Por Lucas Maciel
Ragefaces (Fonte: Reprodução)
|
Quando você se sente sozinho, como definir sua situação? Você está
solitário, abandonado ou é um forever alone? Algo muito constrangedor acaba de
acontecer: você fica sem graça, sem saber o que fazer ou com uma poker face?
Você acaba de pregar uma peça em um amigo: isso faz de você um engraçadinho,
espertalhão ou um troll?
Os memes dominaram a Internet. Hoje, é possível expressar uma grande variedade
de emoções através de expressões simples como okay, fuck yea, challenge accpeted,
me gusta, etc. Mas a moda dos memes não se resume a essas expressões: vídeos,
imagens e até gestos podem ser "memeficados".
Memes. O que são? De onde vêm? Como se reproduzem? Sexta no Globo Repórter. (Ou agora mesmo, n'O Rebucetê).
O que é meme?
O conceito de meme surgiu na Biologia. Segundo Richard Dawkins, que
primeiro utilizou o termo, meme é uma "unidade de evolução cultural",
que pode se propagar de indivíduo para indivíduo. De acordo com essa definição,
qualquer mensagem ou ideia transmitida entre indivíduos pode ser considerado
meme. Quando utilizado no contexto da Internet, o termo se refere a qualquer
material que se espalhe pela rede de forma espontânea e colaborativa, sofrendo
mutações que não afetam sua "identidade" – na verdade, ajudam a
construí-la.
É importante ressaltar a diferença entre meme e viral. O meme sofre transformações
com o passar do tempo, por ser utilizado em diferentes contextos; o viral, por
sua vez, não se modifica. Exemplo: o vídeo da música "Oração" da Banda Mais Bonita da Cidade é um viral, por ter atingido 3 milhões de visualizações em apenas 10 dias.
As paródias de música, como essa , são
memes.
De onde surgem os memes?
Os memes nascem principalmente em fóruns online de grande porte, como
o 4chan, o 9gag e o
Reddit. A ascensão de um meme depende de sua
popularidade nesses fóruns, e aqui é possível distinguir meme de bordão. O processo de
criação e de propagação de um meme é coletivo. Já o bordão é criado por uma única
fonte – só sua manutenção depende de um esforço de um grupo de pessoas.
A Internet é o habitat nat
ural dos memes, mas isso não quer dizer que
todo meme se refere a algo criado na Web. Várias referências a programas de
televisão, apresentadores e videogames são memes. Vem gente! (frase de efeito da
"rainha" Xuxa), É uma cilada, Bino! (fala de Pedro, interpretado por Antônio Fagundes,
na série Carga Pesada, da TV Globo) e o FAIL (que nasceu de um erro de tradução do
jogo japonês Blazing Star) são bons exemplos de memes que surgiram offline.
Memes brazucas
O Brasil não está fora da mania dos memes. A comunicade virtual
brasileira criou e consolidou um grande número de memes, como Sou Foda, Mamilos
Polêmicos, TENSO, Dorgas... Os memes encontraram um bom abrigo na blogosfera
brasileira. Sites muito populares como o Não Salvo e
Não Intendo tiveram e ainda têm um papel essencial
na divulgação dos memes que hoje todos conhecem. Mais recentemente, as redes sociais –
com destaque para o Facebook – se tornaram o principal palco para os memes. Através
de páginas que agregam imagens variadas, os memes se propagam através de curtidas e compartilhamentos.
Internet x Mídias Tradicionais
A famosa (?) Luiza (Fonte:Reprodução) |
Um dos memes mais populares (e irritantes) dos últimos tempos foi o da Luiza, que... bem, você sabe. A inocente frase "menos Luiza, que está no Canadá" apareceu em um anúncio do lançamento de um prédio na Paraíba, que virou hit no Youtube. Em pouco tempo, a Luiza infestava as redes sociais.
Este seria apenas mais um meme da Internet não fosse pela grande repercussão que teve nas mídias tradicionais. O Jornal Hoje, da Rede Globo, fez uma matéria sobre a Luiza, mostrando a visita que ela fez aos estúdios da emissora e seu encontro
com alguns de seus profissionais. Por outro lado, o jornalista Carlos Nascimento, no
Jornal do SBT, disse que "Luiza já voltou do Canadá, e nós já fomos mais
inteligentes", após defender que o brasileiro tem coisas mais importantes com que se preocupar. (O Não
Salvo rebateu a crítica em um tom bem...peculiar).
Segundo um estudo da agência de pulicidade JWT, as mídias sociais são totalmente pautadas pelas mídias tradicionais, mas a recíproca não é
verdadeira. Casos como o da Luiza e do trio Para Nossa Alegria são exceções. Mas todo
esse processo não está nem perto de acabar. As mídias tradicionais convivem com a
Internet há relativamente pouco tempo, e é sensato supor que essa relação sofrerá
grandes mudanças nos próximos anos.
A cultura da Web
Os memes passaram de brincadeiras de grupos isolados a piadas internas globais e viabilizam um intercâmbio de informação inédito em nossa sociedade. Uma piada
pensada por um estudante universitário da Romênia pode ser veiculada em todo o mundo
através de traduções via Google Tradutor e imagens mal acabadas, fazendo rir um
jovem brasileiro em uma lan house no interior da Paraíba, por exemplo.
Para a jornalista norte-americana Aleks Krotoski, "a Internet é a
revolução tecnológica definidora dos nossos tempos". Tamanha importância
não é injustificada. A Internet possibilita interações entre pessoas cada vez mais distantes,
de forma cada vez mais rápida, intensa e acessível. E as consequências dessas relações
acontecem tanto no mundo virtual quanto no real. A Web é parte da nossa cultura.
"Curtir" algo (dentro ou fora do Facebook) e usar as hoje
onipresentes #hashtags são sintomas dessa realidade. A Internet é parte
importantíssima da nossa vida, e tende a se tornar cada vez mais relevante. Para perceber isso,
basta pensar no prejuízo em se ter um e-mail invadido. Ou perder um cadastro em uma
rede social. Você usa Internet Banking? Pois é.
Os memes representam uma nova forma de produção cultural, coletiva e facilitada
pela Internet. Por mais bobos e banais que eles sejam, eles são importantes por
mostrar, entre outras coisas, que criar coletivamente é possível - e bastante
divertido. (Além disso, são ótimas formas de finalizar um texto que você não
sabe como terminar).
0 comentários:
Postar um comentário