quinta-feira, 19 de abril de 2012

A juventude do querer


Ou “meu coração não se cansa de ter esperança de um dia ser tudo o que quer”.

Coletivo O Rebucetê


Se Luiz Melodia imortalizou a juventude de sua época denominando-a transviada, atualmente a nossa possui uma identidade muito mais plural, abarcando uma infinidade de estilos, gostos e lemas, bradado aos quatro cantos, querendo ser ouvidos.

Diante das impunidades, das opressões, dos contrastes que alimentam a sociedade brasileira, uma parte dessa juventude vem para reivindicar, lutar pelas utopias, pelas crenças de um lugar mais justo, agregando todo e qualquer tipo de pessoas. Esses são os famosos militantes, que se aproximam dos movimentos sociais, das “pequenas grandes causas” a fim de criar laços de luta e união. E como os resultados nunca são imediatos, talvez sejam esses mesmos militantes que amanhã estarão em cargos públicos, acreditando no país, tentando de alguma forma mudar os valores, conceitos e padrões vigentes.

Também existem aqueles que se veem como quem espera abarcar o mundo de uma só vez. A juventude dos que consomem cultura e se utilizam dela para se expressar diante da sociedade. Comunicadores em ideologia, influenciados pelos beatnicks, pela tropicália, pelo cinema novo e marginal, influenciados pelo que vem de fora como a pop art e o som de Madonna, mas também seguidores fieis do mangue beat e sensíveis aos escritos de Guimarães Rosa e Jorge Amado. A juventude é também dos culturalistas que amanhã podem estar à frente das redações de jornais, do cinema e das artes em geral, mas que agora, comandam apenas as suas próprias cabeças, mobilizando, aprendendo e principalmente vivendo, para, em breve, transformar tudo em poesia concreta.

Apatia, alienação e desesperança contrastando de forma brutal com posicionamentos críticos diante da sociedade e forte frente cultural. Seria essa a juventude dos contrastes? A juventude do caos? Será que aquela velha (e chata) história de que a época de quem veio antes de nós era mais bacana,  ou que as melhores épocas já passaram ainda cola?

A juventude se caracteriza muito mais por um estado de espírito do que pela faixa etária. Os jovens são aqueles que sabem conectar o que há de novo com o que foi. Através do sorriso no rosto e do desejo de mudança, é possível indicar que juventude é essa. Ou não. Se Caetano Veloso, em 1969, ao cantar É Proibido Proibir, no Festival da Canção, indagou quem eramos nós e o que queríamos, esse discurso ainda  se faz atual. O que será que será essa nossa juventude Pós-Tudo?

Indagações a parte, O Rebucetê acredita que o melhor momento para se viver é agora. Acreditando e tornando algumas mudanças possiveis, o meio onde estamos inseridos nos dá possibilidades e forças para seguirmos em frente. Das ferramentas que dispomos, é possivel viajar pela história da humanidade, analisando, apreciando e tomando como exemplo para construirmos a nossa. Para as juventudes engendradas em tantas outras juventudes e que se fazem presentes ocupando os quatro cantos do mundo, fica o convite para o diálogo e a união, não esquecendo Geraldo Vandré com “caminhando e cantando e seguindo a canção”, mas usando como lema algo mais atual e que talvez nos caracterize melhor: “na outra encarnação eu fui derbiche, nessa encarnação puro deboche” do Zeca Baleiro.

As ruas do centro de Vitória da Conquista, serão ocupadas por essas juventudes no primeiro fim de semana de maio. Grandes nomes, como o tropicalista Tom Zé e o o fora do eixo Pablo Capilé, pensarão e discutirão na cidade, as mais variadas instâncias de expressão e atuação da juventude - suas belezas, limitações, realidades, (pre)ocupações. Se a juventude para alguns é sinônimo único de confusão e instabilidade, nós rebuceteiros acreditamos no caos como princípio. Chegue maio!

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