quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O Rebucetê Entrevista: Ruarez

Por Rafael Flores e Ana Paula Marques


Foto: Divulgação
A banda Ruarez surgiu no final de 2005, na cidade de Itajuípe, interior da Bahia. O grupo eclodiu na cena alternativa da costa do cacau através da junção das antigas bandas Lítio e Sem Limites. Os integrantes Tom (vocalista), Chicão (guitarrista), Igor (guitarrista), Tiago (teclado), João (baixista) e Ari (baterista)  contam que a proposta do grupo é fazer um som original, trazendo a essência de cada integrante e mostrando suas influências como o reggae raiz, rock e mpb. Uma mistura de sons que prova uma grande inovação na cena alternativa baiana. A Ruarez esteve em Vitória da Conquista, dividindo o palco com a banda soteropolitana O Círculo, na Noite Fora do Eixo Conquista, evento promovido pelo Coletivo Suíça Bahiana em parceria com o Circuito Fora do Eixo. Foi lá que O Rebucetê bateu um papo descontraído com os meninos e que vocês irão conferir em seguida:

O Rebucetê - Pra começar gostaria que vocês falassem um pouco da proposta da banda.

Ruarez - O propósito inicial da Ruarez foi tentar inovar e, ao mesmo tempo, fazer um som mais original, uma coisa mais nova. Mas, claro, com as influências que cada um trouxe. Igor e Tiago vieram mais com o reggae; Tiago até com o reggae mais raiz. Eu e Chicão – a gente é irmão – a gente já vinha já de uma pegada mais rock ‘n’ roll mesmo, que é até da nossa antiga banda junto com o Ari – nós tínhamos uma banda rock ‘n’ roll antigo. E João, que é um primo meu e de Chicão que vem de uma coisa mais pop, MPB. E aí fez essa junção, essa mistura de sons e foi mais ou menos essa ideia, tentar misturar toda a essência de cada um e poder, num todo, poder tentar inovar e criar um som mais original. Sem muito rótulo, sem aquela coisa de tipo “vocês são isso, vocês são aquilo”. A gente tenta sempre fazer um pouco de tudo que está na essência da Ruarez.

OR – Como é a cena de lá de Itajuípe?

R - A cena é totalmente diferente. Estava até conversando com a galera d’O Círculo e falávamos que Salvador e Vitória da Conquista estão anos luz de distância de onde a gente mora. A dificuldade é [titubeia]... cara, inimaginável! Pra você, que vive aqui, e acha que talvez a cena esteja no começo, movimentando, velho… a gente vem pra Vitória da Conquista e já acha uma coisa, putz, fenomenal! A gente vem de uma cidade onde a gente é “banda única”, na verdade, a gente vem de uma região, onde tem algumas bandas assim; tem a Ruarez, O Quadro – que são as bandas que levam o trabalho mais a sério, sacô? Dentro de cidades que acho, na verdade, deveriam ter uma cena melhor. Tipo Itacaré, Itajuípe, Uruçuca, Ilhéus, Itabuna, quer dizer, era pra ter mais cena. A gente até brinca que, pra gente, Conquista é a Seattle baiana, a gente vê a diversidade que não encontramos lá. O público é outro, cara! A galera pensante é outra, a forma de a galera enxergar o som que você tá fazendo é outra, totalmente diferente de lá de onde a gente vem.

OR – Tem lugares que vocês costumam tocar frequentemente por lá?

R – Tem cara! A gente toca razoavelmente bem, lá. Pelo fato de… agora ultimamente não, que a gente deu uma fechada pra poder compor trabalho novo e tal, mas antes a gente vinha tocando todo mês – três, quatro vezes no mês – que pra gente, pra região que se encontra assim bem carente, já é um absurdo! Ilhéus, Itabuna, Itacaré, estamos direto. Por incrível que pareça, na cidade de origem da banda, a banda toca raramente, sacô? Tipo assim, a galera muitas vezes até cobra, mas é porque a cena realmente… a banda vem do interior do interior e a gente rala pra caramba pra manter isso aqui, de uma forma bem corrida e suada, suar sangue pra manter… tanto é que todo mundo trabalha pra manter a Ruarez; é uma coisa que a gente ama fazer, faz com o coração, omaior prazer. A gente veio pra Vitória da Conquista… até rolou um imprevisto… a gente se perdeu no caminho, putz! Chegamos aqui com a cabeça mal pra caramba porque sabiamos que é um lugar que temos todo um carinho especial pra vir, sacô? Que a recepção da gente, pela primeira vez, foi muito legal pela casa, a gente queria enfatizar isso: a casa é sensacional e a gente atrasou… então a gente vinha na estrada, SEIS HORAS DA TARDE, a gente perdido na estrada! A primeira placa que a gente encontra: a “242KM de Vitória da Conquista”! Muito impasse... aí chega aqui, uma coisa ou outra falta, mas o importante é que deu pra fazer o som. Então, existe toda essa dificuldade, sacou? Mas, sem a luta não há o sabor da vitória.

Foto: Rafael Flores
OR – Queria que vocês comentassem um pouquinho a importância de ter um trabalho autoral e de circular esse trabalho dentro da Bahia, que é uma coisa que tá começando a se estabelecer.

R – Tipo assim, até agora nós temos dois CD’s lançados independentes e dois singles a parte dos CD’s; agora estamos caminhando pro 3º CD, também sob selo independente. A importância de estarmos sempre levantando essa bandeira independente é porque, hoje em dia, eu acredito que o artista, depois que ele se rotula de um selo de tal gravadora, ele acaba sendo, meio que burlado, manipulado… aquela coisa totalmente modificada e moldada aos tempos de hoje. Então, eu acredito que essa liberdade que a gente tem pra compor do jeito que a gente quer, montar um show agradável que todo mundo curta, sinta a verdadeira de cada um aqui da banda, sabe?! Acho que essa liberdade é uma coisa, assim, magnífica que a gente faz com muito prazer. Só pra ilustrar, a importância de se fazer um trabalho autoral é que o corpo forte é importante, mas a cara é mais importante ainda. Então a ideia de a gente fazer um trabalho autoral é isso: a gente ter cara, a gente dá a cara ao nosso trabalho. A diferença que a gente veio da primeira vez aqui, mesclamos covers com as nossas músicas, porém vimos que Vitória da Conquista é diferente, que a gente tem como chegar aqui com o nosso trabalho, chegar aqui oh: carteira de identidade, esse aqui é o nosso som, o que a gente faz, o que a gente está a fim de passar com as letras e com tudo. Essa é a cara da Ruarez.

Conheça mais a Ruarez.

1 comentários:

  1. Ruarez é o SOM.Tenho orgulho dessa Banda,curto muito saber que caras que vivem na mesma cidade,vivem o mesmo cotidiano que a gente, conseguem traduzir tudo em som e letras de qualidade.Ruares é massa!!

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