Por Lucas Oliveira Dantas
Foto: Rafael Flores |
No primeiro semestre de
Comunicação Social – Jornalismo, na Uesb, todos os professores perguntam para a
turma a razão de cada um ter escolhido o curso. Em meio aos “compromissos com a
verdade” e “sou muito comunicativa”, eu sempre dava a mesma piadinha cretina: “porque
quero entrar de graça nas festas”.
Durante o festival Grito Rock,
promovido pelo Suíça Bahiana/Fora do Eixo, em Vitória da Conquista, não vou
mentir que minha intenção especial com a cobertura colaborativa era entrada free
onde pudesse encher a cara ouvindo música, no mínimo, interessante. O que não
significa que as funções delegadas a mim não houvessem sido cumpridas, basta
olhar meu Instragr.am.
Mas, um motivo implícito à minha
escolha pelo Jornalismo (principalmente o Cultural) era a oportunidade de
entrar em contato com artistas que admiro ou que, ao menos, estão fazendo
burburinho nos bastidores da cultura. E, para mim, as surpresas mais gostosas
foram a Banda Uó e Marina Gasolina.
Nunca fui fã da Banda Uó. Não sou
afeito ao tecnobrega, apesar de achá-lo um movimento cultural
interessantíssimo. Por isso, pensava que a banda era apenas um grupinho
oportunista pegando onda no hype do estilo, nos moldes em que o Bonde do Rolê
bombaram anos atrás.
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Assim sendo, quando
distribuímos as pautas do Grito Rock dentre os membros rebuceteiros, quis fazer
parte da entrevista com a banda por motivos venenosamente torpes. No auge da
minha soberba, a intenção era expor a suposta (por mim) mediocridade do
projeto. Nas peripécias da vida, fui incumbido de buscá-los no aeroporto com
Paulinha (responsável pela distribuição e assistente de produção do Suíça
Bahiana, e colega rebuceteira).
Já no aeroporto minha teoria fora
por água abaixo: Candymel, Davi Sabbag, Mateus Carrilho e Lucas Manga eram
adoráveis e acessíveis; Candymel e Mateus pegaram um táxi para o Viela Sebo
Café, enquanto Davi, Manga e a bagagem voltaram comigo e Paulinha no carro,
onde eu escutava T-Ara, um dos meus grupos de K-Pop mais amados. Daí, quando
Davi e Manga comentaram que gostavam de K-Pop e Bo Beep Bo Beep, meus planos de
jornalismo marrom escaparam pela descarga do carro.
Mas a virada da Banda Uó
aconteceu primeiro no show. As beeshas e saps*, que encheram o Viela para
vê-los, se aglomeraram na beira do palco e se deslocar entre eles era tarefa
árdua. E, enquanto plateias empolgadas me excitam, o trio de vocalistas, por sua vez, dominava todo mundo: simpáticos e
falantes, eles intimavam o povo a se jogar e dançar, com carisma e uma presença sem
vergonha. Tocaram todas as músicas lançadas por eles até então, numa gig de
pouco mais de 40 minutos que resultou na maior fila para fotos e autógrafos que
presenciei no Grito Rock VCA.
O segundo triunfo da Banda Uó
sobre meu ego maldoso foi a entrevista que eles concederam para O Rebucetê.
Nela, os membros destruíram minhas ideias e demonstraram que a ligação deles
com o tecnobrega não era superficial. Ademais, os quatro membros eram bons
conhecedores de música Pop e adoravam, em especial, a música brasileira
marginal, por exemplo, o Axé baiano.
Marina Gasolina e as bolinhas
Foto: Lucas Oliveira Dantas |
Na entrevista para O Rebucetê,
Marina Vello, a Marina Gasolina, declarou que ganhou esse apelido do produtor
Fredi Chernobyl enquanto compunham e gravavam músicas para o Bonde do Rolê. Na
época, ela estava tomando “umas bolinhas” (remédio para emagrecer) e ficava a
mil pelo estúdio fazendo letra, limpando o estúdio, andando para todos os
lados, fazendo letra, arrumando o estúdio, fazendo letra: Marina Gasolina,
Marina Anfetamina... bum tcha tcha, tcha tcha tchu cu tcha!
Eu, Paulinha e meu amigo Purki
pegamos a Marina no aeroporto de Vitória da Conquista e partimos para o hotel
onde ela se hospedaria para o check-in. No meu carro tocava MDNA, o novo álbum
de Madonna, e ela tratou logo de esculhambá-lo: “pô cara ela tá muito ‘chupinhona’
e ela é A MADONNA!”
Obviamente rimos com o termo
“chupinhona” e, mesmo que concordasse que nesse álbum ela continua sugando as
tendências existentes – ao invés de lançá-las –, eu e Purki tratamos de
convencê-la que o álbum estava longe de ser péssimo.
A Gasolina, de quem já gostava
devido ao Bonde do Rolê, então, me conquistou por sua eloquência e articulação
ao falar de música. No dia seguinte à sua discotecagem na festa de encerramento
do Grito Rock VCA, ela me falou, enquanto tomávamos café em seu hotel, que o
motivo principal de seu rompimento com o Bonde foi sua vontade e intenção de
fazer música seriamente.
Para ela, o Bonde era desde o
princípio algo efêmero e lhe causava angústia quando seus colegas de banda
mencionavam um segundo álbum, pois, ao contrário dela, ninguém parecia
comprometido em estudar e trabalhar para viver além do hype que o grupo
adquirira.
Parece soberba, mas é fato que o
Bonde não vingou. Já Marina está em produção do álbum de estreia do coletivo Madrid,
com o ex-cabeça do Cansei de Ser Sexy, Adriano Cintra (que também saiu abrupta
e amargamente da banda que o levara ao estrelato), previsto para maio deste
ano.
Enquanto esperávamos a chamada de
seu embarque para São Paulo, Marina dizia, entre tragadas de cigarro e goles de
café expresso, que era uma garota roots, gostava de mato e natureza e que
adoraria conhecer a Chapada Diamantina. Falei que amigos me contavam das
maravilhas do Vale do Capão e ela rapidamente me chamou para irmos lá quando
ela voltasse ao Brasil em maio. A esse ponto, eu – completamente apaixonado
pela doçura e simpatia dela – não podia dizer não.
E já está combinado: em maio
vamos conhecer a magia do Capão.
*Gays e lésbicas.
Arrasou na matéria amigo. Estou sem palavras. Parabéns.
ResponderExcluira Marina realmente é uma fofura d pessoa *-*
ResponderExcluirFico muito feliz quanto te vejo assim - inteiramente integrado na questão. Pois pra mim poderia ser assim: Porque escolhi jornalismo?
ResponderExcluirParabéns filhão!!!!!!!!