Foto: Arquivo pessoal |
Por Ana Paula Marques
Thales Travalon, é estudante do IV semestre de História da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Com seu gosto nato pela escrita e por desenhar mapas nas aulas de geografia em sua época de escola, escolheu o curso para estudar os povos e suas civilizações, unindo o útil ao agradável. Thales é autor do livro "Os Contos de Nória - A Espada Imortal", que conta a história do personagem aventureiro Adrian Black em busca de sua origem. Em entrevista ao O Rebucetê, ele nos contou como se deu o processo de pesquisa e desenvolvimento do livro, publicado recentemente através de uma editora independente. Confiram:
O Rebucetê: Quanto tempo você levou para escrever a obra e qual o motivo que o levou a escrevê-la?
Thales Travalon: Quando me propus a desenvolver um mundo de fantasia, não me aventurei a fazer um rascunho de cara sobre a história em si. Primeiro trabalhei o que mais gosto: a mitologia Ni, que consta desde quando os deuses desse mundo começaram a existir, a divisão de seu céu, como as guerras começaram pelo trono celeste, como um “mundo” que não era dos deuses surgiu e como surgiu a vida nesse mundo. Logo em seguida precisei desenhar mapas, desenvolver uma espécie de “evolução” para esses “seres (não-humanos)”. As últimas atualizações foram a língua/escrita, o desenvolvimento do poder mágico e a construção dos primeiros cenários. Disso até escrever o primeiro capítulo do livro, eu passei quase toda a juventude levantando informações, lendo livros de fantasia e manuais de RPG. Do primeiro capítulo até finalizar a primeira obra, levei cerca de oito meses, contando com os bloqueios e o tempo que às vezes me faltava. E, escrevi porque sempre quis que a vida fosse uma ficção fantasiosa, então decidi criar uma nova vida num livro, onde o sistema fugia do mundo real e me levava para um mundo melhor, tipo um refúgio.
OR: Houveram dificuldades? Como foi esse processo de publicar o livro?
TT: A maior dificuldade que um escritor pode encontrar são os bloqueios criativos. Fazer rascunho e começar a escrever o livro e depois rasgar o rascunho e recomeçar tudo de novo... No meu caso, como meu propósito era criar um mundo completamente novo, tive que estudar mitologias (minha paixão) e tentar compreender porque, por exemplo, os Egípcios adoravam o sol, os Gregos pensavam que os deuses viviam num monte, porque os deuses germânicos eram bélicos... Esse exercício lentamente me fez pensar como seria o meu mundo e porque os deuses seriam, não deus do sol, deusa da lua, deus guerreiro, mas, deuses de magia, ciência, excesso, falta, música, dança e justiça. O levantamento de informações não termina aí, tive que aprender gramática, geografia, matemática... Tudo brincando! E isso foi o divertido. Levantar informações para construir um mundo, me “forçou” a aprender as leis de nosso mundo e suas funcionalidades (inclusive socioeconômicas, históricas, linguísticas, etc) e isso só foi positivo. Então, a dificuldade mesmo foi ter que transformar química em alquimia (risos) e física em magia (risos), porque eu não as entendia nem se o professor do ensino médio me explicasse uma vida toda. O processo de publicar o livro foi “simples”. Tentei editoras tradicionais primeiro, mas, acabei me desiludindo com o tempo com a ideia de ser escritor “controlado” por editoras. Então, decidi participar de uma editora de cultura livre, onde todos podem publicar e que não interfere em nada durante o processo. Agora, os problemas internos são vários, como por exemplo: formar um público, achar primeiros leitores... Por eu jogar RPG com vários amigos isso se tornou mais fácil.
OR: O que o motivou a ser escritor?
TT: Eu passava as aulas de química e física desenhando mapas. E nas aulas de geografia catalogando letras. E nas aulas de história tentando pensar porque precisa saber sobre povos no passado. Mas, as aulas de português foram as melhores. Eu sempre adorava escrever e criar redações e mostrar aos meus professores, que incluíam desde críticas políticas até fantasias e contos breves. E, não fiz letras porque achei mais produtivo, pro meu segmento, fazer história. História é um desafio gigantesco. É necessário estudar os povos e suas civilizações (que não são poucas e são complexas) e esse exercício foi me fortalecendo cada vez mais. Acredito que, encontrando o que eu queria fazer, juntei o útil ao agradável e decidi arriscar ser lido pelas pessoas (um público maior que meus professores de literatura).
OR? Você me disse que a literatura nacional está conhecendo a ficção fantasiosa por agora, com alguns nomes como Raphael Draccon, Eduardo Spohr, etc. Fale um pouco sobre o que você sente em estar “encabeçando” esse movimento em Vitória da Conquista.
Capa do livro "Os Contos de Nória", lançado por uma editora independente. |
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