terça-feira, 11 de dezembro de 2012

"Algaravias - O Marujeiro da Lua" a partir desta quinta (13) em Jequié


Foto: Divulgação

A poesia carnavalizada e catártica de Waly Salomão, os procedimentos poéticos salomônicos, sua obra e sua vida foram referências para a construção do espetáculo

Da Redação
Acontece a partir da próxima quinta-feira (13), no Museu Histórico de Jequié às 20:00 h, o espetáculo “Algaravias – O Marujeiro da Lua”. Terceiro experimento com Jogos Performativos do Grupo de Pesquisa Olaria (GPO), o espetáculo se baseia na vida, na obra e na poética de Waly Salomão – poeta jequieense. 

A poesia carnavalizada e catártica de Waly Salomão, os procedimentos poéticos salomônicos, sua obra e sua vida foram referências para a construção desta investigação na cena. Waly, suas obras, suas entrevistas, falas públicas, os depoimentos de amigos e testemunhos de conhecidos são matrizes estéticas, políticas e éticas deste trabalho sobre o “amante da algazarra”, aquele que “faz versos como quem morde”.

O GPO é vinculado aos estudos da performatividade na cena contemporânea, da construção do corpo cênico, das teorias gerais do jogo, e dos procedimentos de criação compartilhada na cena. Este experimento, espetáculo/jogo, construído a partir da utilização do sistema de Jogos Performativos é objeto de estudo do doutorado do Prof. Ms. Roberto de Abreu. O grupo tem sede na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Campus Jequié, e tem como objetivo desenvolver e aliar produções artísticas/acadêmicas vinculadas às áreas de estudos da cena. Com alguns anos de estudo, o repertório do grupo é composto pelas apresentações "Me Segura Qu'Eu Vou Dar Um Troço" (2010) e "Sobre Armários, Gavetas e Cofres" (2011).
“Algaravias- O Marujeiro da Lua” 
Quando: 13 a 16 de dezembro de 2012
Onde: Museu Histórico de Jequié
Quanto: Um livro de poesia/ Ingressos distribuídos uma hora antes no Museu
Horário: 20:00h




segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Relembrando gostosinho #Retrospectiva2012 [Janeiro]




Da Redação

O ano de 2012 está chegando ao fim. Muita coisa aconteceu e movimentou o país e Vitória da Conquista foi palco de muitos desses rebuliços. Novos projetos na cidade como o Verão Cênico em janeiro e o Festival da Juventude já conseguiram marcar espaço na agenda anual. Outros com um tempo maior de execução continuaram atraindo público e se desenvolvendo, como as Noite Fora do Eixo e o Forró Pé de Serra do Peri-Peri. O Rebucetê, em seu segundo ano de existência nesse mundo, esteve presente em muitos desses acontecimentos, se aproximando e discutindo com diversas instâncias políticas e culturais. Nossas experiências e caminhos trilhados estrada a fora também marcaram um ano em que transcendemos o nosso trabalho para outros territórios. Já estamos em meados de dezembro, então já rola de relembrar o que fizemos ao longo do ano. Mas não se enganem, muita coisa ainda pode mudar até dia 31 (ou 21).

PERNAMBUCO, FORA DO EIXO E ABRAFINS 

De um lado os rancorosos e de outro os exploradores, entre troca de ofensas o palco da luta é a chamada nova música brasileira. Toda evolução passa por conflitos e dentro de um cenário em ascensão como este, é natural que cada ‘tribo’ defenda o seu ponto de vista e às vezes, mais do que isso, se coloquem como o bom exemplo a ser seguido. Entendem melhor o que aconteceu nesse conflito entre os produtores culturais de Pernambuco e o circuito Fora do Eixo no início do ano:

http://orebucete.blogspot.com.br/2012/01/pernambuco-fora-do-eixo-e-abrafins-as.html


DIÁRIO DE BORDO ALAGOANO: EU TAMBÉM SOU DRAGQUEEN

A rebuceteira Mariana Kaoos passou por Maceió durante as férias e foi na inauguração do primeiro “Dragchó” da cidade, ou seja, um brechó com roupas e fantasias voltadas para as dragqueens. Confira o relato:


QUE OS VENTOS SEJAM CONSTANTES

Thaís Pimenta presenciou o rebucetê que os estudantes universitários moradores do Centro Universitário e Secundarista de Macaúbas (CEUSMA)  fizeram na cidade, lutando pela continuidade do mesmo.


O REBUCETÊ ENTREVISTA: JOE E A GERÊNCIA

Voltando de suas férias, Rafael Flores foi ao show do Joe e a Gerência, que aconteceu na Noite Fora do Eixo, em janeiro. Projeto de Joe, (baixista de Pitty e lenda viva do rock baiano), o grupo tocou canções autorais, acompanhadas de alguns covers espertos, como Blitz, Tim Maia e Roberto e Erasmo Carlos. Vamos relembrar?


Um samba, morena, de deixar a perna bamba

Nesse último domingo (09), aconteceu a segunda edição do Casarau, projeto intimista que reune artistas locais com o público

Por Mariana Kaoos


PC Lima/ Foto: Divulgação
Começo de noite. O calor era tamanho em todo o ambiente. Apenas uma mesa no canto da sala. Em cima dela, pandeiros e caxixis. Ao lado, pessoas em pé, bebendo, sambando, sorrindo. Algumas fumavam. A fumaça que saia de suas bocas entrava em contraste com a luz branca, vinda de traz do palco improvisado. Mais ao lado, um armário, impedindo a entrada à cozinha. Naquele dia, era exatamente dali que saiam os pedidos de campari, gim com tônica, cerveja e feijoada. 

Sentada em uma das três cadeiras disponíveis na mesa do canto, eu olhava para o palco através da tela da máquina digital que uma amiga segurava ao meu lado. Quanto mais ela mexia nas opções de luz, contraste, brilho, cor, mais o cenário se alterava, modificando as sensações causadas pelo momento. As sensações, não a mensagem. A mensagem continuava precisa e voraz, ecoando por todos os cantos da casa. 

Captando fragmentos daquele instante, no visor da máquina apareciam Jeh Oliveira, Eduh Vasconcelos, Pc lLima e Marlua, todos músicos da noite conquistense. Da composição do cajón, violão, gaita e da voz arranhada de Marlua, saiu um “Negro Gato” mais malandro que o de Melodia, mais sensual do que o de Marisa. Entre um miado e outro, o público se deliciava com a versão em blues, que causava algumas danças desritmadas e olhares de interesse. 

Marlua, em vão, tentava agradecer a presença de todos e finalizar as apresentações daquele dia. O público, ainda querendo samba, ainda querendo som, não deixou isso acontecer. Pegando o violão das mãos de Jeh Oliveira, Fernanda Conegundes, uma das mais novas cantoras no cenário musical da cidade, ajeitou o microfone e, pedindo o auxílio de um pandeiro, começou a tocar Cabide, de Mart'nália. A noite, por enquanto, ainda estava salva.

O Casarau

Banda Fulô do Cangaço/ Foto: Divulgação
Na Rua da Conquista, próxima ao centro da cidade, moram dois grandes músicos do atual cenário cultural conquistense. Além deles, o local sempre está repleto de outros artistas, jornalistas, atores, cantores, fotógrafos, que produzem, consomem e pensam a cultura da cidade. Partindo da necessidade de se criar um espaço onde eles possam mostrar seu trabalho ao público foi que Marlua e Fillipe Sampaio construíram a idéia do Casarau, lá mesmo, na casa deles.

O projeto ocorre aos domingos, dia em que a cidade não oferece muitas opções culturais, sempre a partir das 13 horas.  Com o intuito de juntar a classe artística “que está meio espalhada, além de, muitas vezes, tem preconceito com a própria classe”, o evento vem reunindo os mais diversos tipos de pessoas. 

Inicialmente, o primeiro Casarau, ocorrido no dia 11 de novembro, tinha como meta divulgar sua própria ideia e concepção, além dos artistas. Ele foi mais além. O público pôde interagir, enviando poemas através das redes sociais. O músico Diego Oliveira, fez um pocket show com seu projeto Benjamin, os poetas Charles Ribeiro e Caio Resende recitaram poemas autorais e Diego Costa também cantou algumas bossas. Nessa primeira edição, chovia, mas de acordo com Marlua, “pareceu que depois da chuva estávamos de alma lavada para receber as coisas boas que o Casarau proporcionou naquele dia”.

Já o segundo Casarau, ocorrido nesse ultimo domingo (09 de dezembro) homenageou o samba (dia 2 de dezembro é comemorado o dia do samba). Contando com a presença de inúmeros músicos como as meninas da Fulô do Cangaço e David Maximus, o domingo ensolarado foi regado à feijoada e muita cerveja.  Cartola, Clara Nunes, Vinícius de Moraes, Só Pra Contrariar, Zeca Pagodinho, foram alguns nomes que ganharam releituras de suas músicas na tarde de domingo. 

“Ponha um pouco de amor numa cadência e vai ver que ninguém no mundo vence a beleza que tem um samba não...”
Palco improvisado no Casarau/ Foto: Divulgação
Uma das coisas que mais me chamam a atenção na capital baiana é a maneira como a junção de samba, calor e cerveja proporciona momentos de muita alegria e exaltação e como isso, dificilmente, é encontrado de forma tão intensa em outra cidade que não Salvador. Durante as minhas temporadas no litoral, lugares como a Casa da Mãe, Tarrafa, Botequim São Jorge, Praça Tereza Batista e os sambas do Santo Antônio sempre foram cenários que embalaram momentos de sorrisos e suor. 

Em Vitória da Conquista muito samba de qualidade é produzido. Nos bares, nas noites conquistenses, é possível ouvir horas a fio inúmeras versões de músicas já consagradas, como também trabalhos autorais perspicazes e concretos. Mas, por mais que algumas pessoas, timidamente, se levantem para dançar, e por mais que haja cerveja e em alguns momentos até calor, sempre faltou espaço e iniciativas para o samba e todos os outros ritmos, saírem do estilo musical e dos microfones para se manifestarem nos pés e gingados alheios.

A energia, a maneira como essa segunda edição do projeto se deu (infelizmente não pude conferir a primeira) veio de maneira linda e inovadora para a cidade. Pela primeira vez eu presenciei essas interações acontecerem e a força do som se estender até os corpos presentes. Propostas como essa, que tira a frieza dos bares para oferecer "calor, fervor, fervura" estão começando a brotar de uma classe de artistas, foliões, pensadores, boêmios que enxergam e querem mais além do que os programas batidos e medíocres (em sua maioria) que acontecem na cidade. Além da feijoada “de responsa”, da cerveja gelada e do repertório de qualidade, o Casarau trouxe a paixão para diante dos meus olhos, para os meus pés, para os meus lábios. Aquele instante preciso em que a gente sorri e não quer mais nada além de todas aquelas sensações causadas pelo momento. Como diz Zeca Baleiro, "o melhor da vida é isso e ócio".

Para mais informações, acesse o site: http://ocasarau.wix.com/site

domingo, 9 de dezembro de 2012

Festival Avuador aterrissa em Vitória da Conquista

Dias 13 e 14 de Dezembro é tempo de música e processos colaborativos com o Festival Avuador.

da Redação



Dezembro é mesmo o mês dos Festivais! Na próxima semana entre os dias 13 e 14 (próximas quinta e sexta feiras) é a vez do Festival Avuador aterrissar em Vitória da Conquista. Na programação muita música, tanto em shows quanto em bate-papos.

Tudo isso com direito ainda a uma surpresa rebuceteira!

O evento é uma realização da Maquinário Produções, responsável pelo eixo de circulação da Rede Motiva - patrocinada pela Vivo, com recursos da Lei Estadual de Incentivo à Cultura (FazCultura), integrando o Conexão Vivo - em parceria com a  Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista.

Em suas duas primeiras edições, o Festival Avuador foi realizado no Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima. Neste ano palco será montado na Praça Barão do Rio Branco e o Festival integrará a programação do Natal da Cidade.

Na grade estão presentes shows de alguns dos principais nomes da nova música brasileira. O baterista Curumin (SP) e a banda Baiana System (BA), garantem a festa no dia 13 de dezembro, quando se apresentam ainda Paulo Macedo (BA) e a já conhecida do público conquistense, Cinco Contra Um (BA).

Confirmando a mistura de estilos característica do Avuador, a sexta-feira é dia de invasão pernambucana com os artistas Karina Buhr e Siba. Sobem ao palco ainda os baianos Paulo Gabiru (BA) e a banda Distintivo Blue (BA).

O Festival

O Festival Avuador faz parte de um circuito de festivais promovidos pela Rede Motiva na Bahia, composto por outros três grandes eventos: o Festival Umbuzada Sonora, realizado em Juazeiro, Stereo Sul em Itacaré/Ilhéus e o Festival Lado BA, em Salvador.

O trabalho teve início em 2010. Na época, foi feito um mapeamento nas regiões Norte, Sul, Sudeste e na capital, a fim de compor o calendário dos eventos e também servir como plataforma de circulação de conteúdos artísticos.

A previsão é que em 2013 os festivais sejam consolidados e passem a ser produzidos de forma autônoma por agentes locais capacitados durante o processo de implantação. Sendo assim a Rede Motiva poderá elaborar novos festivais em outros locais do estado.

Além disso, esse circuito de festivais tem como objetivo promover a ocupação de espaços públicos com programação de estilos musicais diversificados, que tenham como característica a difusão da cultura e musicalidade brasileiras.

Putetê no Mei-de-Rua?

A Barão vai ficar pequena! Como se já não bastasse os oito shows que compõem a programação esse ano ainda tem uma grande novidade. Especialmente para quem curte descer até o chão e acusa a "perda de dignidade" no Putetê, aí vai a boa nova: nossas noites de Viela foram estendidas e durante o festival o Rebucetê vai ocupar o famoso Beco do Samba.

O mais variados sons vão rolar nas aberturas e intervalos do Avuador. Vale a pena chegar mais cedo! Na playlist a mistura que você já conhece e surpresas preparadas pelos nossos DJs convidados.

***

Serviço: Festival Avuador
Data: 13 e 14 de dezembro
Local: Praça Barão do Rio Branco
Entrada Gratuita

[#FSB2012] Cone Mico

Em sua passagem por Vitória da Conquista, no Festival Suíça Bahiana 2012, o grupo de Rap Cone Crew Diretoria foi o pesadelo que toda produção local gostaria de evitar, mas me proporcionaram a pauta do sonho de qualquer jornalista cultural iniciante.

Por Lucas Oliveira Dantas
Apresentação fria e irresponsável do grupo Cone Crew Diretoria/ Foto: Coletivo Suíça Bahiana

Em espasmos barulhentos, Batoré da Cone Crew Diretoria, pegou o jovem repórter do site local, o agarrou à força fingindo um beijo; tentando manter os ânimos com sarcasmo, o garoto exigiu respeito. Você precisa de autorização para tocar nessa boca aqui, meu querido. E, conseguindo a reação que esperava para sua performance offstage, Batoré continuou a piada, pegou o garoto – que naquele instante se lembrou que estava sendo filmado desde o princípio –, levantou sua blusa exibindo-o para a câmera, enquanto parte das pessoas riam da performance Jackass e outras observavam chocadas. O repórter abaixou a própria blusa e, percebendo que o showzinho ia além da empolgação inconsequente  e vendo que não conseguiria a entrevista pela qual estava ali, saiu esbravejando contra a banda, equipe, câmeras e sabe-se mais lá o quê.

Show frio

Antes e após um show controverso – em que as falhas de comunicação (para dizer o mínimo) aconteceram entre banda e plateia, produções e, no meio de tudo, a MTV – a banda não só causou um verdadeiro rebucetê nos bastidores do festival, como com o próprio O Rebucetê.

Frio e, na maior parte, unilateral, o show discorreu de forma totalmente oposta aos shows anteriores. A interação com o público era esparsa, com Cone Crew se direcionando na usual marra prepotente dos rappers, mas com o carisma de uma ervilha crua que faria Eminem (que não é conhecido por sua simpatia) sentar e chorar. Ou bocejar.

Com rimas/piadas homofóbicas e um arriscado discurso autoindulgente, a banda chegou a ser vaiada em alguns momentos e, mesmo mantendo alguns fãs e admiradores de rap acompanhando até o fim, maior parte da plateia esvaziou a Arena Miraflores poucos minutos de iniciado o show.

Acontece que o show mesmo estava acontecendo nos bastidores e a partir daqui o relato toma um cunho mais pessoal.

Enquanto editor da cobertura d’O Rebucetê, eu ficava alternando entre a sala de imprensa, monitorando as postagens; a pista, auxiliando os repórteres e fotógrafos, e o backstage pré-produzindo as futuras entrevistas e tirando eventuais instagrams do palco.

Mas, se o acesso para a imprensa local vinha sendo livre até então, com Cone Crew Diretoria, segundo o produtor deles, “aqui só MTV”. Eu achei graça, pois já consegui minhas fotos e de quebra um furo! Sim, um furinho de meia tigela, mas pense o quanto poderíamos reclamar no Twitter! kekeke...

Aliás, reclamar era o consenso geral da produção do Festival quando se mencionava Cone Crew. Logo quando chegamos, antes de tudo começar, uma das produtoras nos disse que os caras estavam para ser expulsos do hotel devido a baderna. Óbvio que adorei saber disso! Os burburinhos, inclusive, davam conta de que eles emporcalharam o camarim, tendo até mijado em cima da mesa.

Mas, depois de ser limado a favor da MTV, desci até os camarins para afinar a entrevista de mais tarde e, ao encontrar as colegas Luiza Audaz e Maria Eduarda, contava sobre a exclusividade mtvística, quando me aparece o produtor executivo do grupo.

"Coração involuntário"
obra de Cone Crew Diretoria*
Colei nele para saber da nossa pauta e, de repente, estava no camarim com ele. Sim, os rumores eram fatos, mesmo que até agora ninguém tenha comprovado que o coração involuntário (foto) em cima da mesa era mesmo feito de mijo. E mesmo após o produtor desdenhar da minha cara – “tamo fugindo de imprensa” – continuei rindo à toa sem saber porque… mentira, sabia sim: tinha conseguido comprovar o furo do camarim.

Só que o negócio começou a pegar fogo quando Luiza – que faria as vezes de repórter naquela noite –, tentando salvar a pauta planejada, iniciou um sobe-desce de escadas em conversas acaloradíssimas (sim, isso é um eufemismo) com o tal produtor.

E então, conforme o chacoalhar da vodca começava a revelar os monstros de todos, uma verdadeira confusão se instalou entre Cone Crew Diretoria e O Rebucetê, indignado com a postura pedante da banda e equipe (on e off stage).

Consegui salvar a pauta, mas minha repórter estava puta da vida, subiu nas tamancas dizendo que não ia fazer mais entrevista nenhuma! E eu parti de argumentos sensatos:

“Cara, você que estudou a porra da pauta!”

…Para a pose de chefia:

“A entrevista vai acontecer e pronto! E é você quem vai fazer!”

Até ao ponto que eu mesmo anotei as perguntas elaboradas por Luiza e parti para os bastidores em busca de cumprir a pauta.

Estava pouco me fodendo para o pernosticismo da banda e equipe. Ao passo que eu queria realmente concluir a parada, meu espírito jornalístico se arrepiava apenas com a áurea eletrizante da situação. Aquilo ia dar em muita coisa e é óbvio que eu queria ver tudo!

Instalação: TRASH-EZA
obra de Cone Crew Diretoria*

O comportamento do Cone Crew Diretoria e equipe no camarim foi TE-NE-BRO-SO! Sob o mais estúpido estereótipo de rock stars, eles faziam algazarra, sujavam coisas, jogavam gelo e comida uns nos outros, tiravam a roupa. Tudo isso deliberadamente para as câmeras da MTV, claro.

Enquanto os Bernadino e Purki, fotógrafo responsável pela pauta, olhavam tudo com desconfiança e seriedade, eu continuava rindo de tudo. Era bom demais pra ser verdade! Meu estágio pessoal de Rolling Stone, acompanhando um momento da turnê de uma banda que despontava no cenário nacional. Não vou mentir que, só de pensar naquelas câmeras da MTV fico arrepiado… um misto ridículo de vergonha e fogo no rabo.

Luiza discutia com os produtores, que começavam a mudar o discurso de "nada de entrevistas" para "entrevista só no hotel". Vocês só vão sentir o que é Cone Crew de verdade se forem com a gente pro hotel. Porra nenhuma, eles queriam mesmo era sentir Luiza, mas eu não me oporia se ela e Purki quisessem ir.

Olhando atentamente para as caras de todos, me perguntava o quanto e desde quando aqueles caras estavam enchendo a cara. De álcool e seja mais lá o que você quiser imaginar. Era óbvio para mim, naquele momento, que a pauta não daria em entrevista alguma, mas era necessário estar ali! Propósitos jornalísticos, um sentimento que (entendi naquele momento) era muito complicado de explicar.

Quando Batoré subiu minha camiseta, fiquei excitado! Mas não porque aquele energúmeno, pseudo músico, celebridade de MTV me ridicularizava em frente à câmera, mas exatamente porque eu só pensava na pauta! E não existia nada melhor para mim do que a forma com a qual Cone Crew tratava a mim e a’O Rebucetê… e Conquista!

Enquanto meus amigos e colegas se chocavam, eu juro: só não me sentia como Nicole Kidman em “Um Sonho sem Limites” por que cometi a burrice de não ligar a câmera desde o princípio.

O ponto alto foi quando, Rany Money, um dos membros mais tranquilos daquela trupe de gente mal educada, virou para mim e disse: “mas você tem que entender como é que você aborda o cara. Você tem jeito de homem, mas se você se comporta como mulher, os caras vão te tratar como mulher!”

Quer dizer, tirar minha roupa sem meu consentimento para a câmera! Quem precisa de entrevista?!

*Fotos por Lucas Oliveira Dantas. Sim, as legendas são ironias.

[#FSB2012] Com um público excitado, Festival Suíça Bahiana 2012 se encerra

Sábado (08) foi dia de conferir a segunda noite do Festival Suíça Bahiana 2012. Shadowside (SP), Na Terra de Oz (BA), Pouca Vogal(RS) e Vivendo do Ócio (BA) formaram a grade de encerramento do festival.

Da Redação
Shadowside/ Foto: Purki


A abertura ficou por conta da banda de heavy metal Shadowside. Apesar de iniciado no horário previsto, o show acontecia enquanto o público ainda chegava na Arena Miraflores. Dani Nolden (vocal), Raphael Mattos (guitarrista), Fabio Carito (baixo) e Fabio Buitvidas (bateria) estavam vestidos como mandam as “normas” do rock, de blusas pretas e Converse. A vocalista mostrou uma performance bonita e um bom domínio de palco e público. 


Representando o rock conquistense, Na Terra de Oz é um "grupo formado por amigos que se conheceram em ocasiões não convencionais". Apesar do pouco tempo de estrada, Na Terra de Oz lançará em breve seu primeiro EP e a apresentação da banda no FSB 2012 foi uma prévia do que está por vir, contando com músicas autorais como Azul e Branco, Clichê e Café com Nostalgia. Porém, foi um show arrastado, com muitas falhas técnicas que causaram uma dispersão generalizada na arena.

Foto: Rafael Flores/ Foto: Rafael Flores
Assim que findada a participação de Na Terra de Oz, o público já começava a se aglomerar pela grade de contenção, aguardando por algum vislumbre de Humberto Gessinger. À aparição de qualquer membro do staff de Pouca Vogal, o público reagia energicamente. Acompanhado de Duca Leindecker - também remanescente de uma banda dos anos 80 (Cidadão Quem) - o líder dos Engenheiros do Hawaii subiu ao palco ao som de urros, sussurros e aplausos.

A empolgação do público conquistense agradou mais uma vez o roqueiro gaúcho. Da última vez que tocou por aqui em 2006, considerou um dos seus melhores shows. O repertório correspondeu à expectativa da arena, ávida por ouvir um pouco do que foram os Engenheiros do Hawaii e cantarolar alguns refrões compostos exclusivamente para o Pouca Vogal.

Humberto Gessinger (Pouca Vogal)/ Foto: Rafael Flores

Grande parte do público deixou a arena após a súbita saída de Gessinger e Leindecker. Ainda assim o show de encerramento, que estava nas mãos da soteropolitana Vivendo do Ócio, foi agitado e divertido. Com certos ares de banda britânica, os garotos trazem nas letras a (pseudo) vida alcoolica e bucólica do indie rock. Além disso, desenham a cidade de Salvador e a famosa saudade da Bahia, inerente a qualquer baiano que decide sair do estado.

Vivendo do Ócio/ Foto: Rafael Flores

O repertório foi composto por músicas do segundo álbum do grupo, “O pensamento é um imã”, lançado recentemente pelo selo independente Deck Disc. Porém, não faltaram antigos hits como “Fora Mônica”, “Meu Precioso” e “Rock Pub Baby”.

O Festival Suíça Bahiana se despede mais uma vez com um saldo positivo para a cidade. O evento une o que vem sendo produzido no interior e nos grandes centros e se configura como a verdadeira cena da música nacional. E ainda desmistifica que a cena alternativa é composta apenas de rock n’roll, agregando ao movimento estilos antes considerados “de gueto”, como o hip hop e o ragga.

Mais #FSB2012


sábado, 8 de dezembro de 2012

[#FSB2012] Respeita os loco de Conquista

A primeira noite do Festival Suíça Bahiana - #FSB2012 foi marcada por um ótimo desempenho das bandas locais e uma Cone Crew Diretoria que deixou a desejar.

Por Mariana Kaoos e Maria Eduarda Carvalho

Complexo Ragga/ Foto: Luiza Audaz

Tendo chegado à sua terceira edição, o Festival Suiça Bahiana, que esse ano ocorre na Arena Miraflores, apostou em um misto de atrações locais com grupos de fora. Quem compôs a noite de sexta feira foi o sambista Achiles Neto, seguido pelo grupo soteropolitano de pop rock Scambo, os regueiros do Diamba, Complexo Ragga e o grupo de rap carioca Cone Crew Diretoria.

De acordo com o produtor cultural do evento, Gilmar Dantas, “o critério de escolha das atrações foi de acordo com o que, de fato, está em evidência na cena cultural da cidade e do país. Um retrato do que é a cena nacional. O rock perdeu espaço e por isso não foi nosso foco esse ano. Resolvemos dar vazão para os estilos que têm potencial inovador como o hip hop e o ragga”.

Achiles Neto ainda passava o som quando os portões foram abertos para o público, por volta das 21h. As cervejas (a um preço de R$3,00 a lata) e as comidas (salgados, pizzas e espetinhos) já estavam no ponto, só não a produção do festival, que pareceu meio dispersa com essa questão de horários, mal informando ao público que o primeiro show ainda não havia começado.

Achiles Neto/ Foto: Henrique de Eça
Sanado esse problema, Achiles e sua banda abriram a noite com chave de ouro. Com músicas autorais e fazendo referência a grandes artistas como João Bosco, Gonzaguinha e Dorival Caymmi, o cantor emocionou as pessoas presentes, como também as fez tirar o pé do chão. A qualidade e concretude do seu trabalho é visível através de músicas como “Cocoa”, “João do BNH” e “Dafé”. Ele, sem dúvidas foi uma das melhores surpresas da noite.

Logo após sua apresentação, foi a vez de Scambo subir ao palco. Podia-se notar grande contingente de fãs, que ocuparam toda a frente do espaço dançando e pulando ao som de músicas autorais da banda, como “A Carne dos Deuses” e “Janela”, e conhecidos covers como “Muito Romântico”, de Caetano Veloso.

Pedro Pondé, vocalista da Scambo, com sua interpretação visceral, arrepiou a todos com “Carcará”, composição de João do Vale e Zé Keti. Em entrevista exclusiva para O Rebucetê, em agosto desse ano, Pedro explicou de onde vem a sua ótima performance no palco. “Minha formação é de teatro e até hoje eu encaro a música como teatro, até pra compor, pra cantar, e isso tá muito impregnado. Eu me sinto mais ator até do que cantor, eu acho que sou um ator cantando e não um cantor atuando”.

Diamba foi a terceira banda a tocar na noite. Muito energético, o vocalista Duda Sepúlveda balançava orgulhosamente seus dreads, cantando seu reggae com letras de conscientização e, como o próprio Duda define, “de mensagem que faz vibrar positivamente”. A banda fez um show em sua maior parte autoral, tocando canções do quarto álbum de estúdio, “Fraternidade Musical”, além de covers internacionais.

Entre meia noite e uma hora da manhã, os meninos do Complexo Ragga chegaram com tudo, incendiando a pista, colocando todo mundo para se remexer. Ao longo desse ano, o grupo vem ocupando todos os espaços da cidade, que vão desde a grandes festivais como o Festival da Juventude, às ditas “periferias”.

Supremo MC, JG Black e o Loroo Voodo, fizeram um show focando na essência dos mesmos, abordando em suas músicas fatos do cotidiano de cada um. “Sensimilla” e “Poder da Palavra” foram alguns dos hits que eles tocaram. Decididamente, o Complexo foi o melhor da noite, pela qualidade do som e pela humildade e boa energia com que eles levaram toda a apresentação.

Encerrando a noite, a atração mais esperada, Cone Crew Diretoria subiu ao palco e surpreendeu. Infelizmente a surpresa foi negativa, “os muleque” chamaram mais atenção pelas pérolas soltadas no palco do que pela música em si. O discurso que incluía ofensas a música sertaneja, atingiu até a própria presidenta da república num suposto ato de rebeldia que na verdade mostrou um discurso vazio com muita agressividade e pouco conteúdo.

Os problemas com a banda se estenderam ao backstage. A Cone Crew, que no palco canta a plenos pulmões “foda-se a tv”, restringiu o acesso e somente a emissora MTV, que acompanhava o grupo, pode fazer o seu trabalho. O show, como todo o resto, deu a sensação de que não passava de um grande circo midiático onde meia dúzia de meninos aprontava gracinhas para a câmera da tevê. Uma pena.

A primeira noite de Festival Suíça Bahiana foi sem dúvida brilhante por conta das atrações locais. Achiles Neto e a banda Complexo Ragga mostraram no palco um trabalho de qualidade igual ou superior as ditas atrações nacionais.

Scambo/ Foto: Luiza Audaz

O festival encerra os trabalhos do Coletivo durante o ano e na noite de sexta-feira mostrou bem um resumo do que viveu a cena alternativa de Vitória da Conquista. Ano de mais espaço para as culturas do rap, hip hop, sem dúvida memorável para o ragga e com uma forte presença das bandas soteropolitanas, como Scambo e Diamba.

Se em 2011 a aposta era os novíssimos baianos entitulados pelas bandas Maglore e Os Barcos, 2012 foi o ano do dancehall. Mas não acabou ainda, hoje tem muito mais na Arena Miraflores com Pouca Vogal, Vivendo do Ócio, Shadowside e Na Terra de Oz.