terça-feira, 23 de agosto de 2011

Para sempre underground?

        Quando vimos a grade de programação da tenda alternativa do Festival de Inverno Bahia desse ano, tomamos um susto. Só tinha DJ! Ou seja, o espaço que antes acolhia a música alternativa e a música eletrônica foi homogeneizado. O palco alternativo não existe mais. Para entender o porquê e no que implica isso, O Rebucetê procurou a produção do evento e alguns músicos da cena alternativa local.
         Segundo Luciana Sobreira, diretora artística do evento, o palco principal exigiu um maior investimento da organização este ano, surgindo assim a necessidade de se fazer algumas mudanças. A cena pop/rock conquistense foi a escolhida para ficar de fora da edição 2011 do evento. A diretora artística argumenta ainda que a música eletrônica continua sendo explorada pelo FIB por ser um segmento que está em ascensão nacional e internacional e que essa está sendo uma fase de experimentação do palco alternativo, podendo então voltar a ceder espaço para bandas de Vitória da Conquista e região no ano que vem, já que “o Festival procura valorizar a cultura local”.
          Por outro lado tem uma galera que não concorda com o que foi argumentado pela diretora artística do Festival. “Na verdade, o Festival está mostrando cada vez, cada ano mais, o seu caráter de evento "Gringo". Ou seja, excluindo a cultura local do seu espaço. Usa o nome da Cidade, o clima (frio), a economia, a beleza do povo, mas ignora a sua cultura”, questiona Marx Eduardo, vocalista da banda Os Barcos. O músico comenta ainda que o falecido palco alternativo do Festival foi um dos responsáveis pela divulgação de sua banda, pois naquele espaço era possível entrar em contato com um público que não está necessariamente em contato direto com a cena alternativa local.
      Loro, vocalista da já veterana e agitada Ladrões de Vinil, comenta que a cena independente de Conquista perdeu espaço porque a produção do evento não está interessada em fazer “assistencialismo” para as bandas. “Eles não encaram as bandas como atração, dando atenção apenas para o lucro que vão obter com as atrações que já estão na mídia”, completa o roqueiro.
        A alta quantidade e qualidade das bandas autorais independentes na cidade é um fato comentado aos quatro ventos. No entanto o Festival de Inverno Bahia, e todo o grande empresariado que está por trás dele, parece não conhecer nem se interessar pela autêntica cultural local nem regional, mesmo tendo apoio da BahiaTursa, órgão do governo do estado.
         Assim as propostas alternativas tendem sempre a permanecer nos pequenos bares e becos da cidade... 

Por Ana Paula Marques e Rafael Flores

1 comentários:

  1. eu particularmente não gosto do festival de inverno, é um festival sem conceito algum. é apenas um investimento feito por grandes empresários da cidade. Não esqueço do papelão que fizeram, quanto tentaram fazer uma "maquiagem verde" anos atrás, plantando árvores em praças da cidade com cobertura da tv. Arvores essas que em algumas localidades foram abandonadas gerando constrangimentos. Eles não perceberam que árvores não são folhetos, que necessitam de cuidado.Não preciso deste festival pra me divertir. minha opinião.

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