segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A incrível história de Gennésius e suas estripulias sob os sonhos do sertão

Fechando a noite deste domingo (25), o conquistense Roberto de Abreu lançou seu livro "Gennesius – Histriônica Epopéia de um Martírio em Flor". A obra, conta a biografia fabular e ficcional de Genésio, composta a partir de uma emocional colcha de retalhos, de memórias de inúmeros artistas cênicos baianos

Por Mariana Kaoos
Roberto de Abreu. Foto: Luiza Audaz.
CENA 1: Fim de tarde. Praça principal de uma cidade do interior. As cores do céu aos poucos se esvaem, dando lugar à escuridão. Pipoqueiros, crianças e jovens circulando pela praça. Igreja aberta, luzes acesas e do alto falante, que fica no ponto máximo da sua torre, ecoam músicas cristãs. Ao lado da igreja, numa casa rosa, florida, pessoas chegam para um evento cultural prestes a acontecer.


PERSONAGEM 1- A JORNALISTA: Músicas assim lembram a minha infância e meu período de catequese. Podia terminar de fumar e entrar para a missa. Eu sempre ia à missa, só para comer a hóstia e gruda-la no céu da boca.

CENA 2: Os sinos da igreja tocam em sinal do início da celebração dominical. Ao mesmo tempo o evento na casa rosa, que chamam de Memorial Régis Pacheco, parece começar. Artistas da antiga cena teatral estão presentes, misturando-se com os novos. Cineastas, atrizes, fotógrafos, admiradores da arte em geral, estão juntos, em pé, ouvindo Roberto de Abreu, autor do livro lançado naquele momento, Gennésius- Histrônica Epopéia de um Martírio em Flor. A decoração do ambiente, intimista, dá um ar de aconchego aos presentes. Guarda chuvas coloridos, bancos de madeira, biscoitinhos de goma.


PERSONAGEM 2- O DIRETOR DE ARTE TADEU CAJADO: Gennésius é um livro que fala dessa gente sertaneja, simples, humilde, cheia de sonhos. Eu tentei representar isso através, por exemplo, de flores especificas daqui, as chamadas “rainhas” e com outras coisas que nos remete a esse universo primoroso, delicado e simples. Esse sertão falado em Genésius é um sertão real, onírico, mítico, profundo, que reflete tambem o sertão que Elomar canta. Ele  permanece vivo não só no espaço geográfico, mas no coração de quem se inspira nele.


CENA 3: Leitura de um trecho do 4º capítulo de Gennesius. Ao interpretar a cena, começa a chover no ambiente. Dizem que chuva em início e fim de eventos artísticos trazem boas safras, boa sorte. Os atores sorriem com o presente dos céus. A leitura se inicia com um diálogo do menino Gennésius com dois amigos, onde ele diz que quando crescer não que ser nada, seu desejo é apenas ser. O platéia está vidrada. Se emocionam. A leitura termina, ouvem-se palmas calorosas. Roberto agradece. Ao fim do seu agradecimento, há uma intervenção.


Foto: Luiza Audaz
PERSONAGEM 3 - O PSICOLOGO E DIRETOR TEATRAL CÁSSIO MONTALVÃO: Isso já faz algum tempo, mas eu me recordo quando Robertinho me disse que queria fazer artes cênicas. Hoje, com muito orgulho eu vejo não mais o menino, mas o homem, que é luz, sabedoria e inspiração. Nesse universo tão marginal que o teatro se insere, não por sê-lo de origem, mas porque os outros assim pensam e rotulam, é como muito prazer que existem destaques e que temos pessoas como o respeitabilíssimo acadêmico Roberto de Abreu.


CENA 4: Os olhos do público brilham. Nesse instante, com a pausa da leitura, o teatro parece mais vivo do que nunca. Pessoas dispersas sem reúnem em grupos, todos extasiados com o ardor do momento. Citam Wally Salomão e seu “teatro é ato”, porém, preocupados, também discutem sobre a subsistência e incentivos que são necessários para o teatro na cidade do interior.


PERSONAGEM 4: A ATRIZ DANIELA LISBOA: É complicado fazer teatro no interior, e acredito que em qualquer lugar, por uma questão de recursos. Agora, com essa nova onda do edital as coisas se tornaram mais fluidas, mas ainda não é suficiente. Até mesmo porque editais exigem muita burocracia e o dinheiro sempre demora de sair. O teatro é difícil  por uma questão de expressão mesmo. Ele é presencial. Quem assiste teatro não é platéia, são testemunhas. Então o empresariado que não frequenta o teatro acaba não investindo, por não saber de fato o que é o teatro.


CENA 5: Roberto recebe o público para autografar os livros. Garçons servem chocolate quente e guaraná. Na mesinha de biscoitinhos de goma, há também biscoitos avoador e três pastas, atum, mostarda e presunto, para o público degustar. O espírito de produção artística pulsa em todos os presentes. O PERSONAGEM 1- A JORNALISTA, se retira do ambiente sorrindo. Gennésius agora é história dita na imaginação de Roberto, bem como nas suas palavras oferecidas ao público. Para a jornalista, aquele momento finda-se ali, mas não o “show”. O “show” de agora em diante e mais do que nunca deve sempre continuar. EVOÉ.

1 comentários:

  1. Caros 'rebucetados' jornalistas e amantes da arte, diversos e plurais...
    Em tempo parabenizo pelo veículo, igualmente pela sútil performance textual da Mariana Kaoos, retratando a tarde deliciosa deste 25 de novembro que se fez história e chocalhou a morna cena teatro-cultural-cidadina, contudo vale aqui uma resalva, nunca fui dramaturgo na vida, posto que não tenho competência para tanto, ao passo que sim, sempre militei no universo das artes cênicas, especialmente na condição de Diretor e Produtor Teatral, fica o registro, no afã de que a 'truncagem', possa redimida estar...
    Toute la bonne merde!
    Evoé!

    Cássio Montalvão
    Psicólogo/Psicanalista - CRP 03/2270
    Ator, Diretor e Produtor Teatral - DRT-BA 2450

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