quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Everyone is gay!

Por Rafael Flores

Hoje a tarde comentei com uns amigos quantas vezes já fui 'confundido" com homossexuais e como eu consegui lidar tranquilamente com isso todas as vezes. Dentre os exemplos mencionei o mais recente, em que um professor jogava na roda minha sexualidade e meu namoro "de faixada". 

Na mesma tarde passei por uma situação no mínimo bizarra. Estava sentado e distraído no penúltimo ponto da UESB, o do quebra-mola das caronas. Sentados ao meu lado estavam dois adolescentes, quinze anos no máximo e óculos escuros escondendo o rosto. Percebi algo estranho ali, eles começaram a me olhar, dar risadinhas sarcásticas e se cutucarem com o cotovelo. No meio dessas risadinhas saiam alguns sussurros de "viadinho, viadinho" e comentários, que eram descaradamente direcionados para mim: 

- Não sei como neguinho consegue ser assim... (risadas e olhares)
- Assim como, velho? (risadas e olhares)
- Andar de um jeito estranho e não gostar de mulher. (risadas e olhares)
- É velho, como é que não gosta de buceta, hein, isso pra mim é falta de educação doméstica (risadas e olhares). 

Não sei de onde eles tiraram essas conclusões, e o que de estranho tinha minha calça jeans com chinelo de coro, mas a gente percebe essas coisas né? As piadinhas eram pra mim. Meu ímpeto foi de entrar na conversa e tentar aplicar algum discurso ali. Mas minha carona chegou antes que eu tentasse direcionar o olhar pra um dos dois. Talvez tenha sido melhor, eu poderia apanhar né? Já que duvido do que esses rapazes cheios de testosterona carregam na cabeça. Essa cena ficou rodando durante o dia inteiro e nem tive ânimo de contar pra ninguém. É um caso pra se pensar uma reforma na educação? Ou é um caso pra se pensar um novo formato de sociedade? 

Posso tá falando uma besteira muito grande, mas acho que ser hetero e não estar encaixado em todos os padrões da tal heteronormatividade é ser tão marginalizado quanto um gay. Não gostar de futebol, não alimentar conversas machistas, não ir à caça "pegar mulher". Quantas vezes já ouvi piada por essas coisinhas? 

A gente vive numa sociedade na qual o homem tem de se mostrar machista e homofóbico todo o tempo para provar uma tal masculinidade e se manter nos padrões.  Consigo prever a reação de muitos ao ler isso aqui. No entanto, não me envergonho de expor essas palavras, me envergonho de estar inserido em um contexto social tão porco quanto este. E pra completar, se ser hetero é ser assim, prefiro ser viado!

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