quarta-feira, 6 de junho de 2012

Festival Rádio Rock: "De volta aos clássicos da Concha"

Por Thaís Pimenta

Foto: Letícia Portela
A organização havia prometido: “O evento começará às 16:00 horas, e seremos pontualíssimos”. No entanto, às 16:40 h o público ainda aguardava na praça Guadalajara, vulgo, praça da Normal. Grupos de amigos esperavam ansiosos pela abertura dos portões da Concha Acústica do Centro de Cultura de Vitória da Conquista, enquanto, ao poucos, a praça da Normal começava a ficar mais escura. O termo “escuro” refere-se ao tom das camisas daqueles que ali se reuniam, onde as estampas de bandas e all stars nos pés acabavam por compor o look rock'n'roll. O Festival Rádio Rock aconteceu no último domingo (03/06) e veio quebrar o jejum de mais de um ano sem um grande festival de rock no Centro de Cultura. O céu ganhou um tom alaranjado, indicando o findar da tarde e o começo do evento. Por volta das 17 h a primeira banda subiu ao palco. Enquanto o público entrava na concha, os rapazes da In Mundos já faziam um som pesado e as primeiras rodinhas punks, ainda tímidas, começavam a se formar. A banda que já tem cinco anos de história, trouxe ao palco algumas músicas autorais como “Índio  Pataxó” e “Saúde Zero”,  além de alguns covers de Dead Kennedys, Ramones, entre outras bandas.


Foto: Letícia Portela
A luz do sol deu lugar à iluminação artificial e sob a luz vermelha dos refletores, a banda Bad Boy Boogie's tomou conta do espaço. Quando o primeiro acorde das guitarras soou, aqueles que ainda estavam sentados nas arquibancadas aglomeraram-se em frente ao palco juntando-se aos bons. Bad Boy Boogie’s, banda tributo à australiana AC/DC já é conhecida pelo público conquistense e vem se apresentando esporadicamente na cidade. Durante todo show fica visível uma intimidade com o público, uma troca mútua de energia. “Como não temos a oportunidade de fazer muitos shows, quando há algum, me jogo completamente, o público é nosso amigo, interagem e se divertem com a gente. E é isso, enquanto estivermos em palco vamos colocar tudo o que temos a oferecer”, diz Wesley Grunge, vocalista da banda, ainda tentando recuperar o fôlego após um show eletrizante. Sem perder a energia, a banda Recrucifixion deu continuidade, trazendo um som ainda mais pesado.

A atração mais esperada pelo público, a Cama de Jornal, queridinha do cenário punk de Conquista, foi a penúltima banda a se apresentar. E bastava Nem, vocalista da banda, cantar a primeira vogal de cada música para o público acompanhar. Uma parada para um esclarecimento: “Essa música que agora eu vou cantar, não é apologia à bebida, eu realmente a fiz por que estava tentando parar de beber”. Bastou essa frase para que a galera começasse a cantar “O álcool me persegue”. Em questão de segundos, os vocalistas das bandas que já haviam se apresentado, subiram ao palco e dividiram o microfone com Nem, momento ápice do festival.


Foto: Letícia Portela


A última banda foi a Suffocation of Soul. Quando começaram a tocar, aí sim entendi o que é um verdadeiro bate cabeça. O grupo de thrash metal old school com fortes influências do heavy tradicional, oriunda da cidade de Poções, tem uma característica em comum entre os quatros integrantes: cabelo longos e cacheados. Enquanto tocavam músicas como "Prellude to a Nuclear War" e "The Last Away of Madness", o que se via era um balançar quase que sincronizado de suas madeixas. O repertório da Suffocation ainda teve espaço para as músicas "Alison Hell" e "From The Past Comes The Storms", das bandas Annihilator e Sepultura, respectivamente.
O festival, organizado por Osniel Oliveira, relembrou os tempos em que haviam frequentemente shows de rock na Concha do Centro de Cultura. “Há mais de um ano não havia um evento desses, mais underground, mais rock'n'roll, mais metal. Por isso pensamos em fazer um evento mais dedicado à bandas mais pesadas, porque geralmente essas bandas não têm espaço em Vitória da Conquista”, afirma Osniel. Segundo o organizador, o principal empecilho para a realização desse tipo de evento é a falta de um espaço adequado. “A agenda do Centro de Cultura geralmente é cheia, e Conquista não oferece outro lugar, a maioria dos shows alternativos acontecem no Viela Sebo Café, mas sabemos que lá há problemas estruturais, é um espaço pequeno, um barzinho”, afirma.



Foto: Letícia Portela
O Festival Rádio Rock reuniu um público de cerca de 460 pessoas e deu um show de organização. O evento contou com cinco seguranças e dois bombeiros, que volta e meia ajudavam aqueles que excederam um pouco na bebida. No final da noite, veio a sensação de nostalgia e saudade dos velhos tempos de rock em Vitória da Conquista, além de muita dor no pescoço.

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