quarta-feira, 27 de junho de 2012

Memes e a cultura da Web

Por Lucas Maciel


Ragefaces (Fonte: Reprodução) 
Quando você se sente sozinho, como definir sua situação? Você está solitário, abandonado ou é um forever alone? Algo muito constrangedor acaba de acontecer: você fica sem graça, sem saber o que fazer ou com uma poker face? Você acaba de pregar uma peça em um amigo: isso faz de você um engraçadinho, espertalhão ou um troll?

Os memes dominaram a Internet. Hoje, é possível expressar uma grande variedade de emoções através de expressões simples como okay, fuck yea, challenge accpeted, me gusta, etc. Mas a moda dos memes não se resume a essas expressões: vídeos, imagens e até gestos podem ser "memeficados".

Memes. O que são? De onde vêm? Como se reproduzem? Sexta no Globo Repórter. (Ou agora mesmo, n'O Rebucetê).


O que é meme?

O conceito de meme surgiu na Biologia. Segundo Richard Dawkins, que primeiro utilizou o termo, meme é uma "unidade de evolução cultural", que pode se propagar de indivíduo para indivíduo. De acordo com essa definição, qualquer mensagem ou ideia transmitida entre indivíduos pode ser considerado meme. Quando utilizado no contexto da Internet, o termo se refere a qualquer material que se espalhe pela rede de forma espontânea e colaborativa, sofrendo mutações que não afetam sua "identidade" – na verdade, ajudam a construí-la.

É importante ressaltar a diferença entre meme e viral. O meme sofre transformações com o passar do tempo, por ser utilizado em diferentes contextos; o viral, por sua vez, não se modifica. Exemplo: o vídeo da música "Oração" da Banda Mais Bonita da Cidade é um viral, por ter atingido 3 milhões de visualizações em apenas 10 dias. As paródias de música, como essa , são memes.

De onde surgem os memes?


Os memes nascem principalmente em fóruns online de grande porte, como o 4chan, o 9gag e o Reddit. A ascensão de um meme depende de sua popularidade nesses fóruns, e aqui é possível distinguir meme de bordão. O processo de criação e de propagação de um meme é coletivo. Já o bordão é criado por uma única fonte – só sua manutenção depende de um esforço de um grupo de pessoas.

A Internet é o habitat nat
ural dos memes, mas isso não quer dizer que todo meme se refere a algo criado na Web. Várias referências a programas de televisão, apresentadores e videogames são memes. Vem gente! (frase de efeito da "rainha" Xuxa), É uma cilada, Bino! (fala de Pedro, interpretado por Antônio Fagundes, na série Carga Pesada, da TV Globo) e o FAIL (que nasceu de um erro de tradução do jogo japonês Blazing Star) são bons exemplos de memes que surgiram offline.

Memes brazucas

O Brasil não está fora da mania dos memes. A comunicade virtual brasileira criou e consolidou um grande número de memes, como Sou Foda, Mamilos Polêmicos, TENSO, Dorgas... Os memes encontraram um bom abrigo na blogosfera brasileira. Sites muito populares como o Não Salvo e Não Intendo tiveram e ainda têm um papel essencial na divulgação dos memes que hoje todos conhecem. Mais recentemente, as redes sociais – com destaque para o Facebook – se tornaram o principal palco para os memes. Através de páginas que agregam imagens variadas, os memes se propagam através de curtidas e compartilhamentos. 

Internet x Mídias Tradicionais

A famosa (?) Luiza (Fonte:Reprodução)
Um dos memes mais populares (e irritantes) dos últimos tempos foi o da Luiza, que... bem, você sabe. A inocente frase "menos Luiza, que está no Canadá" apareceu em um anúncio do lançamento de um prédio na Paraíba, que virou hit no Youtube. Em pouco tempo, a Luiza infestava as redes sociais.

Este seria apenas mais um meme da Internet não fosse pela grande repercussão que teve nas mídias tradicionais. O Jornal Hoje, da Rede Globo, fez uma matéria sobre a Luiza, mostrando a visita que ela fez aos estúdios da emissora e seu encontro com alguns de seus profissionais. Por outro lado, o jornalista Carlos Nascimento, no Jornal do SBT, disse que "Luiza já voltou do Canadá, e nós já fomos mais inteligentes", após defender que o brasileiro tem coisas mais importantes com que se preocupar. (O Não Salvo rebateu a crítica em um tom bem...peculiar).

Segundo um estudo da agência de pulicidade JWT, as mídias sociais são totalmente pautadas pelas mídias tradicionais, mas a recíproca não é verdadeira. Casos como o da Luiza e do trio Para Nossa Alegria são exceções. Mas todo esse processo não está nem perto de acabar. As mídias tradicionais convivem com a Internet há relativamente pouco tempo, e é sensato supor que essa relação sofrerá grandes mudanças nos próximos anos. 

A cultura da Web

Os memes passaram de brincadeiras de grupos isolados a piadas internas globais e viabilizam um intercâmbio de informação inédito em nossa sociedade. Uma piada pensada por um estudante universitário da Romênia pode ser veiculada em todo o mundo através de traduções via Google Tradutor e imagens mal acabadas, fazendo rir um jovem brasileiro em uma lan house no interior da Paraíba, por exemplo.

Para a jornalista norte-americana Aleks Krotoski, "a Internet é a revolução tecnológica definidora dos nossos tempos". Tamanha importância não é injustificada. A Internet possibilita interações entre pessoas cada vez mais distantes, de forma cada vez mais rápida, intensa e acessível. E as consequências dessas relações acontecem tanto no mundo virtual quanto no real. A Web é parte da nossa cultura.

"Curtir" algo (dentro ou fora do Facebook) e usar as hoje onipresentes #hashtags são sintomas dessa realidade. A Internet é parte importantíssima da nossa vida, e tende a se tornar cada vez mais relevante. Para perceber isso, basta pensar no prejuízo em se ter um e-mail invadido. Ou perder um cadastro em uma rede social. Você usa Internet Banking? Pois é.

Os memes representam uma nova forma de produção cultural, coletiva e facilitada pela Internet. Por mais bobos e banais que eles sejam, eles são importantes por mostrar, entre outras coisas, que criar coletivamente é possível - e bastante divertido. (Além disso, são ótimas formas de finalizar um texto que você não sabe como terminar).





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