Por Thaís Pimenta
Carro chefe da Executiva Nacional de Estudantes de Comunicação Social (Enecos), o Encontro Nacional de Estudantes de Comunicação - Enecom, em sua 33ª edição, que ocorre no Distrito Federal, reúne estados do norte ao sul do país para debater as demandas e problemáticas do curso a nível nacional, levantar as bandeiras da democratização da comunicação (tema do encontro deste ano) e combate às opressões. E, após cumprir o ritual de instalação no alojamento, socializar com as delegações, mirar as possíveis paqueras, fazer as logísticas da bebida e rachações, é hora de entrar na dinâmica e programação do encontro. Ele se organiza através de Painéis, Grupos de Estudo e Trabalho (GET's), Grupos de Discussão (GDs), Núcleos de Vivências (NV's), Oficinas e mini-curso, apresentação de trabalhos e Espaços Autogestionados.
Entrar nessa dinâmica requer conseguir conciliar os horários dos espaços com as filas do banho e da comida.
No caminho alojamento-anfiteatro 17, onde aconteceu o painel sobre "Educação e Produção Estudantil", uma faixa posicionada na grama sinalizava: "Estamos em Greve". A Universidade de Brasilia (UnB) é uma das 55 universidades federais espalhadas pelo país que estão em estado de greve, o que fora abordado no dito painel. Para esplanar sobre o assunto foi convidado Lucas Santos, do Comando Nacional de Greve Estudantil. Lucas é estudante de direito da Universidade Federal do Fluminense, e sua fala girou em torno da contextualização do porquê e os motivos que desencadearam essa greve nacional.
As pautas da greve vão desde a questão salarial dos professores à precarização das universidades. Segundo o que foi debatido, os problemas hoje enfrentados são reflexos de programas como o Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). O Reuni visa ampliar as universidades e os números de matriculados no ensino superior, porém o modo com esse programa está sendo implantado é questionado tanto pelos sindicatos dos professores quanto pelas organizações do movimento estudantil (ME), pois, segundo Gustavo Marinho (aluno de Comunicação Social da Universidade Federal de Alagoas e membro da regional Nordeste I da Enecos), em contrapartida, "não tem havido preocupação com a qualidade da entrada destes estudantes na universidade, nem se pensa que profissionais de fato serão formados".
A Enecos, dentro do movimento estudantil, é uma dessas entidades que levanta a bandeira por melhorias na educação. Um dos coordenadores nacionais da Executiva, Luan Matheus, foi o segundo a explanar nesse painel, traçando a trajetória e atuação nessa luta. O foco, no entanto, foi direcionado para os cursos de comunicação relembrando movimentos como "Fiscalize sua Escola" e "Somos todos Comunicação", reforçando a importância de continuarem a ser tocados.
Nesses espaços, os estudantes de todos os quatro cantos do Brasil, podem perceber que problemáticas enfrentadas, como falta de laboratórios, professores e assistência estudantil insuficiente, são realidades vividas por outras universidades também. Quando as falas são abertas para a plenária, há uma verdadeira troca de experiências e desabafos, em busca, quem sabe, de unir forças para lutar, visto que é uma causa comum.
Dentre as queixas frequentes está a falta de oportunidade para veícular as produções estudantis, meios para que os alunos, ainda graduandos, possam experimentar e colocar idéias em prática. Entre queixas e desabafos, exemplos de solução. A luta frente aos colegiados, departamentos e reitoria, para exigir esse espaço é válida, importante, mas não podemos nos limitar a isso. Para finalizar essa mesa de debate, dois membros da Vírus Planetário, revista alternativa e independente produzida por estudantes de comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Utilizando o slogan "Porque neutro nem sabonete, nem a Suíça", a produção é voltada para questões políticas, cenário cultural alternativo, mostrando que é possível construir produtos que fujam da lógica dos meios de comunicação hegemônicos. Junta-se a exemplos como este, o de uma galera que não se limita ao discurso e arregaça as mangas, colocando suas idéias em prática, o Coletivo Tatuzaroio, também do Rio de Janeiro, o Cumbucado de um grupo de graduandos de Alagoas.
Tais relatos revigoram nossos objetivos e afetos para com a Enecos que - mesmo não mais nos posicionando como militantes - foi e é importante para nossa formação enquanto comunicadores e d'O Rebucetê como um núcleo independente de comunicação que se propõe a cobrir espaços e eventos também independentes.
0 comentários:
Postar um comentário