Primeira edição do Rebucetê. Foto: Murillo Nonato |
Comecei a escrever uma retrospectiva, com tópicos que marcaram o ano em Vitória da Conquista. No entanto, me deparei no quão imbecil estava a construção do texto. Me liguei que a coisa mais marcante no ano, para todos que estão ao redor do projeto, foi esse blog. Altas gargalhadas e as brigas mais estúpidas rechearam os bastidores do Rebucetê. Resolvi relembrar alguns momentos e explicar algumas coisinhas, pros que tão chegando agora por aqui
“Que Rebucetê é esse?”, bradava Everton, um grande amigo, ao se deparar com qualquer indício de burburinho, bafo ou confusão. Eu sempre gargalhava escandalosamente com isso e a curiosidade me fez pesquisar a origem da expressão. “Oh, Rebuceteio!” foi o que apareceu na primeira googlada, era o filme setentista subversivo que eu tinha assistido há alguns anos nas madrugadas do Canal Brasil. Deduzi que a expressão vinha dali, já que o filme é sobre um diretor de teatro que propõe uma quebra de paradigmas sexuais no palco, ou seja, uma verdadeira confusão na cabeça de qualquer espectador.
“Quero fazer alguma coisa com esse nome, quero um jornal com esse nome!”, pensei. Alguns dias se passaram e essa idéia finalmente foi exteriorizada. No meio-fio da Barão do Rio Branco, após uma fracassada porém divertida marcha da liberdade, esperávamos o show da Cabruêra. Murillo, Bia e eu começamos a questionar algumas não-práticas do nosso curso, principalmente a falta de escoamento das nossas produções, muitas vezes presas aos nossos cadernos e hd’s. Um jornal mural estava nascendo naquela sarjeta, uma produção nossa, livre, independente e de início aberta a qualquer interessado. Queríamos instigar um pensamento novo dentro do curso de jornalismo, acender em nossos colegas a vontade de produzir. O nome provocativo fazia todo o sentido naquele contexto. Era o desbunde chegando sorrateiramente.
Como de praxe, enrolamos um pouquinho até colocarmos a mão na massa. Com a insistência de Murillo conseguimos montar a primeira edição do mural antes de viajarmos para o ENECOM Pará. Ocupamos a subutilizada sala do centro acadêmico e começamos a produzir, pintamos um madeirite. Era tudo muito tosco. As matérias enormes e cansativas, nem um pouco apropriadas para um jornal mural. A edição saiu 24 horas antes de embarcarmos para Belém do Pará, para o Enecom. Na viagem a idéia foi popularizada entre os amigos mais próximos. Lá, rolou uma oficina de jornal mural, na qual conseguimos pensar no formato mais adequado para o Rebucetê. Matérias mais extensas seriam postadas no blog, enquanto resumos desses textos e algumas notas saíriam no mural. O blog bombou, o mural não.
Entre erros e acertos na formatação e no conceito do Rebucetê, surgiu o convite para a cobertura colaborativa do Festival Suíça Bahiana. Consideramos este o divisor de águas do nosso trabalho, foi ali que vimos como podemos fazer jornalismo cultural na cidade. Foi ali que ”arregaçamos as mangas” e labutamos pra valer. Muita correria para montar as pautas, produzir os vídeos e preparar a entrevista( a maioria em cima da hora). Todas as bandas foram bacanas com a gente, desde os novos nomes como Marcelo Jeneci e Emicida ao legendário João Gordo. A exceção foram os cariocas do Canastra, que fizeram comentários imbecis durante o show e ainda foram estúpidos na sala de imprensa. Foi no festival também, acredito eu, que nos consolidamos enquanto grupo. Éramos cinco na sala de imprensa e bastidores e um para cobrir público. Bia, Paulinha, Mari, Murillo, Thais e eu estávamos imersos naquele universo, cheio de gente pra entrevistar e com muito brilho nos olhos. Só para tentar sentir um pouco o gostinho daqueles dias, lembro claramente do suor frio do meu rosto antes de entrevistar o Jeneci, da sensacional entrevista improvisada com o B-Negão e da conversa sobre vídeo-game com o Emicida.
Além desses seis, Verônica e Lucas Dantas integram o quadro oficial do Rebucetê. Contamos ainda com colaboradores (de alto nível, diga-se de passagem) como Lucas Oliveira, Maria Eduarda e as correspondentes Jéssica Lemos e Fran Ribeiro.
Primeiro grande recorde de visualizações. Foto: Rafael Flores |
Em um domingo de outubro, repleto de vento, incenso, fotografia, samba e risadas forçamos uma reunião entre os coletivos Enecos Conquista e Uesc, que estavam ali amigando. Esses coletivos são grupos de estudantes de comunicação que tentam pautar em suas escolas a representatividade da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social - Enecos. Os membros do Rebucetê e do Coletivo coincidem, penamos muito pra não confundir as coisas. Ambos os coletivos estavam na organização de suas respectivas Semanas de Comunicação. Um dos pontos da reunião seria discutir como prepararíamos o espaço de apresentação da Enecos nestes eventos.
Primeiro, nos atentamos aos temas das Secom's, para criar uma interação bacana e não ser mais um espaço exaustivo. Para a UESB, cujo tema era "Formação profissional: Reflexões sobre Teoria e Prática", pesamos em debater os produtos laboratoriais, assunto muito conversado pelos corredores neste ano. Hallana Andrade(Uesb) e Eline Luz(Uesc) foram as escolhidas para mediar o espaço. Já na semana da Uesc, o Rebucetê esteve lá, desta vez não para cobrir o evento, mas sim para compartilhar experiências. . Me "despanderei" de Conquista para Ilhéus para falar sobre apropriação das mídias digitais e propor novas formas de fazer comunicação. Foi incrível, consegui despertar uma vontade de produzir quase que instantânea no pessoal. Pautas locais foram surgindo a todo vapor e em menos de uma hora já tínhamos material para uma edição de um jornal mural.
Ainda rolou o Congresso Fora do Eixo, há quinze dias atrás. Fruto do contato estabelecido nos bastidores do festival já citado. Eu e Paulinha fomos ao São Paulo experienciar as propostas de Brasil do circuito Fora do Eixo. Semana difícil, temas densos, pés cansados e mente irritada. No entanto, conseguimos acompanhar debates incríveis sobre cultura e mídia e algumas idéias perigosas estão anotadas no bloquinho, para serem soltas em 2012.
Ainda rolou o Congresso Fora do Eixo, há quinze dias atrás. Fruto do contato estabelecido nos bastidores do festival já citado. Eu e Paulinha fomos ao São Paulo experienciar as propostas de Brasil do circuito Fora do Eixo. Semana difícil, temas densos, pés cansados e mente irritada. No entanto, conseguimos acompanhar debates incríveis sobre cultura e mídia e algumas idéias perigosas estão anotadas no bloquinho, para serem soltas em 2012.
Enfim, não tem como não se emocionar com esse ano, principalmente se tratando do blog. É clichê, mas é muito lindo ver um sonho tomando formas reais e ter muita gente acreditando nele com você. Obrigado, galera, aos rebuceteiros oficiais aos colaboradores e aos leitores (dos fiéis aos menos constantes), aos parceiros e amigos que fizemos ao longo do ano, como o pessoal do Coletivo Suíça Bahiana, principalmente a equipe que trabalhou duro no festival. E também ao nosso quase projeto paralelo , o Coletivo Enecos Conquista, por nos deixar sempre atualizado nos temas que envolvem a comunicação no Brasil.
Agora entramos em um breve período de férias. Cada um em seu cantinho, com seu verão. No meio de janeiro já pretedemos voltar com projetos incríveis e parcerias bacanas. Na volta contamos com detalhes. E seguimos querendo que 2012 seja o último ano do mundo, do mundo do jornalismo babaca e careta. Até logo!
Querido Rafa e caríssimos rebuceteiros:
ResponderExcluirEm primeiro lugar, parabéns, por terem conseguido transformar ideias em ações. Parece simples, mas pouca gente consegue! Viva vocês.
Em seguida, por conseguirem articular conjuntamente a excecução dos planos, dividindo responsabilidades e palavras, o que não é nada fácil. Outro viva a vocês!!
E, por último, quero dizer que só não me acostumo muito com o nome... mas tudo bem, reconheço que re_ô_ôtê seria pior!!! Portanto, mais um viva!!! Aliás, um viva, viva, para que o ano novo traga tudo de bom em dobro!
Muitos beijos e abraços, e um 2012 rebucetante!!!
Esse texto de Rafael despensa qualquer comentário. Espero que vocês continuem com esse trabalho fantástico. Parabéns, vocês brilharam MUITO em 2011 e tenho certeza que em 2012 vão colher lindamente os frutos desse trabalho, diga-se de passagem, sudado ;D
ResponderExcluirconquista estava precisando de um canal cultural independente como O Rebucetê.
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho de vcs!!!
A autonomia é o caminho!!!
sucesso procês!!!