domingo, 23 de outubro de 2011

Gilmar Dantas explica o tema do FSB e "a tal da não-grade"

Por Ana Paula Marques e Rafael Flores


Diferente do modelo usual dos grandes festivais, o Festival Suiça Baiana propõe para ao público um novo jeito de consumir cultura. Com os pilares Música, Sustentabilidade e Pensamento, o evento vai além dos shows. Palestras, oficinas e conversas de corredor com alguns nomes importantes da cena independente nacional formam a parte da programação apelidada de “não-grade” (que será divulgada em breve). Em uma conversa rápida, Gilmar Dantas, diretor do núcleo de produção do Coletivo Suiça Baiana, conta pro Rebucetê como e por que esse formato foi pensado.
O Rebucetê: Porque a escolha desses três pilares como tema do evento?

Gilmar Dantas: Os festivais independentes hoje em dia estão indo muito além. Eles podem trabalhar vários temas, várias linguagens, além da responsabilidade com a música. É muito fácil montar um palco, chamar os artistas que vendem mais e colocar pra tocar. A gente tem uma responsabilidade com a música, colocamos pra tocar quem a gente acredita que tem um trabalho legal. Temos também que nos preocupar com a música local, não adianta trazer artistas de fora e não contextualizar com a nossa cena.

Em relação à sustentabilidade, é muito difícil ver um evento trabalhando com esse tema em Vitória da Conquista. Houve uma tentativa na edição de 2009 do Festival de Inverno, mas não rolou uma continuidade.

Colocamos também o pensamento porque não é só você ir para o show e pular, tem a questão da reflexão também. Nós montamos algumas palestras, que ainda vão ser divulgadas sobre a importância dos festivais, a importância pra economia e pra cultura da cidade, a própria questão ambiental e a questão da comunicação também, pois estamos temos modos diferentes de comunicar o evento, de como chegar às pessoas.

R: E como isso vai se encaixar na programação? Como é essa tal de “não-grade”?

G: Começamos a trabalhar o conceito de "não-grade" esse ano. Montamos uma grade do evento, temos a programação dos shows, massa, mas se colocarmos só isso como proposta do evento, restringimos a capacidade de interação das pessoas. Aí vira aquele velho evento antigo: palco, artista e público distante. Quando começamos a trabalhar a “não-grade”, aumentamos a interação do evento. Exemplo: no Domingo vão estar aqui o Pablo Capilé, coordenador do Fora do Eixo, e o Rafael  Rolim do clube cinema FDE. Os nomes deles não vão ser divulgados, porém vão estar todos no meio da galera, dispostos a conversar com todo mundo. A missão deles não é ter um tema específico, eles estão aqui pra fazer conversas infinitas, ou seja, um tema vai puxando o outro em papos informais.

R: Ano passado o evento foi idealizado pra um público reduzido em um espaço limitado. Porque transformar o FSB em uma festa pra três mil pessoas?

G: Tudo isso por conta das Noites Fora do Eixo que cresceram , esse anos batemos um público de 300 pessoas nas noites de Maglore, a Formidável Família Musical e Pirigulino.. A gente sabe que vai ter que investir e tirar dinheiro do bolso nesse primeiro momento, até pra fortalecer a marca do Festival e tudo mais. Temos que buscar parcerias também. Conseguimos a parceria da Prefeitura, ela vai custear algumas ações (entre 10 a 20% dos custos do evento). É um apoio muito importante, que ajuda muito. Já estamos vendo resultado, muita gente está nos procurando pra interagir em outros eventos também, a Tv Sudoeste já nos procurou pra termos uma participação maior no Festival de Inverno do ano que vem, a Prefeitura quer que a gente participe do Natal da Cidade. Então a gente vê que esse investimento da gente está dando retorno. Trabalho gera retorno. 

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