os encontros e o comportamento do homem contemporâneo como tema bastaram para que a plateia se tornasse parte da trama e, aos poucos, fosse sendo imersa no processo. Os atores, todos homens, representavam  diversas situações cotidianas e acima de tudo a relação que desenvolvem sentimentalmente  entre si, sendo pais, maridos, filhos, irmãos ou amigos.

O palco era livre e sem cenário, apenas um radinho num canto e umas cervejas espalhadas. A cada momento uma situação nova se criava e a notícia do “ser humano”, que vinha de fora, que vinha da vida, ia se contorcendo nos textos, nas explosões e nos questionamentos.

Um jogo de verdade e mentira era encenado numa festa entre amigos, muitas cervejas, divagações e dúvidas iam revelando um mundo de subjetividades que exalamos em nossas relações, que constroem nossas máscaras. O encontro de um casal em crise, num jantar talvez, eclodia numa briga e a proposta mais fora da órbita do mundo masculino, para muitos, erguia-se num convite:

“Dança comigo? Por favor, dança comigo?”

A valsa entre aqueles dois gigantes - tão frágeis naquele momento - iniciou-se como entrega. No mesmo ato, a dança singela se converteu em socos  e... bingo! Estava lá a eterna contradição do homem e seus sentimentos.

As luzes se apagaram, um homem aparece no centro do palco, apenas uma luz direcional o revela. Uma pequena projeção apareceu sobre seu corpo e o texto veio como chuva e lágrimas. Nu ele jorrou um dos textos mais simples e tocantes da peça.

“Eu não tenho olhos, eu não tenho nariz, eu não tenho boca, aqui, eu não tenho pés, eu não tenho, eu não tenho verbo, eu não tenho ação, eu não tenho depressão, eu sou amorfo (...) você procura o que tem em mim, o que tem em mim você procura por ai (..)“

A seguir, o final é marcado com experiência sonora atrás de nossas cabeças, - vindo do lugar de onde menos se espera representação alguma - na parte alta da sala do coro, oposta ao palco, a voz reproduzida através de um megafone arrematou de maneira emocionante aquele espetáculo em forma de fábula. Os espectadores paralisados procuravam o que ver diante seus olhos, mas aquele texto belíssimo rebatia pelo breu do teatro e espancava sem dó.

Os aplausos ao fim foram presenteados pela luz de pequenos isqueiros que piscavam na escuridão do palco, eles ainda estavam lá, na penumbra, como estrelas do teatro, irradiando aquele 3 de outubro com uma apresentação linda, e nos presenteando como quem diz: “ Aquilo que meu olhar guardou pra você”.

Não era o fim, o último ato aconteceu através de um convite a todos os espectadores a subirem no palco para compartilhar experiências e aquelas tantas cervejas que precisavam ser degustadas. O encontro não seria mais apropriado, pouco a pouco fomos levantando de nossas cadeiras e subindo no tablado, ali mesmo, no palco de se encenar, de se revelar, se criar, se esconder, de se mentir, de se reinventar.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Está no ar a programação do Congresso Fora do Eixo Nordeste!



De 11 a 14 de outubro, agentes de todo o Nordeste estarão participando do grande encontro regional do Fora do Eixo em Vitória da Coquista. A interiorização, a ocupação das grandes cidades e as pontes interestaduais serão os eixos norteadores do Congresso Nordeste 2012. Já os temas escolhidos para as discussões são: os novos desenhos earranjos na Bahia Fora do Eixo, que chega com a proposta de montar uma Casa Regional atuando no estado; o Entrepontos, case local de formação livre; o Circuito Nordeste de Festivais Independentes; a circulação de agentes na regional Nordeste, tendo em vista o circuito de vivências nos coletivos e festivais entre outros assuntos. 

O corpo docente da Universidade Livre Fora do Eixo irá discutir os principais projetos e articulações regionais da rede, tais quais: as vivências como estratégias de desenvolvimento regional, diagnósticos territoriais, politicas culturais, formação livre, ativismo digital, música, sustentabilidade, socioambientalismo entre outros temas, no Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães, localizado na avenida Olivia Flores. Realizado pelo Coletivo Suíça Bahiana, o ponto Fora do Eixo em Vitória da Conquista, o Congresso ainda contará com shows e intervenções artisticas.


Veja a programação completa: 

11/10 - Quinta-feira

14h - Credenciamento, recepção dos coletivos.

15h - Reuniões Livres

17h - Reunião geral sobre o Congresso Regional

19h - Prêmio Suíça Bahiana - Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima
- Premiação dos artistas que se destacaram nos eventos do Coletivo durante o ano
- Lançamento Oficial do Festival Suíça Bahiana
- Show de encerramento com a banda Autoramas (RJ)
- Festa A Bolha (SSA) - Viela Sebo-Café (Av. Siqueira Campos, 350, Recreio)

12/10 - Sexta-feira

09h - Abertura - Apresentação dos coletivos

10h - Observatório: Redes Estaduais e Interiorização: realidade e desafios.
#RedesEstaduais #Interiorização #Georreferenciamento
- A experiência do Entrepontos - Valéria Cordeiro (Casa Fora do Eixo Nordeste), Joana (Dom Quixarte)
- A experiência do FdE Paraíba - Rayan Lins (Coletivo Mundo), Jofran Di Carvalho (Coletivo Estação), Osvaldo Moésia (Cultucar)
- A experiência do FdE Bahia - Gilmar Dantas (Suíça Baiana)
- Os diálogos intermunicipais em Alagoas - Nando Magalhães (Coletivo Popfuzz), Erivaldo (Coletivo Escarcéu)
- A realidade nos demais estados do NE
- Diálogo com os Povos de Terreiro Regionais - Prof. Itamar Aguiar (UESB)

15h - Observatório:O desafio das grandes cidades e capitais nos processos de articulação de rede.
#RedesLocais, #Capitais, #GrandesCidades, #Georreferenciamento
Diálogos: Ocupação das grandes cidades
- Quais os grandes desafios das grande cidades? - Ivan (Casa Fora do Eixo Nordeste)
- Fortaleza - Ivan Ferraro (Casa Fora do Eixo Nordeste)
- Salvador: possibilidades e estratégias de ocupação - Coscarque Cosquality (Boom Clap), Cassia Cardoso (Unicult)
- Teresina: possibilidades e estratégias de ocupação - Teophilo e Thiago ( Parnaíba)
- São Luís: possibilidades e estratégias de ocupação
- Recife: diagnóstico e possibilidades - Edvam Filho (Coletivo Megafone), Alejandro Vargas (Casa Fora do Eixo Nordeste)

17h - Observatório: Casas FdE Estaduais: possibilidades, funções e estratégias.
#CasasFdE, #RedesEstaduais, #Georreferenciamento,
- Casas FdE Estaduais: funções e responsabilidades - Jéssica Miranda (Casa Fora do Eixo Nordeste)
- Casa FdE Bahia - Gilmar Dantas (Coletivo Suíça Baiana)
- Casa FdE Paraíba - Rayan Lins (Coletivo Mundo)
- Casa FdE Alagoas - Nando Magalhães (Coletivo Popfuzz), Nina (Coletivo Popfuzz)

20h - Show Los Otros (BH) - Banda cover do Los Hermanos - Viela Sebo-Café

13/10 - Sábado

9h - Observatório (4)UniFdE - Campus temporários e Permanentes, territórios e desterritórios.
#FormaçãoLivre, #Vivência, #Campus, #Desescolarização, #CorpoDocente, #Universidade, #Circulação, #territórios, #desterritórios
- Abertura: Apresentação UniFdE NE - Valéria Cordeiro (Casa Fora do Eixo Nordeste) e Nando Magalhães (Coletivo Popfuzz)
- Experiências de Formação livre
- Os territórios e desterritórios: circulação e circuito de vivências.
- Corpo docente regional
- Campus temporários e permamentes
- Universidades articuladas
- Experiência com escolas
- Calendário 2012/2013

15h: GTs

GT: Rede Brasil de Festivais
- A Rede Nordeste de Festivais Independentes - Alejandro Vargas (Casa Fora do Eixo Nordeste)
- Apresentação dos festivais do Circuito.
- A Integração dos Festivais.
- Custos de Captação de Recursos para Festivais.
- Festivais como plataforma de desenvolvimento de redes locais.
- Os Campus temporários.
- Estética, curadoria e cachês.
- Integração das linguagens nos festivais independentes.
- Comunicação e Jornalistas nos Festivais.
- Estratégias de Distribuição no CNFI.
- Ações do Nós Ambiente no CNFI.

GT: Mídia Livre Fora do Eixo

GT: Universidade Livre Fora do Eixo

GT: BanCult

GT: Nós Ambiente Fora do Eixo

GT: Distro Fora do Eixo

14/10 - Domingo

9h - (6) Observatório: O Movimento Social das Culturas: Georreferenciamento, conexões e estratégias
#Pcult, #MovimentoSocialdasCulturas, #Conexões, #Georreferenciamento, #ArticulaçãoPolítica, #Eleições
- Movimento Social das Culturas: Panorama regional - Chico César (Secult - JP), Ivan Ferraro (Casa Fora do Eixo Nordeste), Rayan Lins (Coletivo Mundo)
- Eleições 2012: ações locais
- Conexão dos povos e territórios: Fora do eixo, cultura digital, culturas ancestrais e populares
- Diálogos com Movimentos Sociais no território
- Estratégias de mapeamento e diagnósticos

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

III Mostrinha de Cinema Infantil de Vitória da Conquista


Da Redação

Na Semana da Criança, os alunos da rede municipal de ensino de Vitória da Conquista e a comunidade da cidade terão uma programação especial: é a Mostrinha de Cinema Infantil, que, em sua terceira edição, consolida-se no calendário educacional e cultural do município, bem como no universo das mostras e festivais audiovisuais da Bahia e do Brasil.

Imagem: Divulgação

Configurando-se como uma efetiva possibilidade de despertar novos olhares por meio do contato com a sétima arte, a Mostrinha contará com um público de crianças, entre 4 e 12 anos, de escolas e creches municipais. Entre os dias 8 e 11 de setembro, serão exibidos 22 filmes, de diversos estados e selecionados na vasta produção nacional de curtas-metragens, que raramente é difundida em circuito comercial. Os filmes passarão por um júri infantil, presidido pelo ator mirim Vinícius Nascimento (do curta “Doido Lelé” e do longa recém-lançado “À Beira do Caminho”) e composto também por crianças de escolas municipais de Vitória da Conquista.

Em paralelo, acontecerão, também no campus da Uesb, quatro oficinas: animação/pixilation, produção de vídeo, fotografia (para alunos) e cineclube na escola (para educadores). E, para encerrar a Mostrinha, o cinema brasileiro de longa-metragem será levado a duas praças públicas da cidade: Nossa Senhora dos Verdes (Bairro Brasil) e Sá Barreto (Petrópolis), com sessões abertas à comunidade.

A realização é da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, por meio da Pró-Reitoria de Extensão e do Programa Janela Indiscreta Cine-Vídeo Uesb, com a correalização da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Uesb (FADCT) e da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista, através da Secretaria de Educação. A III Mostrinha conta com o apoio da Rede Kino – Rede Latino-americana de Educação, Cinema e Audiovisual e o patrocínio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e Governo Federal, por meio do Programa BNB de Cultura.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O Rebucetê Indica: Agenda Cultural (05 a 13 de Outubro)

O mês de outubro chegou em Vitória da Conquista com uma programação que deixa o frio característico da cidade bem pra trás. O Rebucetê fez uma listinha para você, programe-se:

 Congresso Fora do Eixo/ Noites Fora do Eixo/ Prêmio Suiça Bahiana

As atividades do Coletivo Suíça Bahiana se intensificam neste mês, além das já tradicionais Noites Fora do Eixo, o grupo premiará os destaques da cena independente local e receberá agentes culturais de todo o Nordeste para discutir Cultura.



Noites Fora do Eixo de Outubro
Congresso Fora do Eixo Norsdeste


Prêmio Suiça Bahiana
05 de outubro/Corleone's  The Party 2



A ideia é simples: homens de paletó e chapéu; mulheres de vermelho. A segunda edição da Corleone's vai contar com a banda Randômicos e a estreia da Côrte Cabal, que faz parte da nova geração da música conquistense.Primeiro lote de ingressos (promocional): R$ 5,00 à venda na loja do Suíça Bahiana.





 05 de outubro/ Zombie Killer 

Festa de música eletrônica com tema "Apocalipse Zumbi", realizado pelo coletivo Geek Party. É proibida a entrada de qualquer tipo de drogas ou armas e o uso de fantasia é opcional. Os ingressos estão sendo vendidos no Point do Ingresso, na Banca do Terminal e na Zas Tras.





 06 de outubro/ BOOM!!! 


Está chegando o "BOOM!!!", evento que mesclará as apresentações das bandas Ladrões de Vinil, Mucambo e B Negão & Seletores de Frequência, com intervenções de artistas plásticos locais, projeções de vídeo-arte e prática de esportes. Onde? Conha Acústica Centro de Cultura Camilo De Jesus Lima;  Quando? 06 de outubro, às 15 h. Quanto? 20 reais, antecipado






11 de outubro/ Ivete Sangalo

Nas vésperas de lançar o novo álbum  "Real Fantasia"  e atuando na novela "Gabriela", Ivete Sangalo volta a Vitória da Conquista. 




13 de outubro/ Cantadores - Lá na Casa dos Carneiros

O conquistense Elomar recebe os amigos Chico César, Saulo Laranjeiras e Xangai em um concerto Lá na Casa dos Carneiros.




quarta-feira, 3 de outubro de 2012

#PósTV #CidadeQueQueremos #VCA

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Aí Foi Que O Barraco Desabou...

Por Mariana Kaoos e Acid Prince

Foto: Vandet
Ainda era fim de tarde. Com os ombros queimados de sol, sentada numa mesa mais afastada, conversava uma besteira qualquer com os amigos ao redor. Por todo o ambiente ecoava uma velha e conhecida batida de reggae, relembrando tempos de outrora, ressignificando o meu presente. A banda que interpretava Ponto de Equilíbrio era Ronaldo e Malungos durante o evento Feijoada Xamparia. Eu não sei porque diabos estava lá, mas existe algum tipo de imã maligno que sempre me atrai à Xamparia (ou Xuparia, como sempre me escapole nos diálogos ou Xanaria, como dizem as línguas oficiosas). O negócio é que, gostando ou não, é o novo point LGBT conquistense e, naquela tarde de ontem, mesmo não acontecendo na habitual residência na João Pessoa, o público era o mesmo. Aliás, a única coisa que não estava habitual foi que, assim que cheguei com meus amigos, a cerveja estava acabada; mas pode-se confiar em na eficiência das pessoas e, em pouco tempo, o bar estava abastecido. 

O lance da feijoada pouco nos importava porque, pela hora que chegamos, feijão era a última coisa em nossas mentes. Pelo que alguns conhecidos que encontramos disseram, estava sem sal, assim como a banda de pagode horrorosa que foi chamada pra tocar. Pior que ela só os garotos que fizeram as vezes de bailarino - fazer a linha seria mais apropriado, porque eles eram tenebrosos! Mas enfim... Após uma loooooooooonga fadiga para ajeitar os instrumentos, a banda de rock Na Terra de Oz subiu ao palco. Os meninos, que andam melhorando a qualidade do som, investem com tudo nas músicas autorais e relembram clássicos como Ando Meio Desligado, dos Mutantes. Contudo, tomando todas em pleno domingo, rock talvez seja uma das últimas pedidas para se ouvir. Deixando os gostos musicais e momentos adequados um pouco para lá, sempre me intriga como o grupo consegue reunir dezenas de fãs adolescentes na beira do palco. Elas colocam suas cadeiras lado e lado e ficam suspirando todo o tempo. Suspiros destinados à guitarrista linda, quem sabe? Enquanto Na Terra de Oz finalizava a apresentação, a cerveja já tinha subido à cabeça e as pessoas presentes aguardavam ansiosas pela última atração. 

Foto: Vandet
Por volta das 20h, a banda Sambei, composta por Pc Lima, Jéssica Oliveira, Eduh Vasconcelos, Filipe Sampaio e Marlua subiu ao palco, tirando os óculos dos homens, levantando as saias das mulheres, “o amor seja como for é o amor”. Versos poéticos de Drumond a parte, finalmente as coisas pareciam se animar. Com um olhar dilacerante e um agudo que arrepiava os pêlos do braço, Marlua sorriu, pegou o microfone e entoou os versos, “quem não tem pra quem se dar, o dia é igual à noite”. Foi suficiente. O som estava uma merda e demorou um tanto até que as coisas se equalizassem, mas as poucas pessoas que restavam no local (a maioria eram os músicos das outras bandas) passavam longe de serem audiófilas e chegaram mais perto umas das outras, começando a sambar; sem contar que tinha muito mais gente babando pela cantora do que... bem, melhor deixar pra lá porque foi aí que o barraco desandou... desabou? Quem sabe! A essa hora tinha “globeleza” de shortinho curto e também tinha bicha recém chegada da Itália. 

Casais se embreagando pelos cantos e tantos outros com Louis Vuitton na cabeça. Entre fumaças de cigarro e batidas no pandeiro, Filipe Sampaio, que divide os vocais com Marlua, vinha pra perto do público. Lindo, loiro, com hálito de big apple*, era literalmente o nego de porre na boemia, pedindo para ser curado. Vem que eu curo, Lipe! O melhor de domingos conquistenses é que, se você quiser, eles mantêm a imprevisibilidade que antes era característica de toda a semana. Num piscar de olhos era fim de tarde e, de pele queimada e axé ruim, já rodopiava de um lado a outro do bar, quicando de cá pra lá sem nem lembrar que, na verdade, amanhã era segunda... mas, quem estava se importando mesmo?

Serviço: A Feijoada da Xamparia aconteceu domingo, 30 de setembro, no antigo espaço cultural Rancho.