sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Bandas locais marcam território no primeiro dia de Rock Cordel

Por Rafael Flores


Público durante o show da Ladrões de Vinil/ Foto: Rafael Flores
Começou ontem na praça Barão do Rio Branco em Vitória da Conquista, o Festival Rock Cordel, realizado pelo Banco do Nordeste em parceria com o Suíça Bahiana Coletivo/Circuito Fora do Eixo. Conquista é uma das poucas cidades do interior do Nordeste, e única cidade baiana, a receber o festival, cuja primeira edição ocorreu em Fortaleza em 2007. Agora no segundo semestre, ele ainda ocorre em Teresina (PI), Recife (PE) e Maceió (AL), fazendo parte das ações de comemoração dos 60 anos do Banco do Nordeste. 

Segundo Gilmar Dantas, produtor cultural do Coletivo Suíça Bahiana, Vitória da Conquista foi escolhida para sediar o festival, por conta de sua localização estratégica e de sua história musical recente de produções autorais que já possui um público formado pra esse tipo de evento. Ainda segundo a produção a curadoria do evento priorizou a escolha das bandas locais, mas sem esquecer que as trocas feitas com os artistas de outras regiões do país também são importantes para o avanço da cena.

Na Terra de Oz/ Foto: Rafael Flores
Com quarenta minutos de atraso, a abertura ficou por conta da conquistense Na terra de Oz. A banda é nova no cenário local, no entanto já tem uma mini turnê marcada para circular no interior do Ceará em setembro e consegue fazer com que o público acompanhe algumas letras.

O atraso do baterista causou um déficit de quatro músicas no set planejado, mas mesmo assim o grupo conseguiu apresentar um repertório completamente autoral.

“A gente pensou em fazer o show completamente autoral pelo fato de que já crescemos um pouco aqui dentro da cidade e estavamos querendo mostrar o conceito do nosso trabalho como um todo”, explica Breno Mota, baterista.

Segunda a entrar no palco, a também conquistense Distintivo Blue dedicou o show a Celso Blues Boy, mestre do blues brasileiro, que morreu na última segunda-feira, vítima de câncer na garganta. Assim como o homenageado, a proposta da banda é dar uma personalidade ao blues produzido no Brasil, porém adicionando uma pitada de humor à tradicional melancolia presente no gênero. Dentre as composições, divididas entre os dois EPs já gravados, os bluseiros do sertão apresentaram a mais recente composição “Miopia”, um relato irônico sobre a greve da Polícia Militar - do início deste ano - e “Na Trilha do Blues”, que está entre as 50 classificadas do X Festival de Música da Educadora FM.

Distintivo Blue/ Foto: Rafael Flores

Enio e a Maloca/ Foto: Rafael Flores
A banda Enio e a Maloca, com seu rock brasileiro e influenciados pela Soul Music, entrou logo em seguida. A última vez que a banda soteropolitana tocou na cidade, foi em 2010, na primeira edição do festival Grito Rock, e desde então a cena independente local cresceu e amadureceu. “Eu fico muito feliz, vi que a coisa cresceu de uma forma muito bacana, estruturada e organizada, e tô vendo que tá vindo banda de uma monte de canto do país, então é bacana ver que Conquista tá virando um polo cultural de música independente”, disse o vocalista Enio.

A banda acabou de gravar o seu segundo álbum, “Uma Parte do Todo”, produzido por André T. e Júlio Tolstoi e que deve ser lançado até o final de agosto. O público atento ao blues da última atração, demorou de se entregar ao som de Enio e a Maloca. Isto até serem tocados os primeiros acordes de “Smells Like Teen Spirit” do Nirvana, quando se formaram as primeiras “rodinhas punk” da noite, mas os roqueiros se assustaram um pouco quando perceberam que a letra original foi trocada pela de “Billie Jean” do Michael Jackson.

Ladrões de Vinil/ Foto: Rafael Flores
O público permaneceu empolgado para responder ao excitante show dos Ladrões de Vinil, referência na região com seus seis anos de estrada. Também em processo de gravação de novos materiais, a banda mostrou ao público uma das músicas novas, que acompanha  o rock dançante dos trabalhos anteriores.

A punk Cama de Jornal, talvez maior referência do underground conquistense, aumentou a energia do público que respondia em coro a cada grito de Nem, o vocalista. Ponto alto foi a participação dos integrantes da Ladrões de Vinil e Distintivo Blue, que juntos cantaram  a clássica “O álcool me persegue” da Cama de Jornal.

O público foi mudando de acordo com o horário e com o estilo das atrações. Já nos finais do primeiro dia de festival, as camisetas pretas começaram a predominar na frente do palco, sinal de que os headbangers já estavam prontos para o show das paraibanas Soulscream e Warcursed. No entanto, o vocalista da Soulscream estava com dengue e a banda não pôde se apresentar. Poucos resistiram à chuva que resolveu cair no início da madrugada, porém rolaram muitas rodinhas e o “bate-cabeça” foi intenso no show da Warcursed, que divulga o primeiro álbum "Escape from Nightmare". Cheio de riffs melódicos que contrastam com o vocal gutural de Jean Sauvé, o que foi apresentado varia entre o Trash e o Death Metal. 

O som continua nesta sexta (10) e no sábado (11), confira a grade:

Sexta:
19h: Mendigos Blues
20h: Impiza Roots
21h: Pie
tros
22h: Cinco Contra Um
23h: Os Barcos
00h: Maldita
01h: Amsterdã



Sábado:
19h: Neubera Kundera
20h: Tangerina Jones
21h: Folks
22h: Surf Sessions
23h: Garboso 
00h: Príncipio Ativo
01h: Callangazoo


Além da programação musical, o festival se preocupou também com a formação cultural do público. No sábado (11) acontece uma conversa sobre distribuição musical no Brasil com Rogério Big Bross, produtor do Festival Big Bands e responsável pelo selo Big Bross Records.

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