terça-feira, 2 de outubro de 2012

Aí Foi Que O Barraco Desabou...

Por Mariana Kaoos e Acid Prince


Foto: Vandet
Ainda era fim de tarde. Com os ombros queimados de sol, sentada numa mesa mais afastada, conversava uma besteira qualquer com os amigos ao redor. Por todo o ambiente ecoava uma velha e conhecida batida de reggae, relembrando tempos de outrora, ressignificando o meu presente. A banda que interpretava Ponto de Equilíbrio era Ronaldo e Malungos durante o evento Feijoada Xamparia. Eu não sei porque diabos estava lá, mas existe algum tipo de imã maligno que sempre me atrai à Xamparia (ou Xuparia, como sempre me escapole nos diálogos ou Xanaria, como dizem as línguas oficiosas). O negócio é que, gostando ou não, é o novo point LGBT conquistense e, naquela tarde de ontem, mesmo não acontecendo na habitual residência na João Pessoa, o público era o mesmo. Aliás, a única coisa que não estava habitual foi que, assim que cheguei com meus amigos, a cerveja estava acabada; mas pode-se confiar em na eficiência das pessoas e, em pouco tempo, o bar estava abastecido. 

O lance da feijoada pouco nos importava porque, pela hora que chegamos, feijão era a última coisa em nossas mentes. Pelo que alguns conhecidos que encontramos disseram, estava sem sal, assim como a banda de pagode horrorosa que foi chamada pra tocar. Pior que ela só os garotos que fizeram as vezes de bailarino - fazer a linha seria mais apropriado, porque eles eram tenebrosos! Mas enfim... Após uma loooooooooonga fadiga para ajeitar os instrumentos, a banda de rock Na Terra de Oz subiu ao palco. Os meninos, que andam melhorando a qualidade do som, investem com tudo nas músicas autorais e relembram clássicos como Ando Meio Desligado, dos Mutantes. Contudo, tomando todas em pleno domingo, rock talvez seja uma das últimas pedidas para se ouvir. Deixando os gostos musicais e momentos adequados um pouco para lá, sempre me intriga como o grupo consegue reunir dezenas de fãs adolescentes na beira do palco. Elas colocam suas cadeiras lado e lado e ficam suspirando todo o tempo. Suspiros destinados à guitarrista linda, quem sabe? Enquanto Na Terra de Oz finalizava a apresentação, a cerveja já tinha subido à cabeça e as pessoas presentes aguardavam ansiosas pela última atração. 

Foto: Vandet
Por volta das 20h, a banda Sambei, composta por Pc Lima, Jéssica Oliveira, Eduh Vasconcelos, Filipe Sampaio e Marlua subiu ao palco, tirando os óculos dos homens, levantando as saias das mulheres, “o amor seja como for é o amor”. Versos poéticos de Drumond a parte, finalmente as coisas pareciam se animar. Com um olhar dilacerante e um agudo que arrepiava os pêlos do braço, Marlua sorriu, pegou o microfone e entoou os versos, “quem não tem pra quem se dar, o dia é igual à noite”. Foi suficiente. O som estava uma merda e demorou um tanto até que as coisas se equalizassem, mas as poucas pessoas que restavam no local (a maioria eram os músicos das outras bandas) passavam longe de serem audiófilas e chegaram mais perto umas das outras, começando a sambar; sem contar que tinha muito mais gente babando pela cantora do que... bem, melhor deixar pra lá porque foi aí que o barraco desandou... desabou? Quem sabe! A essa hora tinha “globeleza” de shortinho curto e também tinha bicha recém chegada da Itália. 

Casais se embreagando pelos cantos e tantos outros com Louis Vuitton na cabeça. Entre fumaças de cigarro e batidas no pandeiro, Filipe Sampaio, que divide os vocais com Marlua, vinha pra perto do público. Lindo, loiro, com hálito de big apple*, era literalmente o nego de porre na boemia, pedindo para ser curado. Vem que eu curo, Lipe! O melhor de domingos conquistenses é que, se você quiser, eles mantêm a imprevisibilidade que antes era característica de toda a semana. Num piscar de olhos era fim de tarde e, de pele queimada e axé ruim, já rodopiava de um lado a outro do bar, quicando de cá pra lá sem nem lembrar que, na verdade, amanhã era segunda... mas, quem estava se importando mesmo?

Serviço: A Feijoada da Xamparia aconteceu domingo, 30 de setembro, no antigo espaço cultural Rancho.

1 comentários:

  1. Quanto mais disso tudo melhor... Só oferecemos o que prometemos... Todos podem agora dizer 'Sambei' e isso muito me agrada. Obrigada a vocês que nos permitem as delícias que compartilhamos nesse domingo e as que compartilharemos em outros momentos.

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