Ou “meu coração não se cansa de ter esperança de um dia ser tudo o que quer”.
Coletivo O Rebucetê
Diante das impunidades, das
opressões, dos contrastes que alimentam a sociedade brasileira, uma parte dessa
juventude vem para reivindicar, lutar pelas utopias, pelas crenças de um lugar
mais justo, agregando todo e qualquer tipo de pessoas. Esses são os famosos
militantes, que se aproximam dos movimentos sociais, das “pequenas grandes
causas” a fim de criar laços de luta e união. E como os resultados nunca são
imediatos, talvez sejam esses mesmos militantes que amanhã estarão em cargos
públicos, acreditando no país, tentando de alguma forma mudar os valores,
conceitos e padrões vigentes.
Também existem aqueles que se veem
como quem espera abarcar o mundo de uma só vez. A juventude dos que consomem
cultura e se utilizam dela para se expressar diante da sociedade. Comunicadores
em ideologia, influenciados pelos beatnicks, pela tropicália, pelo cinema novo
e marginal, influenciados pelo que vem de fora como a pop art e o som de
Madonna, mas também seguidores fieis do mangue beat e sensíveis aos escritos de
Guimarães Rosa e Jorge Amado. A juventude é também dos culturalistas que amanhã
podem estar à frente das redações de jornais, do cinema e das artes em geral,
mas que agora, comandam apenas as suas próprias cabeças, mobilizando,
aprendendo e principalmente vivendo, para, em breve, transformar tudo em poesia
concreta.
Apatia, alienação e desesperança
contrastando de forma brutal com posicionamentos críticos diante da sociedade e
forte frente cultural. Seria essa a juventude dos contrastes? A juventude do
caos? Será que aquela velha (e chata) história de que a época de quem veio
antes de nós era mais bacana, ou que as melhores épocas já passaram ainda
cola?
A juventude se caracteriza muito
mais por um estado de espírito do que pela faixa etária. Os jovens são aqueles
que sabem conectar o que há de novo com o que foi. Através do sorriso no rosto
e do desejo de mudança, é possível indicar que juventude é essa. Ou não. Se
Caetano Veloso, em 1969, ao cantar É Proibido Proibir, no Festival da Canção,
indagou quem eramos nós e o que queríamos, esse discurso ainda se faz
atual. O que será que será essa nossa juventude Pós-Tudo?
Indagações a parte, O Rebucetê
acredita que o melhor momento para se viver é agora. Acreditando e tornando
algumas mudanças possiveis, o meio onde estamos inseridos nos dá possibilidades
e forças para seguirmos em frente. Das ferramentas que dispomos, é possivel
viajar pela história da humanidade, analisando, apreciando e tomando como
exemplo para construirmos a nossa. Para as juventudes engendradas em tantas
outras juventudes e que se fazem presentes ocupando os quatro cantos do mundo,
fica o convite para o diálogo e a união, não esquecendo Geraldo Vandré com
“caminhando e cantando e seguindo a canção”, mas usando como lema algo mais
atual e que talvez nos caracterize melhor: “na outra encarnação eu fui
derbiche, nessa encarnação puro deboche” do Zeca Baleiro.
As ruas do centro de Vitória da
Conquista, serão ocupadas por essas juventudes no primeiro fim de semana de
maio. Grandes nomes, como o tropicalista Tom Zé e o o fora do eixo Pablo Capilé, pensarão e discutirão na
cidade, as mais variadas instâncias de expressão e atuação da juventude - suas
belezas, limitações, realidades, (pre)ocupações. Se a juventude para alguns é
sinônimo único de confusão e instabilidade, nós rebuceteiros acreditamos no
caos como princípio. Chegue maio!
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