Lucas criou dentro da Enecos o movimento pró-saia,
construiu junto com outros militantes LGBT o ENUDS ( Encontro Nacional sobre
Diversidade Sexual) e fundou também, em sua cidade, o coletivo Retalhos, além
de organizar diversas paradas da diversidade. Confira abaixo a carta lida pelo
Coletivo Sou Diversidade durante o ato.
Carta do coletivo Sou Diversidade: Tirem suas saias do armário!
O grupo Sou Diversidade, surgiu com o intuito de estudar os
mais variados aspectos da diversidade sexual e de formular ações práticas para
a modificação do status de “anormal” dos LGBT na sociedade. Entendemos que o
padrão heteronormativo é um dos principais agentes responsáveis pela homofobia
– interna e externa – que ligado ao machismo e influência político-cultural de
fundamentalistas religiosos, constitui uma forte ameaça à vida (civil e física)
dos LGBT. Obviamente contextualizada nos conflitos e contradições da luta de
classes.
A heteronormatividade considera as relações heterossexuais
como a norma, e todas as outras formas de conduta e comportamento que estejam
fora desse padrão como desviante. Ao contrário do que muitos pensam, a
imposição da heteronormatividade não atinge apenas o homossexual, os próprios
heterossexuais também o são. Afinal, a norma não está ligado apenas a
sexualidade, mas também ao comportamento perante a sociedade. Ou seja, ao homem
lhe cabe ser viril, másculo e a mulher dócil, feminina, sendo suscetível a
variadas formas de punições sociais ao romper com essas normas.
A noção também impõe uma ligação errônea entre
sexo-gênero-sexualidade, os quais não têm relação direta. Nascer com o órgão
sexual masculino ou feminino não significa que pertencerá ao gênero masculino e
feminino respectivamente. Sua sexualidade não é definida pelo órgão sexual com
o qual nasceu, nem pelo seu gênero. A normatização desses padrões nos leva
ainda hoje a inúmeros preconceitos ligados a homofobia, lesbofobia, transfobia,
misoginia, entre outros. Quebrar com esses padrões faz parte da luta por uma
sociedade mais justa e que respeita a diversidade sexual e de gênero.
O movimento pró-saia vem no intuito de desmistificar essas
construções e propor uma transgressão do gênero e a quebra da ligação desse com
o sexo e a sexualidade, lembrando-nos da construção social ao qual nossa
sociedade infelizmente está sedimentada. A saia, é por convenção , uma peça
utilizada exclusivamente por pessoas do sexo feminino e, por consequência, uma
forma de expressar sua feminilidade. Dessa forma, o uso da peça por pessoas do
sexo masculino, no contexto sócio-cultural em que estamos inseridos, torna-se uma
quebra do padrão e, ao mesmo tempo, abrindo mão da sua condição viril, os
homens mostram-se abertos a desconstrução de práticas socialmente construídas
que levam a vários tipos de preconceito. Essa quebra vem no sentido de elucidar
que existem indivíduos que não se encaixam em tais normas e são por elas
marginalizadas. Viemos através desse ato reivindicar que respeito e direitos
iguais se estenda aos indivíduos de todos os sexos, sexualidades e gênero. Na
luta por um mundo sem homofobia, lesbofobia, transfobia, misogonia e qualquer
outra forma de preconceito!
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