Mariana Kaoos
Foto: Divulgação. |
Há exatamente um ano, aqui, em Vitória da Conquista,
estudantes do curso de comunicação social da Universidade Estadual do Sudoeste
da Bahia se aglutinavam aos fins de semana para discutir sobre os
posicionamentos da atual mídia hegemônica, bem como de possíveis soluções e
meios para transformar a comunicação do país. Para a grande maioria, foi o
primeiro contato com essas ramificações da comunicação, como o debate sobre a
democratização da mesma, a qualidade de formação do comunicador, um estudo mais
ampliado sobre as opressões, dentre varias outras coisas. As tais reuniões
demarcavam não só um fluxo de consciência maior acerca da realidade do país,
mas uma apresentação a temas que seriam abordados mais adiante, no Encontro
Nacional dos Estudantes de Comunicação (Enecom) que, naquele ano, 2011,
aconteceria em Belém do Pará.
Esses estudantes de Vitória da Conquista enfrentaram dois
dias de viagem num micro-ônibus que apitava quando o motorista ultrapassava os
100km/h. Sem banheiro, parando de posto em posto, o jeito era não tomar banho,
comer biscoito recheado e aguardar a tão esperada chegada na terra do carimbó.
E assim foi, o ônibus parou por volta das 5 horas da manhã na Universidade
Federal do Pará. Os estudantes, com muito calor, foram recepcionados pela
comissão organizadora do evento e logo se alojaram numa das salas, com o ar
condicionado quebrado.
Durante uma semana, aquela sala, bem como o resto da
universidade, era o local de moradia não só daquelas pessoas que vieram da
Bahia, mas de todas as outras delegações, dos quatro cantos do país, que foram
chegando aos poucos. Tinha gente de Alagoas com seu sotaque engraçado e também
de Sergipe, sérios a primeira vista, mas cheios de poesia para oferecer. Tinha
gente do Mato Grosso que, mais adiante viraria lenda pela forma de se vestir e
também tinham lindas moças do Rio, nos fazendo lembrar aquela música chamada
“Ela é carioca”, que um dia o maestro Tom Jobim tocou em seu piano. A sensação
que o encontro oferecia era de que aquilo tudo era um universo paralelo, regado
a coletividade e ideologias, a curtição, a sérios e intensos debates e,
principalmente, a união. É claro que tensões políticas e estranhamentos também
caracterizaram aquela semana, mas foi algo facilmente descartado se comparado
às gratificações causadas ali. Embora muitas daquelas pessoas estivessem se
vendo pela primeira vez, os elos criados foram fortes o suficiente para
perdurarem até os dias atuais.
Passado um ano, novos estudantes que compõem o curso de
comunicação social da Uesb e de todo o Brasil se reúnem em pré-encontros para
um novo Enecom. Dessa vez o “bat-local” será Brasília, mais especificamente na
Universidade de Brasília (UNB), entre os dias 13 a 20 de julho. Tendo como base
o debate da democratização da comunicação, o Enecom 2012, traz o tema “A voz do
oprimido está no ar”. O encontro está sendo construído por estudantes de todo o
país que acreditam ser possível uma nova roupagem para os tradicionais meios de
comunicação. Espera ai, eu disse nova roupagem? Na verdade, o que a maioria desses
estudantes procura é, através do embasamento teórico e de práticas consolidadas
(mesmo que ainda pouco exercitadas), fazer uma revolução dos meios, com uma
linguagem popular e poder na mão das massas. Ousado, não?
Sim, ousadíssimo, mas a maioria das grandes e boas ideias
também são. O Enecom bate às portas dos cursos de comunicação do país,
convidando todos os estudantes para uma percepção diferenciada das já
estabelecidas por aí, para muita festa (as culturais são sempre as melhores),
muitos encaminhamentos e muita consciência do papel de cada um nessa sociedade
que compomos. Na certa, aqueles mesmos estudantes baianos que saíram aos
prantos de Belém, emocionados, extasiados, acreditando ser possível transformar
as coisas de acordo com seus sonhos, chegarão sorridentes em Brasília
constatando que bem aos pouquinhos, mas com muita força, parte desses sonhos já
está se tornando realidade.
Eu caio de bossa.
Viva a rapaziada!
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