terça-feira, 13 de novembro de 2012

"Lotus" - Christina Aguilera


Com Lotus, Christina Aguilera melhora mas não se revigora, sendo mais um atestado de como a artista norte-americana se esforça demais.

Por Lucas Oliveira Dantas

"Lotus"
Christina Aguilera
RCA
De todas as artistas Pop, Christina Aguilera é única que eu realmente sinto algo próximo de “pena”. Por mais que ela tente e se esforce (muitas vezes genuinamente), ela sempre acaba soando como uma copycat - imitadora.

Neste novo álbum, Lotus, além de Madonna (duh!), ela tenta ser, Florence and the “Boring” Machine, indie pop, mas, o pior (ou “melhor”, se preferir) é quando ela vira copycat de si mesma.

Não há exatamente um problema nisso; grandes divas do Pop estão o tempo inteiro se auto referenciando em seus trabalhos - a já mencionada Madonna, desde seu álbum American Life (2003), volta para si mesma em temas e sons. Só que dessa auto reflexão, geralmente, saem interessantes resultados e novas perspectivas não só sobre a artista, mas também seu contexto na cultura pop (novamente, Madonna, em 2008, voltou a falar de sexo e pistas de dança em seu álbum Hard Candy, gerando uma discussão, para melhor ou para ruim, sobre o comportamento da mulher de 50 na sociedade do século XXI).

Só que a mente de Christina Aguilera, infelizmente, é bem menos brilhante do que ela faz parecer e ainda menos do que seus fãs gostariam.

Lotus

Ela inicia o álbum com uma intro que soa promissora: vocais editados e multiplicados dão o efeito etéreo do conceito da flor que nasce da lama pantanal; a gaita de fole contribui para o processo. Mas a coisa que deveria ser uma introdução, começa a dar loops entediantes, não se comparando em nada com a precisão eficiente de outras introduções, como Stripped Intro, de 2002.

A auto indulgência continua com Army of Me (quem viajou-na-maionese que seria um cover do clássico de Björk põe a mão aqui!). Em miúdos, “Army of Me” é igual a Fighter (2002) - ela, obviamente, cita a canção no refrão. Mas, por alguma razão, a música é boa e você consegue esquecer, depois de algumas audições, a chatice da letra.

Aliás, essa mania das atuais divas pop de soarem oh tão profundas e inteligentes é que tem sido meu principal problema com o mainstream Pop atual.

Se você vai falar o quão fodona você é, me diga de forma interessante - seja com versos longos e truncados a lá Alanis Morissette, ou com figuras de linguagem ricas como as de Björk. Ou até com a simplicidade direta de Madonna e Cyndi Lauper. Senão, mantenha-se à sua ignorância a lá Britney Spears.

Mais para frente tem o mimimi de baladas longas demais, gritadas demais e, bem... chatas demais. Sing for me é a cereja do sundae das pobres e solitárias divas pop, tão maravilhosas, ricas e amadas, mas coitadas, solitárias... você já está golfando?

Tem mais, Blank Page tem a mesma vibe. É uma piano-balada com uma pegada folk nos vocais que, felizmente, não é recheada de melismas insuportáveis. Aliás, ainda bem que Aguilera chutou Linda Perry para este trabalho, o mundo não aguentaria outra tentativa de Beautiful.

E falando em folk, ela atinge total status “country strong” em Just a Fool, dueto com seu colega de The Voice Black Shelton - provavelmente a melhor faixa de todo o álbum, por ser uma balada simples e honesta.

O ponto alto, só que ao contrário, é quando ela canaliza a teatralidade de Florence and the Machine, em Cease Fire e sua bateria em ritmo marcial, mas morre na praia do tédio assim que a canção chega ao refrão.

Mas, na realidade, Lotus é um bom álbum. Não chega aos pés de suas obras-primas - o debut de 1999 e Stripped - mas é infinitamente melhor que seu último esforço solo, Bionic (2010).

Pelo menos em Lotus ela manteve-se próxima a compositores e produtores que seriam capazes de dar-lhe bons hits (Max Martin, Shellback, Sia Furler e Steve Robson), ao invés de fazê-la soar como uma patricinha abestalhada tentando ser bebona e junkie (oi, Ladytron e Le Tigre?).

Apesar das baladas enjoadas e da presunção generalizada, Christina Aguilera consegue ser divertida na maior parte do álbum, como no lead-single Your Body e em faixas como Red Hot Kinda Love, Let There Be Love e Circles. E, como de costume nos lançamentos do Pop atual, as faixas mais interessantes são lançadas na versão deluxe - Light Up The Sky e Empty Words.


Lotus é um álbum que, como muito da carreira de Christina Aguilera, tem elementos interessantes e promissores, mas o produto final é bem menos que a expectativa gerada.

Christina Aguilera tem dito por aí em entrevistas que Bionic será um álbum aclamado no futuro; mas, ela deveria parar de tentar justificar seus tropeços e focar em cuidar do bom trabalho que tem em mãos.

Afinal, é devido a essa mania de grandeza em ser extremamente relevante para a produção musical e história do Pop que ela abocanha mais do que pode e Lotus, então, não é mais do daquilo que promete.

Nota: 3/5
Destaques: Your Body, Army of Me, Red Hot Kinda Love, Just a Fool, Light Up The Sky

2 comentários:

  1. E a bitch ainda copia o nome de meu projeto! ò.ó

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  2. Fiquei tão empolgado quando saiu "Your Body", mas depois que saiu o álbum...

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