segunda-feira, 2 de abril de 2012

Por Que Escolhi Jornalismo


Por Lucas Oliveira Dantas


Foto: Rafael Flores
No primeiro semestre de Comunicação Social – Jornalismo, na Uesb, todos os professores perguntam para a turma a razão de cada um ter escolhido o curso. Em meio aos “compromissos com a verdade” e “sou muito comunicativa”, eu sempre dava a mesma piadinha cretina: “porque quero entrar de graça nas festas”.

Durante o festival Grito Rock, promovido pelo Suíça Bahiana/Fora do Eixo, em Vitória da Conquista, não vou mentir que minha intenção especial com a cobertura colaborativa era entrada free onde pudesse encher a cara ouvindo música, no mínimo, interessante. O que não significa que as funções delegadas a mim não houvessem sido cumpridas, basta olhar meu Instragr.am.

Mas, um motivo implícito à minha escolha pelo Jornalismo (principalmente o Cultural) era a oportunidade de entrar em contato com artistas que admiro ou que, ao menos, estão fazendo burburinho nos bastidores da cultura. E, para mim, as surpresas mais gostosas foram a Banda Uó e Marina Gasolina.
Ai Que Uó!

Nunca fui fã da Banda Uó. Não sou afeito ao tecnobrega, apesar de achá-lo um movimento cultural interessantíssimo. Por isso, pensava que a banda era apenas um grupinho oportunista pegando onda no hype do estilo, nos moldes em que o Bonde do Rolê bombaram anos atrás.

Foto: Lucas Oliveira Dantas
Assim sendo, quando distribuímos as pautas do Grito Rock dentre os membros rebuceteiros, quis fazer parte da entrevista com a banda por motivos venenosamente torpes. No auge da minha soberba, a intenção era expor a suposta (por mim)  mediocridade do projeto. Nas peripécias da vida, fui incumbido de buscá-los no aeroporto com Paulinha (responsável pela distribuição e assistente de produção do Suíça Bahiana, e colega rebuceteira).

Já no aeroporto minha teoria fora por água abaixo: Candymel, Davi Sabbag, Mateus Carrilho e Lucas Manga eram adoráveis e acessíveis; Candymel e Mateus pegaram um táxi para o Viela Sebo Café, enquanto Davi, Manga e a bagagem voltaram comigo e Paulinha no carro, onde eu escutava T-Ara, um dos meus grupos de K-Pop mais amados. Daí, quando Davi e Manga comentaram que gostavam de K-Pop e Bo Beep Bo Beep, meus planos de jornalismo marrom escaparam pela descarga do carro.

Mas a virada da Banda Uó aconteceu primeiro no show. As beeshas e saps*, que encheram o Viela para vê-los, se aglomeraram na beira do palco e se deslocar entre eles era tarefa árdua. E, enquanto plateias empolgadas me excitam, o trio de vocalistas, por sua vez,  dominava todo mundo: simpáticos e falantes, eles intimavam o povo a se jogar e dançar, com carisma e uma presença sem vergonha. Tocaram todas as músicas lançadas por eles até então, numa gig de pouco mais de 40 minutos que resultou na maior fila para fotos e autógrafos que presenciei no Grito Rock VCA.

O segundo triunfo da Banda Uó sobre meu ego maldoso foi a entrevista que eles concederam para O Rebucetê. Nela, os membros destruíram minhas ideias e demonstraram que a ligação deles com o tecnobrega não era superficial. Ademais, os quatro membros eram bons conhecedores de música Pop e adoravam, em especial, a música brasileira marginal, por exemplo, o Axé baiano.

Marina Gasolina e as bolinhas

Foto: Lucas Oliveira Dantas
Na entrevista para O Rebucetê, Marina Vello, a Marina Gasolina, declarou que ganhou esse apelido do produtor Fredi Chernobyl enquanto compunham e gravavam músicas para o Bonde do Rolê. Na época, ela estava tomando “umas bolinhas” (remédio para emagrecer) e ficava a mil pelo estúdio fazendo letra, limpando o estúdio, andando para todos os lados, fazendo letra, arrumando o estúdio, fazendo letra: Marina Gasolina, Marina Anfetamina... bum tcha tcha, tcha tcha tchu cu tcha!

Eu, Paulinha e meu amigo Purki pegamos a Marina no aeroporto de Vitória da Conquista e partimos para o hotel onde ela se hospedaria para o check-in. No meu carro tocava MDNA, o novo álbum de Madonna, e ela tratou logo de esculhambá-lo: “pô cara ela tá muito ‘chupinhona’ e ela é A MADONNA!”

Obviamente rimos com o termo “chupinhona” e, mesmo que concordasse que nesse álbum ela continua sugando as tendências existentes – ao invés de lançá-las –, eu e Purki tratamos de convencê-la que o álbum estava longe de ser péssimo.

A Gasolina, de quem já gostava devido ao Bonde do Rolê, então, me conquistou por sua eloquência e articulação ao falar de música. No dia seguinte à sua discotecagem na festa de encerramento do Grito Rock VCA, ela me falou, enquanto tomávamos café em seu hotel, que o motivo principal de seu rompimento com o Bonde foi sua vontade e intenção de fazer música seriamente.

Para ela, o Bonde era desde o princípio algo efêmero e lhe causava angústia quando seus colegas de banda mencionavam um segundo álbum, pois, ao contrário dela, ninguém parecia comprometido em estudar e trabalhar para viver além do hype que o grupo adquirira.

Parece soberba, mas é fato que o Bonde não vingou. Já Marina está em produção do álbum de estreia do coletivo Madrid, com o ex-cabeça do Cansei de Ser Sexy, Adriano Cintra (que também saiu abrupta e amargamente da banda que o levara ao estrelato), previsto para maio deste ano.

Enquanto esperávamos a chamada de seu embarque para São Paulo, Marina dizia, entre tragadas de cigarro e goles de café expresso, que era uma garota roots, gostava de mato e natureza e que adoraria conhecer a Chapada Diamantina. Falei que amigos me contavam das maravilhas do Vale do Capão e ela rapidamente me chamou para irmos lá quando ela voltasse ao Brasil em maio. A esse ponto, eu – completamente apaixonado pela doçura e simpatia dela – não podia dizer não.

E já está combinado: em maio vamos conhecer a magia do Capão.

*Gays e lésbicas.

3 comentários:

  1. Arrasou na matéria amigo. Estou sem palavras. Parabéns.

    ResponderExcluir
  2. a Marina realmente é uma fofura d pessoa *-*

    ResponderExcluir
  3. Fico muito feliz quanto te vejo assim - inteiramente integrado na questão. Pois pra mim poderia ser assim: Porque escolhi jornalismo?
    Parabéns filhão!!!!!!!!

    ResponderExcluir