Por Jéssica Lemos
Foto: Vinicius Carvalho |
Nos primeiros momentos, o que chama de fato a atenção é a estética do
teatro, que na sua fachada tem um arco-íris, símbolo do orgulho LGBT. Além
disso, a exposição fotográfica Boneca Sai da Caixa, produzida durante a parada gay em Salvador,
decorava as paredes do foyer. Porém, o mais interessante foram os banquinhos
roxos, com florezinhas e borboletas pintadas de maneira bem artesanal. “O
teatro tem uma particularidade especial e um pé na diversidade” afirmou o ator
Igor Epifânio. Seu parceiro de palco, Anderson Dy Souza, contou que o Teatro Gamboa Nova adotou essa estética pela história, pois no
local já aconteceram vários shows de Drag Queens, além de desfiles e
performances de transformistas. Tudo isso reafirma a intimidade que o espaço
tem com o público LGBT.
Agora tudo faz sentido! Vamos ao espetáculo e Bon Appétit, assistir “Entre Nós” é se deliciar com uma das melhores comédias. Confesso que
a princípio esperava ver um espetáculo muito ruim ou talvez uma verdadeira
chanchada. Mas Anderson Dy Souza e Igor Epifânio surpreenderam a todos se desdobrando
em onze personagens. A trama gira em torno de dois atores em processo de
criação de uma história de amor entre dois jovens homossexuais, batizados por
eles de Rodrigo e Fabinho.
E como toda história de amor, tinha que haver sofrimento. Foi assim
com Romeu e Julieta, Tristão e Isolda, com casais novelísticos e por aí vai.
Cumprindo o clichê, na história dos dois jovens, um vilão tenta acabar com o
amor dos mocinhos. Mas dessa vez, a dificuldade do casal foi vencer os
preconceitos, recalques e visões de mundo diferentes a cerca do tema
diversidade sexual.
Numa pegada pop, o espetáculo tem como público-alvo os
adolescentes, mas não deixa de agradar as demais faixas etárias. Uma senhora,
que se sentou ao meu lado estava em prantos ao fim do espetáculo. Quem pensou
que as comédias só arrancavam risos, se enganou, pois no teatro você esta
diante de si mesmo.
Jessica Lemos |
Formados pela Escola de teatro da UFBA, os artistas independentes,
Anderson Dy Souza, soteropolitano, e Igor Epifânio, cearense, resolveram unir suas
experiências na criação do espetáculo “ENTRE NÓS”, com a direção do dramaturgo
João Sanches. A peça foi montada com o apoio de um edital de cultura
identitária que o grupo ganhou, os atores mergulharam por um ano em pesquisas
para a construção dos personagens.
*Em paralelo ao FILTE, a primeira semana da diversidade LGBT também
movimenta Salvador. O evento, que teve início no último sábado (01), apresenta
em sua programação seminários, palestras, cursos, voltadas para o combate a
homofobia. O encerramento do evento (09) fica por conta da XI parada do orgulho
gay.
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