Por Murillo Nonato
Foto: Lucas Dantas |
Violão, zabumba, sanfona, triângulo
e rédeas (rédeas? sim, rédeas) nas mãos. A banda Fulô Caatingueira, montada em
uma carroça, saiu do Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães, localizado na Av.
Olívia Flores em direção ao Viela Sebo-Café, no centro , para o seu
primeiro show, no último sábado (02/06). Enfeitada com bandeirolas, o veículo
passaria despercebido pelas ruas da cidade se não houvesse em cima uma banda
tocando e cantando forró pé-de-serra. Os forrozeiros chamaram a atenção por
onde passaram. Os carros buzinavam, dos prédios pessoas acenavam e do comércio
vinham risadas. Todos olhando curiosos para a novidade.
A brincadeira faz parte do
projeto Forró Cultural, idealizado pelo produtor Nimário Ferreira, da Mais Produção.
Segundo ele, o programa pretende chamar a atenção de Vitória da Conquista para
a cultura nordestina. A banda Fulô Caatingueira, acolhida pela produtora há
pouco menos de uma semana, deu o primeiro passo na iniciativa.
Daniel Araújo, zabumbeiro do
grupo, contou que o desejo de montar uma banda de forró pé-de serra é antigo.
Ele e a vocalista, Alexandrina Santana, já haviam feito inúmeras "parcerias e forrós
por aí". No entanto, até então a tentativa de concretizar o plano era sempre
adiada. “Ela sempre estava ocupada. Ela também é atriz e estudante, as peças e a
faculdade ocupavam muito tempo e nunca conseguíamos nos encontrar para fazermos
a união. Aí surgiu o convite da produtora, juntamos energias e estamos fazendo
esse som”. O nome do grupo já existia, era um dos registros comprados pela
empresa Mais Produção e foi adotado pela banda. “Estávamos tocando com o
repertório de Luiz Gonzaga. Juntamos com eles (Mais Produção), conhecemos o
Nimário e aproveitamos essa oportunidade para poder estar divulgando os
trabalhos. A banda estava sem nome, estava sem destino. Com o auxílio da
produtora estamos caminhando”, disse Alexandrina.
Para o zabumbeiro, forró de
verdade é o pé-de-serra, é o de raiz, que vem do Rei do Baião, que comemoraria
seu centenário esse ano, caso estivesse vivo. "Nossa música é bem nordestina, graças
a Gonzaga e Seu Januário, seu pai”, disse Daniel. Sobre tocar no Viela, local
geralmente frequentado pelos admiradores do rock, o zabumbeiro disse: "Por que
não? Forró é cultura. Quem não gosta de ‘chamegar’ e de dançar próximo? Roqueiro
só sabe bater cabeça, é?”.
Foto: Lucas Dantas |
Por volta das 22 horas no Viela-Sebo Café, localizado na avenida Siqueira Campos, depois de quase 30 minutos de percurso em cima da carroça, a banda subiu ao
palco. Foi “um tantin de gente para um bocadão de forró”. Apesar do pouco
público, o grupo cantou animadamente seu repertório de músicas cover, que passaram por "Sala de Bloco" e "Sabiá", de Luiz Gonzaga, "Tareco e Mariola", de Flávio José, "Esperando na Janela", de Gilberto Gil, entre outros. O próximo passo é levar seu
forró (e quem sabe de carroça) para as cidades do interior baiano aproveitando
o ensejo do período junino.
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