domingo, 30 de outubro de 2011

O Rebucetê Entrevista: Emicida


Foto: Rafael Flores
Por Rafael Flores


Ontem foi o dia do hip hop, bebê. Os “mano” Marechal (RJ) e Rashid(SP) acompanharam a soteropolitana Versus 2 em um incrível encontro de MC`s.  No entanto a expectativa maior da noite girava em torno de Emicida, o artista do ano pelo VMB 2011. O paulista relembrou algumas músicas do rap nacional e jogou com muita segurança suas poderosas rimas.

Batemos um papo com o Emicida no camarim, logo depois do show. Enquanto limpava as lentes de seu óculos, o rapper nos respondeu de forma simpática e descontraída todas as perguntas.


O Rebucetê: Essa sua camisa do Charlie Brown é massa.

Emicida: Curtiu?

O Rebucetê: Demais, adoro o Charlie Brown.

Emicida: Pow, eu vi lá na loja, falei: vou catar essa porra! É de nerd também, né?

O Rebucetê: Quando entramos ouvi você dizendo que queria jogar Mário. Já vi que você gosta de video game. E aí tá jogando o quê?

E: Mário 64.

R: Um clássico!

E: É, tá rolando o DS.

R: Massa. E aí já pegou quantas estrelinhas?

E: Peguei porra nenhuma.Já tomei a maior surra na primeira. Não houve progresso, não vou mentir pra você.

R: Então, vamo partir pro que interessa, né? (risos) Geralmente os artistas utilizam do contexto em que estão inseridos para construir suas letras.  No hip hop é fácil entender a conjuntura em que aquilo foi produzido. Qual a história que o Emicida está escrevendo?

E: Ah, te  falar bem a real. Nem sei direito onde comecou nem onde vai terminar, tá ligado?. A gente tá vivendo o meio da parada aqui agora e o que eu posso te dizer é que acho que quem me influenciou a fazer música ela tinha um propósito maior do que a música propriamente dita como um entretenimento vazio, sabe?. Você pode fazer esse pessoal dançar, mas com um motivo, uma razão, não é só “rebola”. E essas pessoas que me influenciaram, desde Racionais a Leci Brandão, de Pinxinguinha a Cartola e Rapin Hood, me “ensinou” que a minha música tinha que falar com as pessoas, sabe? Eu to lendo um livro da vida do Nelson Mandela e ele fala uma parada muito louca, que você só pode falar de uma história quando ela acaba, tá ligado? Você não sabe se foi gloriosa ou não. Então eu tô nesse pensamento agora também. Depois que eu for embora as pessoas que falem, tá ligado?


R: Na música independente é extremamente necessário que você tenha parcerias, amigos e tal. Como essa galera te influenciou na construção do trabalho?

E: Na verdade, não necessariamente amigos, ás vezes a amizade é até um empecilho, por que você cria uma relacão pessoal onde na verdade deveria ser alguma coisa extremamente profissional. E aí a coisa não anda tão bem quanto deveria. Tem várias história de desencontro de coisa nesse tipo, o que a gente tem aqui. A gente tem uma gravadora chamada Laboratório Fantasma e é a maneira que a gente tem pra trabalhar, e a gente é tudo amigo, só que a gente sabe que a gente tá num emprego. É a mesma coisa que trabalhar no Mc Donald, a diferença é que a gente não faz hamburguer
Foto: Rafael Flores

R: E as novas parcerias, esse ano teve clipe com o Skank, Rock in Rio com o Martinho da Vila. Como foi 2011 pro Emicida?

E: Cara, desde 2006 que as pessoas começaram a ouvir falar de mim, eu criei um bagulho, uma meta pessoal. Não sou muito de ter uma meta na vida, não, tipo:  “ah eu vou cantar no rock in rio”, sabe? É uma coisa que aconteceu no meio do caminho. Não foi uma parada que eu me preparei  a vida inteira. E isso aí foi acontecendo, eu nem sei onde vou chegar. Mas eu sempre gosto de a cada ano que passa, pow, no ano seguinte eu quero fazer o dobro do que eu fiz e até entao tem sido assim, de 2006 até 2011, cara, tipo eu tô numa crescente assustadora. Assim, nos últimos cinco anos eu saí das batalhas de rua , dos eventos de quebrada mesmo. Não que eu desmereça isso, acho do caralho, gosto de fazer, faco sempre que der, isso aqui é um evento do caralho, é um evento menor, mas que você dialoga mais diretamente com as pesssoas, eu gosto de estar mais perto das pessoas, tá ligado? E eu esqueci a pergunta (risos)

R: Dessa nova galera que você entrou em contato, o Skank, o Martinho da Vila, teve o NxZero também...

E: Porra, Mano, a galera fala muito mal de música brasileira. Principalmente do mainstream brasileiro, saca? Eu não compactuo muito com essa idéia não, tá ligado? Gostei muito de cantar com o Skank, com o Martinho da Vila. Eu acredito nisso, tá ligado? Como se os norte-americanos tivessem uma originalidade que a gente não tem, e pelo contrário tem um monte de coisa legal por aqui. Sou realmente muito fã do Skank. E tenho mó orgulho de ter feito a parada com o Nx, nós ficamo amigo pra caralho e pra mim foi foda, tá ligado? Meu bagulho é fazer música, não tô muito me importando com o que as pessoas vão pensar, saca?.

R: Na música “Num é só ver” você canta: “não é só ver e julgar, tem que ser, pra misturar”. Como isso se encaixa na atual fase do seu trabalho?


E: Acho que nos dias de hoje, não é só ver as ilusão que as pessoas tem, tá ligado? Tem várias ilusão em volta do rap, do hip hop. As pessoas acham que o podium é o final da batalha, e não é, as pessoas tem que observar a batalha com um todo pra poder entender nosso trabalho. 

2 comentários:

  1. Galera, ótimo trabalho!
    O blog tá com cara de site, lindo, lindo!

    Abraços e boa sorte pra todos nós!

    Rebucetai-vos!!

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  2. Ainnnn....curti! Beautiful! Num é só ver e julgar...tem que ser pra se misturar!

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