Por Luiza Audaz
Fotos por: Luiza Audaz, Purki e Henrique de Eça
Fotos por: Luiza Audaz, Purki e Henrique de Eça
Às sete da manhã fui cumprir a missão de acordar meus bebês, que ainda estão se acostumando com o cruel horário de verão que nos pegou aqui em minas, para sairmos rumo a mais um dia de trabalho.
Meus “bebês”, afinal me sinto responsável por cada um dos integrantes da equipe, por puxar a orelha algumas vezes e acima de tudo promover o bem estar deles tem sido uma das tarefas mais gratificantes neste trabalho. Brincadeiras a parte, submergir no mundo masculino, sendo a única mulher da equipe , também tem sido bem interessante.
Acordamos na expectativa dos biscoitos produzidos na cidade de São Tiago. Acompanhados pela produção local do Circuito Trilha dos Inconfidentes, chegamos à procura do tão falado forno, construído no meio da praça pública.
Ao chegarmos nos deparamos com uma estrutura suntuosa. Era o Café com Biscoito, estabelecimento situado no meio da praça que abriga um grande forno antigo, preservando a forma arcaica em que eram assados os biscoitos. Uma cruz imperava sobre o forno que mais parecia um iglu de tijolinhos queimados. Grandes lustres e prateleiras cheias de biscoitos nos convidaram a pedir um dos cafés - outra especialidade da casa - antes de começar o serviço.
Depois de visitar o set de gravações que montaríamos no café, na manhã da terça feira em São Tiago, conhecemos a família de Dona Noeme que, já com suas quatro gerações de biscoiteiros faria as honras da casa.
Com a tradição datada de ser a mais antiga em produção de biscoitos da cidade Dona Noeme e sua netinha Isabelle Sophie, de 6 anos, nos aguardavam sorridentes na porta de casa.
O convite para tomar o café da manhã que preparou com uma mesa cheia de deliciosos biscoitos mineiros animou a todos, começaríamos o dia felizes e de barriga cheia.
O convite para tomar o café da manhã que preparou com uma mesa cheia de deliciosos biscoitos mineiros animou a todos, começaríamos o dia felizes e de barriga cheia.
É interessante ouvir tantas histórias. Aquela família há quatro gerações sobrevivia da feitura de biscoitos. Levamos Noeme, Sophie - que nos contava sobre seus planos de ser atriz famosa - e sua mãe, Germana, para o Café com biscoitos onde faríamos as gravações. Entrevistamos também Flúvio e Geraldo responsáveis pelo estabelecimento e organizadores da festa Café com biscoito que, todo ano, distribui 6 toneladas de biscoito gratuitamente aos visitantes do evento e dentre outras coisas, promove atividades culturais diversas e fomenta a economia local.
Depois de almoçar no restaurante do baiano simpaticíssimo que encontramos em São Tiago, partimos para a cidade Coronel Xavier Chaves em busca do alambique mais antigo em funcionamento do Brasil, ativo desde o século XVIII e funcionando na mesma lógica de gerações.
Encontramos uma figura raríssima, Nando Chaves, responsável pelo alambique e descendente direto de Tiradentes, representa a sétima geração que impera no processo de destilação da cana de açúcar na região.
Encontramos uma figura raríssima, Nando Chaves, responsável pelo alambique e descendente direto de Tiradentes, representa a sétima geração que impera no processo de destilação da cana de açúcar na região.
As instalações preservadas do Alambique nos ajudaram a construir uma bela fotografia, que segundo nosso diretor Eduardo Rodrigues, inaugurou a fotografia e luz mais perfeitas até então, em nossa filmagens pelo sudoeste mineiro.
Áudio OK, três câmeras a postos. Bati a claquete e deixei que o Nando desse seu espetáculo de oratória e venda do produto: "aqui a gente faz cachaça pra beber, o que sobrar a gente vende."
Nando é um degustador nato da bebida e a cada história contada um gole da aguardente que o alambique produz, “essa é a cachaça que não tem vergonha de ser branquinha", afirma.
Nando é um degustador nato da bebida e a cada história contada um gole da aguardente que o alambique produz, “essa é a cachaça que não tem vergonha de ser branquinha", afirma.
Coronel Xavier Chaves exibe em suas praças impressionantes esculturas de pedra, edificações gigantescas de leões, homens nus e seres do imaginário regional alegram e compõe aquela cidade de clima agradável e memória antiguíssima.
Saímos de lá observando um cortejo fúnebre que cortava a praça, perto da igreja de pedra, senhoras com paninhos na cabeça, num fim de tarde florido, de cores amenas e corações consternados. Levei comigo uma saudade que não sabia bem de quê, com o gosto da cachaça e do tempo, focada na próxima cidade que nos esperava para o dia seguinte, com mais cores, mais descobertas, mais histórias.
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