sexta-feira, 13 de julho de 2012

Diário de Bordo: "Êta, trabaio bom da muléstia"

Rafael Flores e Ana Paula Marques


Foto: Rafael Flores
Já saturados do forró, ritmo que predominou no mês passado por conta das festas juninas e preencheu as 36h de viagem de Vitória da Conquista a Garanhuns, não estávamos muito animados. No entanto, enfrentamos a garoa repentina e partimos para o palco Guadalajara, onde aconteceria a abertura oficial do Festival de Inverno de Garanhuns 2012 com a homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga. Saímos por volta das 23h de casa, perdemos as duas primeiras apresentações, de Mourinha do Forró e da Família Gonzaga. Em meio a um mar de gente, esperamos poucos minutos para a entrada da paraibana Elba Ramalho.

Com seus 61 anos, Elba mostrou sua energia e a sua voz marcante, acompanhada de uma banda, também animada e bem afinada. A primeira metade do show contou com um repertório predominantemente forrozeiro, homenageando não só Gonzagão, como também seus discípulos, tais como Domiguinhos, Nando Cordel e Petrúcio Amorim. Empolgada pela resposta do público, ela deixou o repertorio de forró ultrapassar a meia hora que tinha programado para este momento do espetáculo e só se deu conta que tinha correr com o set list para contemplar outras fases de sua carreira, quando faltavam apenas 15 minutos para o término do show. Nesta segunda "metade"  a cantora lembrou as canções marcadas pela sua voz, como “Banho de Cheiro” e "Anunciação". além de interpretar "Leão do Norte" de Lenine. Neste momento as sombrinhas que protegiam as cabeças da chuva tornaram-se apenas instrumentos para dançar o frevo. Os bailarinos baianos que acompanham a cantora, agitam e embelezam o espetáculo.  Emocionada, Elba saiu do palco deixando à capela a linda mensagem da "Oração de São Francisco".

Dominguinhos impressiona com seu sorriso e com seus dedos grossos que deslizam facilmente pelo acordeom. Acompanhado de uma belíssima banda formada por jovens componentes, o garanhuense relembrou a obra de seu mestre, além de apresentar o seu trabalho, que também já é recheado de grandes clássicos da música popular brasileira. Sentado em uma cadeirinha na frente do palco, Dominguinhos mostrou que não perdeu  o bom humor e a simpatia e aqueceu os seus conterranêos com um show e tanto.

Sem atrasos e encerrando a linda noite de homenagens, diversos cantores e compositores nordestinos apresentaram o Projeto Viva Gonzagão, cantando os clássicos do baião e também algumas músicas menos conhecidas do público. Entre ele, se revezaram no palco Terezinha do Acordeon, Cristina Amaral, Petrúcio Amorim, Cezzinha, André Macambira, Nádia Maia e o ex integrante do Trio Nordestino, Gennaro. O Projeto é fruto de uma parceria entre artistas que se inspiram na obra do Mestre Lua. Voltamos sorridentes com a noite de homenagens, que nos pegou de surpresa. Hoje é dia de verificar se nossas credenciais foram liberadas e conferir as manifestações culturais da região que se apresentam pelo centro da cidade.

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