terça-feira, 15 de novembro de 2011

Cada vez mais público para o cinema na terra de Glauber Rocha

Por Mariana Kaoos

Negos do Beco/ Foto: Mariana Kaaos
Com a presença aproximada de 1200 pessoas durante os cinco dias de programação, a sétima edição da Mostra Cinema Conquista, transcorrida entre os dias oito e doze deste mês, promoveu exibição de filmes, conferencias, oficinas pedagógicas, exposições fotográficas e shows musicais para um público de diferentes sotaques da Bahia, bem como de outros estados, principalmente de Alagoas, Minas Gerais e Sergipe, que veio para conferir o projeto, o qual já angariou prestigio e respeito pelo país afora.




Na abertura do evento o filme exibido trouxe como título “Jardim das Folhas Sagradas”, cuja temática está voltada para o universo religioso do candomblé. O filme é dirigido pelo cineasta e diretor do Instituto de Radiodifusão do Estado da Bahia, Póla Ribeiro, que após a exibição debateu aspectos da obra de sua autoria com a plateia. Para a primeira noite da Mostra Cinema Conquista o centro de cultura Camilo de Jesus Lima recebeu decoração aconchegante e temática, composta de folhas e plantas relacionadas à natureza e à religião do candomblé, além de acarajés servidos pelos monitores do evento ao som do samba de roda do grupo Negros do Beco, composto por mulheres descendentes de escravos, negros e índios.

Para o jornalista Dirceu Góes, que veio de Florianópolis conferir a Mostra, a necessidade de se abordar temáticas como essa e levá-las ao público é uma maneira interessante de difundir a cultura popular que antes era restrita aos guetos em que estava inserida. Segundo Dirceu, “o candomblé, além da parte religiosa é um forte traço formador da cultura baiana. O resgate de pormenores dessa religião feito por Póla Ribeiro em Jardim das Folhas Sagradas, torna-se interessante não só do ponto de vista estético, uma vez que a fotografia do filme é belíssima, mas também como uma porta de entrada para que outros cineastas abordem essa e outras temáticas com mais profundidade e leveza”.

Outro ponto marcante da Mostra foi a exposição Natureza Viva do fotógrafo e cineasta baiano Robinson Roberto, que demorou cinco anos para completar a obra. A exposição é formada por fotografias do desenho e da forma que as areias do litoral nordestino adquirem sem interferência humana. O fotógrafo explicou sua técnica de trabalho e as impressões que o marcaram durante a Mostra de Cinema: “eu usei uma câmera de 50 milímetros, que imita o olho humano, numa distancia mínima para poder fotografar e dar vida a essas formas magnificas que a areia das praias do litoral possuem. Essa é a minha primeira vez em Vitória da Conquista, onde fiquei muito feliz com a receptividade do publico. É muito bom que a cidade venha ganhando esse destaque não só como polo cultural cinematográfico, mas também contemplando outros tipos de produção. Abrir para outras vertentes da arte é em demasiado importante, e eu fico muito honrado em ter tido a oportunidade de expor meus quadros por aqui”.

A Mostra e o novo olhar

Diego Oliveira e Bárbara Jardim/ Foto: Mariana Kaoos
Além da exibição de filmes do circuito nacional, a Mostra Cinema Conquista vem direcionando seu olhar e abrindo espaço para a produção local. Prova disso, foi o espaço prestado aos produtos concebidos aqui, dentro do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Para o estudante de Cinema e Audiovisual, Diego Oliveira, a Mostra tende a, futuramente, cada vez mais focar-se no estimulo e produção local. “Estamos na terra de Glauber, com um curso de Cinema saído do forno. 

A Mostra Cinema Conquista em sua sétima edição, se consagra mais uma vez como um projeto que altera o cenário cultural e produtor da cidade. Pessoas que apreciam e mexem com a arte, como eu, terão a oportunidade de estar produzindo e exibindo filmes ou exposições artísticas e ate mesmo shows culturais nesse local, que incita a cultura e vem direcionando seu foco para a própria cidade”.

Diego, que estava a debater, com a estudante de comunicação social Bárbara Jardim, sobre o filme Riscado, do diretor Gustavo Pizzi, exibido na tarde chuvosa de quarta-feira, foi contemplado com a exibição do seu curta na tarde se sábado. O curta foi produto da Ofina de “Direção em cinema”, ministrada pelo cineasta Rodrigo Grota, entre os dias sete e onze de novembro.

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