Por Thaís Pimenta
Lá de onde eu venho, Macaúbas, nunca houve rumores de protestos ou manifestações. Exceto por uma única vez, que me lembro bem: Tinha meus oito ou nove anos e o prefeito que exercia o mandato nesse período mandou cortar o sinal do SBT, até hoje não se sabe o porquê. No dia seguinte, não deu outra: as noveleiras de plantão, indignadas, protestavam na porta da prefeitura – elas queriam sua dose de melodrama mexicano, oras!
Lá de onde eu venho, Macaúbas, nunca houve rumores de protestos ou manifestações. Exceto por uma única vez, que me lembro bem: Tinha meus oito ou nove anos e o prefeito que exercia o mandato nesse período mandou cortar o sinal do SBT, até hoje não se sabe o porquê. No dia seguinte, não deu outra: as noveleiras de plantão, indignadas, protestavam na porta da prefeitura – elas queriam sua dose de melodrama mexicano, oras!
Na manhã do último sábado (7), ventos universitários vindos de Salvador surpreenderam a população macaubense. Digo surpreender porque nunca presenciaram ato igual. As faixas pediam “Salvem o Ceusma”, enquanto os apitos e sirenes acordavam a cidade.
Ainda era cedo quando residentes e ex-residentes do Centro Universitário e Secundarista de Macaúbas (Ceusma) começaram a concentração. Na Av. Flores da Cunha, principal avenida da cidade, às sete da manhã, os jovens já assinavam a lista para comprovar sua presença no ato. “Não deixe essa história Acabar”, era a frase que ilustrava suas camisas.
Com sede em Salvador-Ba, o Ceusma é uma instituição fundada em 1972. Durante seus 39 anos existência, abrigou diversos macaubenses que partiram para a capital em busca da tal sonhada formação superior. Hoje, o grande responsável pela profissionalização da cidade pede socorro.
Atualmente o Ceusma abriga cerca de 50 estudantes da cidade de macaúbas. Segundo seus moradores, a residência enfrenta sérios problemas de infra-estrutura, infiltrações, sanitários sempre inoperantes, esgoto a céu aberto. Além disso, reclamam da biblioteca instalada em um espaço pequeno e praticamente inabitável e da mobília comprometida.
Enquanto a passeata seguia pelos pontos principais da cidade, entre eles, Prefeitura Municipal e Praça Imaculada Conceição, a população ficava a par da situação precária em que estão vivendo esses estudantes. Da janela de suas casas, moradores sensibilizados acenavam mostrando apoio.
Cidade pequena e suas particularidades
Por que fazer manifestação em pleno sábado?
“É dia de feira! Quem quiser pode chegar...” Sábado é o dia em que a economia da cidade se movimenta.
Uma manifestação visa atingir o setor público, certo? Então, como atingi- lo em pleno sábado, sendo que a prefeitura não funciona nesse dia da semana?
A resposta é simples: um costume antigo da cidade. Todos os prefeitos que Macaúbas já teve, independente do partido ao qual pertenciam, atendiam a população em sua residência. A tradição não mudou, e neste sábado tido como normal, lá estava o prefeito e alguns vereadores a conversar com os cidadãos.
Localizadas as autoridades, o próximo passo é ir ao seu encontro. Após passar pela Praça principal da cidade, a manifestação seguiu até a residência do atual prefeito, Amélio Costa Júnior- PSB. Hora de encher os pulmões, apitar mais alto, ativar as sirenes, erguer os cartazes. Ok?
– Não! A passeata seguiu como se fosse à casa de qualquer outro civil.
O porquê:
– Particularidades de cidade pequena.
Macaúbas ainda apresenta resquícios do coronelismo. Além disso, a política da troca de favores está muito arraigada. “Fazer protesto e colocar em risco um futuro emprego?” Esta aí o porquê de nenhum ruído de manifestações por essas terras.
Apesar de tais “particularidades”, não podemos negar o quão significativo foi esse ato para cidade. Viu-se pela primeira vez os macaubenses em exercício democrático. Espera-se que esses ventos universitários levem pra longe o ar viciado com ideias e costumes da época do meu bisavô, e tragam até Macaúbas um ar renovado.
kkkkkkkkkkkkkkkkkkk!
ResponderExcluirinteressante essa matéria!
é sempre bom ficar informado, princpalmente quando a informação é da nossa terra natal!
Fernando Guimarães!