terça-feira, 23 de agosto de 2011

Acessibilidade na Comunicação - O que eu tenho a ver com isso?

É comum que ao nos depararmos com a palavra Acessibilidade, pensemos que ela se refere apenas à estrutura física dos espaços. No entanto o conceito se estende a necessidade que todos possuem de acesso aos diferentes meios, sejam estes de locomoção ou de comunicação. A legislação brasileira referente às pessoas com deficiência é considerada uma das mais avançadas da América Latina, porém o poder
público, as empresas e a sociedade civil deixam sempre em segundo plano a inclusão dos cidadãos através de seu direito de se comunicar.
Pessoas com deficiências possuem maior necessidade de contato com políticas que a incluam no dinamismo da sociedade.

Nesse contexto, a comunicação exerce um papel importantíssimo. A mídia funciona como o palco das relações contemporâneas. Porque excluir alguém de toda a informação que circula dentre os meios de comunicação, sejam eles de massa ou não?

Este ano empresas de radiodifusão anunciaram o serviço de áudio descrição, o qual adapta o conteúdo de certa programação para o fácil entendimento do público com alguma deficiência visual. Este serviço deveria ser fornecido desde 2001, como previsto no artigo 19 da lei nº 10.098/00. No entanto, só está disponível em sinal digital, o qual ainda é restrito aos grandes centros. A Rede Globo passou a exibir filmes com áudio descrição na Tela Quente, às segundas-feiras, e na Temperatura Máxima, aos domingos. O SBT adaptou o seriado Chaves, e a edição de sábado do Jornal SBT Manhã. Já a MTV elegeu o programa Comédia MTV. Por enquanto as emissoras exibem apenas duas horas semanais de sua programação com o serviço, a meta de aumento dessa produção é de 20 horas para 2021.

Entretanto o que temos de acessível às pessoas com deficiência na programação da tevê aberta? Linguagem de libras (comunicação para surdos através de gestos), por exemplo, só se vê no horário político e quando as emissoras vão anunciar a classificação indicativa da programação. Na UESB temos uma rádio e uma tevê universitárias. Qual a preocupação destes meios com a acessibilidade? Será que eles se preocupam com isso? Disponibilizam as pautas mais importantes em uma linguagem que aproxime as pessoas com deficiência?

A Comunicação precisa ser tratada como prioritária dentre os instrumentos de inclusão, pois se comunicar é uma necessidade humana. A acessibilidade na comunicação deve significar que os meios sejam capazes de chegar a todos, inclusive a pessoas com deficiência. Nesse sentido não se trata apenas de permitir a elas o acesso ao conteúdo que é veiculado na mídia, e sim também aproximá-las dos processos de produção deste conteúdo. Importante pensar também que qualquer espaço público e coletivo tem que ser garantido para que esse grupo de pessoas possa ter acesso à informação.

Apesar do formato dos meios tradicionais parecer tão “imexível”, é possível pensar formas diferenciadas de compartilhamento das informações. Aí entra o importante papel do estudante de comunicação, o qual tem maior possibilidade de experimentar e construir materiais alternativos aos que encontramos na mídia tradicional e até mesmo em nossas instituições de ensino. Dessa forma é possível aproximar a comunicação de toda a sociedade, sabendo respeitar as limitações de cada grupo.

O que você anda dizendo? (texto tirado da cartilha de Combate às opressões da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação)

Qualquer tipo de linguagem vem acompanhado de idéias pré-estabelecidas sobre determinado tema. E ser cuidadoso quanto à linguagem e discurso é um dos princípios básicos no combate às opressões. As expressões que se referem às pessoas com deficiência propagam, voluntária ou involuntariamente, o respeito ou a discriminação. “Deficientes", “pessoas deficientes", "portadoras de deficiência" ou "portadoras de necessidades especiais" são algumas das terminologias as quais carregam consigo uma série de significados que reforçam os preconceitos e a exclusão. “Pessoas com deficiência’ é, atualmente, a expressão mais adequada e mais utilizada pelas entidades que lidam com tal assunto.

Rebucetando:

Um das preocupações desse jornal é sempre tentar sair do lero-lero e pensar em uma comunicação que inclua. O rebucetê é feito para/pelos estudantes de Comunicação Social e aqui mesmo, dentro do nosso curso, temos um colega cadeirante e com baixa visão. O pensado para atingi-lo seria repassar todos os nossos textos para o Núcleo de Acessibilidade da UESB. Ainda não é o ideal, mas é o começo.

Por Rafael Flores. 





Este texto foi postada originalmente para a 1ª edição d' O rebucetê

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