Por Ana Paula Marques
Edmilson do Ilê/ Foto: Rafael Flores |
No
início da tarde dessa terça - feira (17), participamos de um ponto de debate
sobre sustentabilidade e cultura popular. O debate foi ministrado pelo diretor
e coordenador pedagógico do Ilê Aiyê, Edmilson Lopes e o coordenador da ONG
Instituto Cooperazione Economica Internazionale, Diego Di Niglio, que falaram
sobre suas experiências com a economia criativa em suas respectivas
associações. No auditório esvaziado, estavam presentes apenas o mediador, dois
apoios, o Mestre Juarez do Côco de Senzala e eu e Rafa. O debate começou com
uma hora de atraso. Quem iniciou a fala foi Edmilson, o qual empolgado com o
nosso interesse, contou sobre os diferentes projetos que estão inseridos na
comunidade da Liberdade que sedia o Ilê Aiyê.
O
Ilê surgiu em meados dos anos 70 e marcou a reafricanização do Carnaval da Bahia
e a luta contra a opressão e o racismo no estado da Bahia. O bloco é atualmente
uma das maiores referências étnica cultural e religiosa no Brasil. Em sua
organização, além de manter viva a tradição carnavalesca, o Ilê promove no
bairro da Liberdade diversos trabalhos socioculturais que envolvem desde
crianças à idosos.
Tudo
começou a partir da criação de uma escola pela matriarca Mãe Ilda, mãe de Vovô
do Ilê, um dos fundadores da associação, passando pela criação de cursos
profissionalizantes e o oferecimento de atividades de contra turno como dança,
canto, informática, percussão, entre outras. Hoje, a escola do Ilê conta com um
sistema de redes relacionadas e é totalmente sustentada pela associação, a qual
fornece todo material escolar, além da alimentação oferecida através do projeto
Mesa Brasil. Sua grade curricular reforça a história afro brasileira,
apropriando-se do conteúdo e preparando os alunos para defender sua cultura e
suas raízes. O Ilê também fornece cursos de inglês, espanhol e libras, possui
um trabalho ostensivo de combate às drogas e reforça a qualidade de vida para
idosos, garantindo atividades também para eles.
A
geração de renda através da reciclagem e do reaproveitamento das roupas
utilizadas durante o Carnaval fica por conta da confecção de materiais como
bolsas, camisas, bermudas, entre outros, agregando a marca do Ilê. Os materiais
são vendidos em diversos pontos da cidade, como no aeroporto e em shoppings e
seu lucro é dividido entre as pessoas que ajudaram na produção.
O
Ilê possui diversos pontos de cultura no exterior e parcerias com universidades
e organizações que garantem bolsas de projetos de extensão e fomento à
educação. Atividades de intercâmbio cultural permitem que os jovens possam
conhecer e entrar em contato com a cultura de ambas as partes. Vários meninos e
meninas do Ilê residem hoje no exterior graças a esses projetos.
Em uma das falas apresentadas em um
vídeo exposto por Edmilson, uma das coordenadoras da associação diz que o
embate para a afirmação da cultura afro-brasileira já teve o seu tempo. No
entanto, infelizmente uma questão que tem
sido bastante discutida por aqui em Garanhuns e nas redes sociais é a
tolerância religiosa. Isso se deve a um episódio ocorrido recentemente em
Olinda, onde uma comunidade evangélica tentou invadir um terreiro de candomblé.
Tal fato também tem mobilizado muitos artistas pernambucanos, como a cantora e
percussionista Alessandra Leão, que se apresentou ontem (18) no Palco Pop e lembrou também o dia do aniversário de Nelson Mandela:
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