sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Movimento pró-saia - Tirem suas saias do armário!




O coletivo Sou Diversidade promoveu hoje, em parceria com a Enecos (Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação), o ato do Movimento Pró-saia, no restaurante universitário da UESB. O movimento está sendo realizado em diversas universidades do Brasil em memória a Lucas Fortuna, jornalista de 28 anos encontrado morto no dia 28 de novembro em uma praia de  de Calhetas, em Cabo de Santo Agostinho (PE). Acredita-se que por motivação homofóbica.

Lucas criou dentro da Enecos o movimento pró-saia, construiu junto com outros militantes LGBT o ENUDS ( Encontro Nacional sobre Diversidade Sexual) e fundou também, em sua cidade, o coletivo Retalhos, além de organizar diversas paradas da diversidade. Confira abaixo a carta lida pelo Coletivo Sou Diversidade durante o ato.



Carta do coletivo Sou Diversidade: Tirem suas saias do armário! 

O grupo Sou Diversidade, surgiu com o intuito de estudar os mais variados aspectos da diversidade sexual e de formular ações práticas para a modificação do status de “anormal” dos LGBT na sociedade. Entendemos que o padrão heteronormativo é um dos principais agentes responsáveis pela homofobia – interna e externa – que ligado ao machismo e influência político-cultural de fundamentalistas religiosos, constitui uma forte ameaça à vida (civil e física) dos LGBT. Obviamente contextualizada nos conflitos e contradições da luta de classes.

A heteronormatividade considera as relações heterossexuais como a norma, e todas as outras formas de conduta e comportamento que estejam fora desse padrão como desviante. Ao contrário do que muitos pensam, a imposição da heteronormatividade não atinge apenas o homossexual, os próprios heterossexuais também o são. Afinal, a norma não está ligado apenas a sexualidade, mas também ao comportamento perante a sociedade. Ou seja, ao homem lhe cabe ser viril, másculo e a mulher dócil, feminina, sendo suscetível a variadas formas de punições sociais ao romper com essas normas.

A noção também impõe uma ligação errônea entre sexo-gênero-sexualidade, os quais não têm relação direta. Nascer com o órgão sexual masculino ou feminino não significa que pertencerá ao gênero masculino e feminino respectivamente. Sua sexualidade não é definida pelo órgão sexual com o qual nasceu, nem pelo seu gênero. A normatização desses padrões nos leva ainda hoje a inúmeros preconceitos ligados a homofobia, lesbofobia, transfobia, misoginia, entre outros. Quebrar com esses padrões faz parte da luta por uma sociedade mais justa e que respeita a diversidade sexual e de gênero.

O movimento pró-saia vem no intuito de desmistificar essas construções e propor uma transgressão do gênero e a quebra da ligação desse com o sexo e a sexualidade, lembrando-nos da construção social  ao qual nossa sociedade infelizmente está sedimentada. A saia, é por convenção , uma peça utilizada exclusivamente por pessoas do sexo feminino e, por consequência, uma forma de expressar sua feminilidade. Dessa forma, o uso da peça por pessoas do sexo masculino, no contexto sócio-cultural em que estamos inseridos, torna-se uma quebra do padrão e, ao mesmo tempo, abrindo mão da sua condição viril, os homens mostram-se abertos a desconstrução de práticas socialmente construídas que levam a vários tipos de preconceito. Essa quebra vem no sentido de elucidar que existem indivíduos que não se encaixam em tais normas e são por elas marginalizadas. Viemos através desse ato reivindicar que respeito e direitos iguais se estenda aos indivíduos de todos os sexos, sexualidades e gênero. Na luta por um mundo sem homofobia, lesbofobia, transfobia, misogonia e qualquer outra forma de preconceito!

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