sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Música: a importância de pensar fora da caixa

Por Lucas Maciel


O mundo da música está abarrotado de tribos. São inúmeros roqueiros, sambistas, emos, pagodeiros, etc. convivendo intensa e - na maioria das vezes - pacificamente. Mas até que ponto é interessante se limitar a um único gênero musical? O que podemos aprender ouvindo o que não nos é familiar?

A quantidade e a diversidade da música produzida hoje no mundo é enorme, e ter acesso a tanta coisa nunca foi tão fácil. É possível, graças principalmente à Internet, conhecer a fundo a cena musical de praticamente qualquer lugar do planeta. Será possível absorver tanta informação de forma proveitosa? Mais: será que vale mesmo a pena conhecer outras práticas musicais?

        
Em texto publicado no site da Guitar World, revista especializada em guitarra, o multi-instrumentista e professor de música norte-americano David Scott Rockower conta como aprendeu que "os vários gêneros musicais são diferentes lados de um mesmo objeto". 

Em meados da década de 90, conta Rockower, sua irmã comprou o álbum “Pornograffitti”, da banda Extreme, por causa do hit pop/emo/boy band “More Than Words”, ignorando as outras faixas do CD. Para David, no entanto, 10 daquelas músicas representaram um momento crucial da sua história com música. Repleto de guitarras distorcidas e solos velocíssimos, “Pornograffitti” foi uma das razões pelas quais ele começou a tocar guitarra. (Para os gamers de plantão, Extreme é a banda que toca “Play With Me”, a música do jogo Guitar Hero Encore: Rocks The 80's - e uma das mais difíceis de toda a série.)
        
A partir de seu relato, Rockower assinala a importância do "pensar fora da caixa" quando se trata de música. Um roqueiro que conhece música clássica, ouve muita bossa nova e se interessa por trilhas sonoras de filmes, tem uma percepção muito mais avançada que a de outro fechado em seu "hábitat musical" – preso em sua "caixa". Aliás, é daí que surge a inovação, a partir da união de diferentes práticas musicais para criar um novo híbrido. O rock, com sua origem enraizada no rhythm'n'blues e no country, é exemplo disso. E ao olhar para o nome de alguns gêneros, nota-se mais uma vez a fusão como elemento gerador de novos estilos: rhythm AND blues, rock AND roll, drum AND bass, etc.
         
O próprio rock é um ótimo campo para perceber que a música pode ser, ao mesmo tempo, singular e plural. Ele deve ser o mais mutante dos gêneros, acolhendo tradições das mais variadas - do country ao eletrônico, da psicodelia ao trovadorismo, o rock tem espaço pra quase tudo. Assim, é normal que bandas tão diferentes como The Strokes, Slayer, The Doors e Pink Floyd sejam rotuladas como bandas de rock.
         
O Brasil, com suas numerosas formas de tocar, ouvir e de se pensar música é terreno extremamente propício para a inovação a partir da união de diferentes práticas musicais. O Sepultura, por exemplo, trouxe elementos tribais para um contexto metal no álbum “Chaos A.D.” e agregou a percussão de Carlinhos Brown, berimbaus e participação de índios xavantes no disco “Roots”. Marcelo D2, com sua mistura de hip hop e samba, é mais um a ilustrar essa realidade. Também vale citar a banda local Los Froxos, que toca um "rock-brega" com influências de indie-rock, pagode e calypso. 
        
Nunca é tarde demais para expandir seu universo musical. Quanto mais referências se tem, maiores as possibilidades de estabelecer conexões entre diferentes gêneros - e mais fácil fica entender a música como uma coisa só, um "objeto de vários lados". Dá pra começar agora mesmo, dando uma checada no “O Rebucetê - Greatest Hits” ali no canto direito da página. Quem sabe a sua melhor banda dos últimos tempos desta semana não está na playlist? 

2 comentários:

  1. comentário nada a ver com a postagem: AMO ESSA PLAYLIST!!! HAHA

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  2. Comentário a ver com a postagem: Adorei. Parabéns ao Maciel! Viva la música, e os benefícios que provém dela !

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