sábado, 29 de setembro de 2012

No rádio toca o velho rock 'n' roll

Por Maria Eduarda Carvalho

A última Noite Fora do Eixo do mês de Setembro foi inesperadamente fria, mas nada que impedisse os fãs de se locomoverem até o mais que conhecido Viela Sebo Café para curtir a dose da vez. Na programação, Tangerina Jones (BA) e Wander Wildner (RS), uma dose dupla de rock 'n' roll mesclando o som de uma banda que está começando agora, com um cantor e seus mais de 20 anos de estrada.


Os meninos da Tangerina Jones, de Feira de Santana, deram partida na noite. Com um repertório claramente influenciado pelos primeiros ícones do rock inconsequente (Rolling Stones e contando...), os garotos fizeram um som enérgico de riffs simples e muita gritaria. A performance desajeitada do cantor tinha lá sua graça, mas a comunicação com o público foi precária e o show algumas vezes se perdeu em sua própria narrativa. Saldo final, nada mal para uma banda que estava definitivamente experimentando e testando suas possibilidades dentro do selvagem universo do rock.

Enquanto os meninos da Tangerine tocavam, lá fora, de longe, eu via alguém. Lembro que meu primeiro pensamento foi questionar será o Johnny Rotten? Bobagens à parte, é claro que não era o Johnny, o simpático Wander Wildner chegou sozinho e fomos as entrevistas. Logo na primeira pergunta feita por Mateus (entrevistador oficial das Noites Fora do Eixo para o Coletivo Suiça Bahiana), Wander descarregou todo o panorama atual da vida de um dos ícones do punk nacional, mártir do punk brega. Ele está por aí, buscando novos rumos, já fez uma nova letra, não quer compor melodia com violão. Não quer mais tocar no palco e vai passar um pouco mais longe do rock romântico. Acabou de lançar um DVD reunindo vídeos desses dois últimos anos de carreira e andanças pelo mundo, o trabalho ainda não tem divulgação em massa, ele pensa em disponibilizar no youtube. Não se sabe.



O papo rendeu, o cantor mais que à vontade, em quase vinte minutos de conversa, contou uma história. Uma história que passa pela própria narrativa do rock nacional. Com o Rebucetê não foi diferente, um pouco de tempo a menos foi o suficiente para discorrer sobre a atual cena de Porto Alegre ou a inexistência de renovação em seu quadro musical, "A gente não fala mais de rock gaúcho já faz 10, 15 anos. Não existe rock gaúcho, em Porto Alegre não existe uma cena, não existe uma cena no estado, nem na cidade. Não existe um lugar onde as pessoas se encontram para falar sobre música. Até o Júpiter morreu, ele não é mais nada faz muito tempo, porque ele ficou muito bêbado e os shows ficaram muito ruins".

Sua visão sobre a cena independente me surpreendeu, não que fosse algo para o qual eu não tivesse me alertado antes, mas ouvir a história contada por alguém que participa efetivamente dela torna tudo mais interessante. Wander ainda cutucou São Paulo e fez aquela velha pergunta que todo mundo já se fez um dia: Quem é a cena de São Paulo? Os artistas que tocam na capital do Sudeste são em sua maioria pernambucanos, um pouco baianos e outros tanto do sul. "Cite três bandas influentes [ativas] no rock'n roll que são de São Paulo". Essa pergunta, meu amigo punk, não tem resposta.

Dessa maré de desgostos, ao que parece, o nordeste está a salvo. Depois de tecer elogios a Pernambuco, o cantor também citou Vitória da Conquista. E, para confirmar o que muita gente já suspeitava, para Wander o que acontece aqui nessa cidadezinha do interior da Bahia pode estar morrendo no resto do Brasil. Temos "um lugar, bandas e público", é, parece que vivemos aparentemente num lugar do caralho.

E esse lugar do caralho deu a Wander uma banda do caralho. A formação conquistense Fernando Bernadino na guitarra, Dieguinho no baixo e Goma na Bateria acompanhou o artista e contribuiu com uma boa dose para a agitação dos presentes. O setlist teve gosto de nostalgia, com tudo aquilo que outrora ele disse de hoje em diante não sabe mais fazer. Wander tocou guitarra, inundou os corações com seu punk apaixonado e relembrou grandes sucessos do passado. Uma noite inesquecível.

E ao final de tudo, ali, sentado no balcão ainda teve a sorte de ser agraciado com uma cerveja artesanal, dessas que só se sabe o quão são difíceis de se achar por aí. É, pode-se dizer que o show foi bom.

2 comentários:

  1. horrível o texto. Wander Wildner, caso tivesse alguma consciência do lixo que é, se matava. O pior é q tem gente que ainda acredita que ele faz algo bom e publica essas merdas. Sinceramente, gostei mais da primeira banda, mesmo ficando clara a falta de organização e contato com o público. Não vale a pena colocar em evidência coisas ruins e ja ultrapassadas como Wander Wildner. O publico escasso dizia muito sobre o quanto ele é importante...

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  2. neste dia, conquista pareceu muito mais um caralho de lugar do que um lugar do caralho. convenhamos, senhora crítica musica,você deve não enxergar muito bem.

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