Por Lucas Oliveira Dantas
Foto: Purki |
Na ativa há cinco anos, o VAGAPARA é um coletivo de artistas cênicos que atuam coletiva e colaborativamente. Suas atividades se desenvolvem nas áreas de dança, teatro, audiovisual, performance, além de outras linguagens, que são compartilhadas internamente ou em colaboração com artistas externos ao grupo, com o objetivo de explorar as capacidades e interesses particulares de cada integrante, mantendo-se sempre em atividade.
Em conversa com O Rebucete, a atriz, dançarina, produtora cultural e mestra em Teatro pela Ufba, Isabela Silveira, falou sobre o mini festival, seu trabalho e as oficinas ministradas pelo grupo durante os três dias de Festival da Juventude.
O Rebucetê - O Núcleo VAGAPARA foi contemplado com edital de distribuição de espetáculos de dança e vocês, além de Conquista, têm excursionado pelo estado e em outros lugares. Como tem sido essa experiência e qual importância dela para o trabalho do grupo.
Isabela Silveira - O projeto que estamos apresentando em Vitória da Conquista desde ontem [03/05] até domingo está em sua terceira edição. Ele começou com o Núcleo VAGAPARA e o Coletivo Quitando apresentando, dentro do Fundo de Cultura, em 2010/2011, espetáculos em Barreiras, Bom Jesus da Lapa e Santa Maria da Vitória. E tem sido uma experiência bárbara! Porque a ideia do “De Solos e Coletivos” é criar uma aproximação entre os artistas criadores que não são necessariamente de grupos ou companhias, mas de núcleos ou aglomerados artísticos, e também com trabalho solo, para compartilhar experiências. Então a gente se junta para apresentar, mas também tem interesse em se juntar com artistas que estejam em nossas platéias ou oficinas. Tem sido uma experiência fantástica, com redes sendo criadas e fortalecendo a produção das artes cênicas na Bahia.
OR - Há alguns meses o Vagapara esteve em Vitória da Conquista apresentando o espetáculo “Fragmentos de um só”, com os segmentos “Calçolas”, “Em gole” e “Cartografia de um relevo interno”, apresentado por você. Qual a relação entre o “Cartografia” e a intervenção urbana “Isto é apenas uma mulher”?
Foto: Purki |
Imagem: Google |
O solo “Cartografia de um relevo interno” fala de novo sobre feminino e identidade, só que ao invés de se valer dos princípios, ou do Magritte, ou da dança que inspiraram os outros trabalhos, o “Cartografias” fala de um universo teatral e foi criado em um espetáculo coletivo chamado “Fragmentos de um só”. Então, a coisa que liga todas essas coisas sou eu e minhas questões de feminino e idêntidade.
OR - Isso nos leva à próxima pergunta que é a importância dessas questões de gênero e da feminilidade no seu trabalho.
IR - É toda! Não sou como Lisa Vietra [colega de Núcleo VAGAPARA] que é uma estudante de gênero e sexualidade, com embasamento teórico, de forma que essas questões estão embricadas na vida dela, também acadêmica. Mas eu gosto muito dos espetáculos que tenham uma possibilidade autoral, em alguma dimensão; e como eu sou mulher, e como as questões de identidade e o papel da mulher me afligem, eu acabo trazendo tudo isso para o cotidiano.
E a contemporaneidade está discutindo, de fato, todas essas “caixinhas” do que é homem, do que é mulher, do que é gay, do que é heterossexual. Essas caixinhas foram implodidas e a gente hoje tem um grande questionamento coletivo que está refletido tanto no meu trabalho, quanto nos outros trabalhos que vocês verão no Mini Festival Intinerante.
OR - Fale um pouco sobre a oficina de produção que vocês estão ministrando na cidade.
IR - A gente está ministrando duas oficinas dentro do “De solos e coletivos”, uma de criação artística que é com Lucas Valentin e Lisa Vietra, que são do VAGAPARA, e com Isaura Tupiniquim e Mab Cardoso. E de manhã tem a oficina de produção, comigo, onde basicamente eu compartilho as minhas experiências e conhecimentos, as ferramentas, a gente discute um pouco sobre esse fazer cultural, para além dos projetos e editais, num pensamento macro.
No primeiro dia de aula teve gente que não tinha conhecimento algum de produção, mas também gente que tinha esse conhecimento. Mas a reflexão sobre o fazer está lá na oficina, que vai até domingo, quando vamos trabalhar especificamente com projetos, mas antes estamos nesses conceitos macros, o que é um projeto, o que é produção cultural, qual o papel do produtor, o que é cultura - conceitos tais que precisam orientar o nosso fazer.
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