quarta-feira, 4 de julho de 2012

Roots Reggae Rock: Foram mesmo as coisas melhores em outros tempos?


Por Thaís Pimenta

Foto: Divulgação
Roots Reggae Rock foi um evento disposto a mesclar três ritmos diferentes - reggae, rock e música eletrônica - e com alguns desafios a cumprir. O primeiro seria resgatar estes três cenários musicais que em Vitória da Conquista atualmente anda sustentado em fogo brando pelas noites fora do eixo e alguns shows esporádicos. Conseguir atrair o público para esse tipo de evento também é colocado, por seu próprio organizador, Oziel Aguiar, como um empecilho a ser enfrentado. No entanto, talvez o maior desafio esteja em conseguir driblar os problemas de produção e imprevistos, fato que a equipe caloura teve grandes dificuldades.
A velha-guarda, não tão velha assim, pois beira os 25 anos, vagava seu olhar à procura daquele grande público que se aglomeravam em frente do Centro de Cultura nos “anos de glória” do rock na cidade, mas era apenas um grande vácuo que encontravam na Praça Guadarajara aquele dia (01/07). O público, agora mais novo e em menor quantidade, se reuniu nos cantos, ao lado da banca de revista, próximo ao muro do centro de Cultura, mas nada que sinalizasse que um evento que reuniria três ritmos diferentes ali começaria em poucos instantes.

Os poucos instantes, viraram horas. Horas de atraso para o início das apresentações. Se a intenção do organizador, como nos contou em entrevista, era realizar um show de reggae durante o dia, essa ideia foi por água abaixo, pois só começaram a ser escutados os primeiros acordes de guitarra após o anoitecer. O por “água abaixo” pode ser usado no sentido literal e a chuva fina e irritante pode ser apontada como um dos motivos do público reduzido.

Foto: Cristiane Alves
Quando a chuva cessou, era a vez de colocar a guitarra pra gritar, os bumbos da bateria pra tremer e aquecer a galera. Isto porque a chuva passou, mas o vento frio e gelado ainda soprava naqueles que aguardavam, já inquietos, o início do show. No entanto, "Signista", primeira banda a tocar, com um guitarrista a menos, só conseguiu ficar no morno.

“Simbora ae, seu batera?” eu pedia, mas meu apelo só foi escutado por Breno Mota, baterista da banda "Na Terra de Oz", segunda a se apresentar, que carregava agora missão de aquecer um pouco mais. Ah, baterista esse que contribuiu ainda mais com os atrasos. Segundos antes do show começar, uma pausa: “Espere só mais um pouco, o baterista foi mijar e já volta”, esclareceu Maiêeh Sousa, seguida de uma risada gostosa que nos confortava perante o atraso.

Desculpas aceitas, agora era a vez de mostrar trabalho. Quando "Na Terra de Oz" começou a se apresentar, o público que antes estava espalhado pela Concha do Centro de Cultura, agora se reunia em frente ao palco. E o público cantava todo o repertório da banda, que já incluiu, por sinal, algumas músicas próprias como "Café com Nostalgia". A banda que havia preparado cerca de dezessete músicas para aquela noite, só pode tocar onze, os efeitos dos atrasos começavam a ser percebidos. Apesar do contratempo, Na Terra de Oz, conseguiu cumprir a missão que lhes fora incumbida: deu um chega pra lá no frio e aumentou a temperatura do evento. E apesar do som das guitarras não ser escutado nitidamente - as caixas de som ecoavam um som áspero - a banda conseguiu vencer mais esse empecilho e fez um show excelente.

Enquanto uma banda deixava o palco para que a próxima assumisse o comando, DJ Tony segurava com seu set de musica eletrônica. A animação da galera que se arriscava com passinhos de Hardstyle, e os mais agitados dançavam algo como Jumpstyle.

Foto: Cristiane Alves
Impisa Roots, carregando a responsabilidade dos mais de 14 anos de carreira foi uma das bandas mais esperadas naquele dia. Refrescando a memória da velha-guarda e “contando” para a garotada, Impisa Roots foi a primeira banda de reggae de Vitória da Conquista, da época em que ainda era difícil de encontrar vinis de Bob Marley por aqui. Alguns intervalos na carreira e algumas mudanças na composição da banda, mas ainda estão aí, com suas canções que falam de justiça, desigualdade social e liberdade, vivos no cenário de música alternativa da cidade. Segundo Leo Prates, vocalista, a banda tem como objetivo tentar atingir o público mais novo também. “O cenário alternativo de Conquista, apesar do pouco espaço, sempre vem se renovando, queremos atingir hoje os filhos do público que curtia o nosso som no começo da nossa carreira”. Recado dado, objetivo atingido. Durante o show da banda, as faixas etárias se misturavam e todos cantavam as músicas do rei do reggae. Os termômetros mostravam que Impisa Roots conseguia manter a temperatura elevada.

Quando Wesley Grunge, vocalista da banda cover de AC/DC, começou a cantar as primeiras músicas, e o público começou a pular, já dava pra perceber o que iria acontecer: “Agora sim isso aqui vai ferver”, pensava.  Mas como um balde de água fria a organização do Centro de Cultura cortou o som. O relógio já marcava 22h20min, e se eventos em Conquista não tem horário certo pra começar, o Centro de Cultura tem para acabar. O baterista da banda não se deu por vencido, e ainda tentou segurar mais um pouco apenas  com  bumbos e pratos, sem nenhuma caixa de som. A platéia respondeu com gritos e aplausos pelo amor ao rock 'n' roll e sua tentativa em sustentar aquela energia. Mas infelizmente, dessa vez, “o show teve que parar”.

Nota: O Roots Reggae Rock foi um evento que teve como propósito também inaugurar o portal de entretenimento relacionado a mídias alternativas e bandas alternativas, o  http://www.nabai.com.br, que faria como primeiro trabalho a cobertura on line do evento. Porém, segundo Oziel Aguiar, organizador do evento e idealizador do site, por questões técnicas a plataforma não ficou pronta a tempo.

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