Fechando a noite deste domingo (25), o conquistense Roberto de Abreu lançou seu livro "Gennesius – Histriônica Epopéia de um Martírio em Flor". A obra, conta a biografia fabular e ficcional de Genésio, composta a partir de uma emocional colcha de retalhos, de memórias de inúmeros artistas cênicos baianos
Por Mariana KaoosRoberto de Abreu. Foto: Luiza Audaz. |
CENA 1: Fim de tarde. Praça principal de uma cidade do interior. As cores do céu aos poucos se esvaem, dando lugar à escuridão. Pipoqueiros, crianças e jovens circulando pela praça. Igreja aberta, luzes acesas e do alto falante, que fica no ponto máximo da sua torre, ecoam músicas cristãs. Ao lado da igreja, numa casa rosa, florida, pessoas chegam para um evento cultural prestes a acontecer.
PERSONAGEM 1- A JORNALISTA: Músicas assim lembram a minha infância e meu período de catequese. Podia terminar de fumar e entrar para a missa. Eu sempre ia à missa, só para comer a hóstia e gruda-la no céu da boca.
CENA 2: Os sinos da igreja tocam em sinal do início da celebração dominical. Ao mesmo tempo o evento na casa rosa, que chamam de Memorial Régis Pacheco, parece começar. Artistas da antiga cena teatral estão presentes, misturando-se com os novos. Cineastas, atrizes, fotógrafos, admiradores da arte em geral, estão juntos, em pé, ouvindo Roberto de Abreu, autor do livro lançado naquele momento, Gennésius- Histrônica Epopéia de um Martírio em Flor. A decoração do ambiente, intimista, dá um ar de aconchego aos presentes. Guarda chuvas coloridos, bancos de madeira, biscoitinhos de goma.
PERSONAGEM 2- O DIRETOR DE ARTE TADEU CAJADO: Gennésius é um livro que fala dessa gente sertaneja, simples, humilde, cheia de sonhos. Eu tentei representar isso através, por exemplo, de flores especificas daqui, as chamadas “rainhas” e com outras coisas que nos remete a esse universo primoroso, delicado e simples. Esse sertão falado em Genésius é um sertão real, onírico, mítico, profundo, que reflete tambem o sertão que Elomar canta. Ele permanece vivo não só no espaço geográfico, mas no coração de quem se inspira nele.
CENA 3: Leitura de um trecho do 4º capítulo de Gennesius. Ao interpretar a cena, começa a chover no ambiente. Dizem que chuva em início e fim de eventos artísticos trazem boas safras, boa sorte. Os atores sorriem com o presente dos céus. A leitura se inicia com um diálogo do menino Gennésius com dois amigos, onde ele diz que quando crescer não que ser nada, seu desejo é apenas ser. O platéia está vidrada. Se emocionam. A leitura termina, ouvem-se palmas calorosas. Roberto agradece. Ao fim do seu agradecimento, há uma intervenção.
Foto: Luiza Audaz |
PERSONAGEM 3 - O PSICOLOGO E DIRETOR TEATRAL CÁSSIO MONTALVÃO: Isso já faz algum tempo, mas eu me recordo quando Robertinho me disse que queria fazer artes cênicas. Hoje, com muito orgulho eu vejo não mais o menino, mas o homem, que é luz, sabedoria e inspiração. Nesse universo tão marginal que o teatro se insere, não por sê-lo de origem, mas porque os outros assim pensam e rotulam, é como muito prazer que existem destaques e que temos pessoas como o respeitabilíssimo acadêmico Roberto de Abreu.
CENA 4: Os olhos do público brilham. Nesse instante, com a pausa da leitura, o teatro parece mais vivo do que nunca. Pessoas dispersas sem reúnem em grupos, todos extasiados com o ardor do momento. Citam Wally Salomão e seu “teatro é ato”, porém, preocupados, também discutem sobre a subsistência e incentivos que são necessários para o teatro na cidade do interior.
PERSONAGEM 4: A ATRIZ DANIELA LISBOA: É complicado fazer teatro no interior, e acredito que em qualquer lugar, por uma questão de recursos. Agora, com essa nova onda do edital as coisas se tornaram mais fluidas, mas ainda não é suficiente. Até mesmo porque editais exigem muita burocracia e o dinheiro sempre demora de sair. O teatro é difícil por uma questão de expressão mesmo. Ele é presencial. Quem assiste teatro não é platéia, são testemunhas. Então o empresariado que não frequenta o teatro acaba não investindo, por não saber de fato o que é o teatro.
CENA 5: Roberto recebe o público para autografar os livros. Garçons servem chocolate quente e guaraná. Na mesinha de biscoitinhos de goma, há também biscoitos avoador e três pastas, atum, mostarda e presunto, para o público degustar. O espírito de produção artística pulsa em todos os presentes. O PERSONAGEM 1- A JORNALISTA, se retira do ambiente sorrindo. Gennésius agora é história dita na imaginação de Roberto, bem como nas suas palavras oferecidas ao público. Para a jornalista, aquele momento finda-se ali, mas não o “show”. O “show” de agora em diante e mais do que nunca deve sempre continuar. EVOÉ.
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